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14 de janeiro: O bom vinho

14 de janeiro
   
   
« Todo o homem põe primeiro o bom vinho... tu, ao contrário, tiveste o bom vinho guardado até agora ». (Jo 2, 10)
   
São João Crisóstomo observa que todos os milagres de Jesus Cristo foram perfeitos. Assim, o paralítico foi tão perfeitamente curado, que se levantou, tomou o seu leito e retornou para sua casa. O mesmo ocorre aqui: não é um vinho qualquer que surge da água, mas o melhor vinho possível. Daí, o que ao esposo disse ao mordomo.
    
Ora, isto comporta um mistério.
     
I. — Em sentido místico, diz-se que serve antes o bom vinho quem, desejando enganar os outros, não propõe imediatamente o mal que pretende, mas algo que seduza seus ouvintes, até que, após os ter embriagado e convencido a seguir-lhe, manifeste a perfídia. É assim que faz o tentador. E, deste vinho, está escrito: « ele entra suave, mas no fim morde como uma serpente » (Pr 23, 31)
   
Diz-se também que põe antes o bom vinho quem, logo após sua conversão, começa a viver santa e espiritualmente e, depois, degenera na vida carnal. « Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? » (Gl 3, 3)  
 
II. — Cristo, porém, não põe antes o bom vinho, pois, desde o princípio, propõe coisas amargas e duras. « Que estreita é a porta, e que apertado o caminho que conduz à vida » (Mt 7, 14). Porém, quanto mais o homem progride na fé e doutrina, mais doce e suave torna-se o caminho. « guiar-te-ei pelas veredas da equidade. Depois que tiverdes entrado nelas, os teus passos não terão dificuldades » (Pr 4, 11)
    
Do mesmo modo, todos os que querem viver piedosamente em Cristo sofrem, neste mundo, muitas amarguras e tribulações. « Em verdade, em verdade, vos digo que vós haveis de chorar e gemer » (Jo 16, 20). Mas, no futuro, terão alegrias e deleites; por isso, acrescenta: « mas a vossa tristeza há de converter-se em alegria ». E o Apóstolo diz: « Porque eu tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não tem proporção com a glória vindoura, que se manifestará em nós » (Rm 8, 18).
 
In Joan., cap.II
 
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae. Tradução: Permanência)

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