12 de janeiro
« E encontrava-se lá a Mãe de Jesus. Foi também convidado Jesus com seus discípulos para as bodas ». (Jo 2, 1-2)
I
Em sentido místico, entende-se por núpcias o matrimônio de Cristo com a Igreja, pois, como diz o Apóstolo, « Este mistério é grande, mas eu o digo em relação a Cristo e à Igreja. » (Ef 5, 32)
Este matrimônio teve início no seio virginal, quando Deus Pai uniu a natureza humana ao Filho, na unidade de pessoa; assim, neste matrimonio, o seio virginal serviu de leito nupcial, « No sol pôs o seu tabernáculo » (Sl 18,6).
Este casamento foi anunciado quando Cristo se uniu à Igreja pela fé, « E me desponsarei contigo, com uma inviolável fidelidade » (Os 2, 20). E será consumado quando a esposa, isto é a Igreja, entrar no leito nupcial do esposo, ou seja, na glória celeste.
O lugar das núpcias, Caná, está em conformidade com o mistério, pois "Caná" significa "zelo" e "Galiléia", "transmigração". Ora, é no zelo da transmigração que se celebram estas núpcias, como que para nos fazer saber que os mais dignos de viver unidos a Cristo são aqueles que, ardendo de devoção piedosa, transmigram do estado de culpa à graça da Igreja e, da morte, à vida, ou seja, do estado de mortalidade e miséria, ao estado de imortalidade e de glória.
II
A Mãe de Jesus, a Bem-aventurada virgem, está presente nas núpcias qual mediadora, pois é por sua intercessão que se une a Cristo pela graça, « Em mim há toda a graça do caminho e da verdade » (Ecl 24, 25).
O Cristo está presente como o verdadeiro esposo da alma, como diz a Escritura, « Quem tem esposa, é esposo »(Jo 3, 29).
Os discípulos estão como padrinhos, como que dando em casamento a Igreja à Cristo, conforme a Escritura: « Porquanto eu desposei-vos para vos apresentar como virgem pura a um único esposo, a Cristo » (2 Cor 11, 2)
In Joan., cap.II
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae. Tradução: Permanência)