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Art. 3 — Se guardar os homens pertence só à ínfima ordem dos anjos.

(II Sent., dist. XI, part. I, a. 2; III Cont. Gent., cap. LXXX).
 
O terceiro discute-se assim. — Parece que guardar os homens não pertence só à ínfima ordem dos anjos.
 
1. — Pois, como diz Crisóstomo, o passo de Mateus — os seus anjos nos céus — entende-se, não de quaisquer anjos, mas dos supremos. Logo, estes guardam os homens.
 
2. Demais. — O Apóstolo diz, que os anjos são enviados para exercer o seu ministério a favor daqueles que hão de receber a herança da salvação; donde resulta, que a missão dos anjos se ordena à guarda dos homens. Ora, cinco ordens são enviadas para ministério externo, como já se disse. Logo, todos os anjos das cinco ordens são delegados à guarda dos homens.
 
3. Demais. — Para a guarda dos homens é preciso sobretudo afastar os demônios, o que pertence às Potestades, segundo Gregório; e fazer milagres, o que pertence às Virtudes. Logo, também estas ordens, e não só as ínfimas, são delegadas para a guarda.
 
Mas, em contrário, a guarda dos homens é atribuída aos Anjos da ordem ínfima, segundo Dionísio.
 
Solução. — Como já se disse, de dois modos se exerce a guarda, em relação ao homem. — Uma é a guarda, pela qual a cada homem é delegado um anjo da guarda. E esta guarda pertence à ordem ínfima dos anjos, que devem, segundo Gregório, anunciar as coisas mínimas; ora, o que é mínimo, nas funções dos anjos, é buscar o que leva cada homem à salvação. — Outra porém é a guarda universal; e esta se multiplica pelas diversas ordens; pois quanto mais universal for o agente tanto mais superior será. Assim, a guarda da multidão humana pertence à ordem dos Principados; ou talvez à dos Arcanjos, chamados príncipes dos anjos, sendo por isso Miguel, a que chamamos Arcanjo, considerado um dos primeiros príncipes. Depois sobre todas as naturezas corpóreas exercem guarda as Virtudes. Em seguida, também sobre os demônios exercem guarda as Potestades. E por fim, ulteriormente, sobre os bons espíritos, as Dominações, ou Principados, segundo Gregório.
 
Donde a resposta à primeira objeção. — As palavras de Crisóstomo podem ser entendidas como referentes aos mais elevados, na ordem ínfima dos anjos; porque, como Dionísio diz, em qualquer ordem há primeiros, médios e últimos. Ora, é provável que os anjos maiores são delegados para a guarda dos que foram escolhidos por Deus para maior grau de glória.
 
Resposta à segunda. — Nem todos os anjos enviados exercem guarda especial sobre cada homem; mas, certas ordens têm guarda mais universal, maior ou menor, como se disse.
 
Resposta à terceira. — Mesmo os anjos inferiores exercem os ofícios dos superiores, enquanto em algo lhes participam dos dons deles, e estão para estes como executores da sua virtude. E deste modo, também todos os anjos da ínfima ordem podem, tanto afastar os demônios como fazer milagres.

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