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Art. 5 — Se todos os anjos conhecem a linguagem de um anjo com outro.

(De Verit., q. 9, a. 7).
 
O quinto discute-se assim. — Parece que todos os anjos conhecem a locução de um anjo com o outro.
 
1. — Pois, a desigualdade da distância lo­cal faz com que nem todos ouçam a fala de um homem. Ora, na linguagem angélica, nenhuma influência tem a distância local, como já foi dito (a. 4). Logo, todos percebem quando um anjo fala com outro.
 
2. Demais. — Todos os anjos têm a mesma virtude de inteligir. Se, pois, o conceito da men­te de um, ordenado para outro, é conhecido por um, sê-lo-á também pelos outros.
 
3. Demais. — A iluminação é uma espécie de locução. Ora a todos os anjos chega a ilu­minação que vai de um para outro; porque, co­mo diz Dionísio, cada essência celeste comunica às outras a inteligência que lhe foi dada. Logo, também a locução de um anjo com outro chega a todos.
 
Mas, em contrário, um homem pode falar só a um outro. Logo, com maior razão, o mes­mo também pode o anjo.
 
Solução. — Como já se disse (a. 1, 2), o conceito da mente de um anjo pode ser percebido por outro, quando aquele, por sua vontade, ordena o seu conceito para este. Ora, por alguma causa, uma coisa pode ser ordenada para um fim e não, para outro. Por onde, o conceito de um anjo pode ser conhecido só por outro e não por todos. De modo que um anjo pode perceber a locução de outro, sem que os demais a percebam; não que o impeça a distância local, mas tal se dando pela ordenação voluntária, como já se disse.
 
Donde se deduzem as respostas à primeira e à segunda objeção.
 
Resposta à terceira. — A iluminação se refere ao que emana da regra primeira da verdade, princípio comum a todos os anjos; e, por isso, as iluminações são comuns a todos. Ao passo que a locução pode se referir ao que se ordena ao princípio da vontade criada, o que é próprio a cada anjo; e por isso, não é necessário que tais locuções sejam comuns a todos.

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