O terceiro discute-se assim. ─ Parece que a ordem não é sacramento.
1. ─ Pois, o sacramento, no dizer de Hugo Vitorino, é um elemento material. Ora, a ordem não designa nada de tal, mas antes, uma relação ou um poder; porque ela supõe um poder, segundo Isidoro. Logo, não é sacramento.
2. Demais. ─ Os sacramentos não existem na Igreja triunfante. Ora, nela há ordem, como o demonstram os anjos. Logo, a ordem não é sacramento.
3. Demais. ─ Assim como a prelatura especial da ordem é conferida junto com uma certa consagração, assim também a prelatura secular; pois, os reis também são ungidos, como se disse. Ora, o poder real não é um sacramento. Logo, nem a ordem, da qual se trata.
Mas, em contrário, todos a enumeram entre os sete sacramentos da Igreja.
2. Demais. - Toda causa contém em grau eminente o seu efeito. Ora, a ordem é a que dá a faculdade de dispensar os outros sacramentos. Logo, mais que os outros, é o sacramento por excelência.
SOLUÇÃO. ─ O sacramento, como do sobredito se colhe, não é senão uma santificação, que nos é conferida, sob um sinal visível. Por onde, como quando alguém recebe a ordem recebe também uma consagração por meio de sinais visíveis, resulta ser ela um sacramento.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ Embora a ordem, pela sua denominação mesma, não exprima nenhum elemento material, contudo não pode ser conferida sem um elemento dessa natureza.
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Um poder deve ser proporcionado ao seu sujeito. Ora, a comunicação dos dons divinos, em vista da qual é conferido o poder espiritual, não se opera nos anjos mediante nenhuns sinais sensíveis, como o é aos homens. Por onde, a ordem é um sacramento para nós, mas não para o anjo.
RESPOSTA À TERCEIRA. ─ Nem toda bênção dada aos homens ou consagração é um sacramento. Assim, os monges e os abades recebem bênçãos e contudo sacramentos não são elas. O mesmo se dá com a unção real. Porque tais bênçãos não tornam ninguém apto a dispensar os divinos sacramentos, como pela bênção da ordem.