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Art. 1 ─ Se a confissão pode ser informe.

O primeiro discute-se assim. Parece que a confissão não pode ser informe.
 
1. Pois, diz a Escritura: A confissão, depois de o homem estar morto, fenece, tornando-se como num puro nada. Ora, quem não tem caridade está morto, porque ela é a alma da vida. Logo, sem caridade não pode haver confissão.
 
2. Demais. A confissão divide-se, por contrariedade, da contrição e da satisfação. Ora, a contrição e a satisfação nunca podem existir sem a caridade. Logo, nem a confissão.
 
3. Demais. Na confissão há de a boca concordar com o coração, pois, o próprio nome de confissão assim o exige. Ora, quem ainda tem afeto ao pecado, que confessa, não tem o coração de acordo com a boca, pois, tem o coração preso ao pecado, que de boca condena.
 
Mas, em contrário. Todos estão obrigados a confessar os pecados mortais. Ora, quem confessou, estando ainda em estado de pecado mortal, não está mais obrigado a confessar os mesmos pecados; pois, como ninguém sabe se tem caridade, ninguém poderá saber que se confessou. Logo, não é necessário ser a confissão informada pela caridade.
 
SOLUÇÃO. A confissão é um ato de virtude e parte do sacramento. Ora, enquanto ato de virtude é um ato propriamente meritório. E então a confissão não vale sem a caridade, princípio do mérito. Mas enquanto parte do sacramento, torna o confitente dependente do sacerdote, que tem o poder das chaves da Igreja, e pela confissão conhece a consciência do confitente. E assim, pode confessar mesmo quem não tem contrição, pois, pode expor ao sacerdote os seus pecados e sujeitar-se ao poder das chaves da Igreja. E embora não receba então o fruto da absolvição, contudo poderá colhê-lo desde que desapareça a sua dissimulação. O mesmo se dá também com os outros sacramentos. Por isso não está obrigado a renovar a confissão quem se a ela achega dissimuladamente; mas está obrigado a confessar depois a sua dissimulação.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. Essa autoridade deve entender-se quanto à percepção do fruto da confissão, que não recebe ninguém sem ter a caridade.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. A contrição e a satisfação se fazem a Deus; mas a confissão, ao homem. Por isso é da natureza da contrição e da satisfação que o homem esteja unido a Deus pela caridade; mas não, da natureza da confissão.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. Quem conta os pecados que tem fala verdade. E assim o coração concorda com a palavra ou com as palavras quanto à substância da confissão, embora discorde do fim da confissão.

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