O quarto discute-se assim. ─ Parece que a forma deste sacramento esta mal expressa pelo Mestre.
1. ─ Pois, os sacramentos são eficazes em virtude da sua forma. Ora, a eficácia dos sacramentos resulta do poder divino, que obra neles mais secretamente a salvação. Logo, na forma deste sacramento deve-se fazer menção do poder divino, pela invocação da Trindade, como nos outros sacramentos.
2. Demais. ─ Mandar é próprio de quem tem autoridade. Ora, a autoridade não reside em quem dispensa os sacramentos, que só tem o ministro. Logo, não se devia usar na forma o verbo no modo imperativo, dizendo: Fazei ou recebei isto ou aquilo, ou formas semelhantes.
3. Demais. ─ Na forma sacramental não se deve fazer menção senão do que é essencial ao sacramento. Ora, o uso do poder recebido não é da essência deste sacramento, mas resulta dele. Logo, não se deve fazer menção dele na forma sacramental.
4. Demais. ─ Todos os sacramentos tem por alvo a remuneração eterna. Ora, nas formas dos outros sacramentos não se faz menção da remuneração. Logo, nem na forma deste deveria ela ser mencionada, como se faz quando se diz: Terá parte, se fielmente etc.
SOLUÇÃO. ─ Este sacramento consiste principalmente no poder conferido. Ora, um poder é conferido por outro, como o semelhante pelo semelhante. Além disso, um poder se revela pelo uso dele feito, porque as potências se notificam pelos seus atos. Por isso, a forma da ordem exprime-lhe o uso, por um ato imperado; e exprime a transmissão do poder, no modo imperativo.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ Os outros sacramentos não se ordenam principalmente, como este sacramento, a efeito, semelhantes ao poder pelo qual são dispensados. Por isso, há neles uma comunicação por assim dizer unívoca. Por onde, nos outros sacramentos, mas não neste, se exprime em parte o poder divino.
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Embora o bispo, que é o ministro deste sacramento, não tenha autoridade quanto à colação dele, contudo a tem quanto ao poder da ordem, que confere, pois esse poder deriva do seu.
RESPOSTA À TERCEIRA. ─ O uso do poder é o efeito deste no gênero da causa eficiente; e por isso não há razão para ser incluído na definição da ordem. Mas é de certo modo causa, no gênero da causa final. Por isso, a esta luz, pode ser incluído na definição da ordem.
RESPOSTA À QUARTA. ─ Os outros sacramentos não ordenam à remuneração eterna, mediante o exercício de uma função, como se dá com a ordem. Logo, o símile não colhe.