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Art. 4 ─ Se os sufrágios feitos pelos vivos aos mortos aproveitam a quem os faz.

O quarto discute-se assim. ─ Parece que os sufrágios feitos pelos vivos aos mortos não aproveitam a quem os faz.

1. ─ Pois, quem pagasse a dívida de outrem não ficaria liberado, segundo a justiça humana, da sua dívida própria. Portanto, o fato de alguém, fazendo sufrágios, satisfazer pelo débito alheio, não o libera do seu débito próprio.

2. Demais. ─ Todos devemos fazer os nossos atos de melhor modo possível. Ora, é melhor socorrer a dois que a um só. Se, portanto, quem sufraga os mortos fica liberado do seu débito próprio, pelos livrar dos deles, parece que nunca deveríamos satisfazer por nós, mas sempre por outrem.

3. Demais. ─ Se uma satisfação aproveitasse igualmente por outrem, por quem é dada, e ao próprio autor dela, por igual razão valeria também para um terceiro por quem também fosse feita; e igualmente a um quarto e assim por diante. Logo, por uma só satisfação poderia um satisfazer por todos. O que é absurdo.

Mas, em contrário, a Escritura: A minha oração dava voltas no meu seio. Logo e pela mesma razão, os sufrágios feitos por outrem aproveitam-lhe.

2. Demais. ─ Damasceno diz: Como quem quer ungir um enfermo, com um unguento ou um óleo santo, primeiro participa ele próprio da unção para depois ungir o doente, assim também quem ora pela salvação do próximo é útil primeiro a si mesmo e depois ao próximo. E assim fica provado o que afirmamos.

SOLUÇÃO. ─ Os sufrágios feitos por outrem podem ser considerados a dupla luz. ─ Primeiro, como expiatívos da pena a modo de recompensa implicada na satisfação. E então os sufrágios, considerados como de quem os faz, absolve do débito da pena aquele por quem foram feitos, sem absolverem ela pena própria o autor deles. Porque nessa compensação leva-se em conta a igualdade da justiça. Ora, uma obra justa satisfatória pode adequar-se a um reato, sem se adequar a outro. Mas, os reatos de dois pecados exigem maior satisfação que o reato de um só. ─ A outra luz, podem os sufrágios ser considerados enquanto meritórios para a vida eterna, e isso eles o são enquanto radicados na caridade. E então aproveitam não só aquele por quem são feitos, mas sobretudo a quem os fez.

DONDE A RESPOSTA ÀS OBJEÇÕES ─ Pois, as primeiras se fundam na obra dos sufrágios enquanto satisfatória; e as outras enquanto obra meritória.

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