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A Visitação da Bem-aventurada Virgem

2 de Julho
 
Depois da Conceição de Cristo, narra-se ter a bem-aventurada virgem feito três coisas, que representam as três coisas que toda alma santa deve buscar após ter (espiritualmente) concebido o Verbo de Deus: a Virgem subiu a montanha, saudou Isabel e deu graças ao Senhor. O primeiro significa a perfeição das virtudes, o segundo a caridade fraterna, o terceiro, o louvor e a exultação.

[1] Levantando-se Maria, foi com pressa às montanhas. Diz a Glosa: “Após o consentimento da Virgem, o Anjo partiu para os céus, a quem imitou a Virgem ao subir a montanha. Do mesmo modo, toda alma que concebe o Verbo de Deus, sobe ao cume das virtudes progredindo no amor, a fim de penetrar na cidade de Judá, ou seja na fortaleza da confissão e do louvor, e demorar-se nela por cerca de três meses, até a perfeição da fé, da esperança e da caridade”. Nesta subida às montanhas, três coisas estão presentes: o vale, que é o temor e a humildade; a subida, que são os trabalhos e dificuldades; o cume, que é o amor ou a caridade. Por isso escreveu Bernardo: “a virtude quer ser ensinada com humildade, adquirida com esforço, possuída com amor”.
 
[2] Entrou em casa de Zacarias, e saudou Isabel. A saudação é o desejo de salvação: com efeito, pertence à caridade fraterna desejar a salvação do próximo; esta é a verdadeira forma de amar ao próximo, ensinada por Nosso Senhor (Mt 22, 39): Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Este amor, toda alma santa, depois de conceber espiritualmente o Verbo de Deus, deve buscá-lo, pois está dito (1 Jo 4, 12): se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nós e a sua caridade em nós é perfeita. Diz Agostinho: “Bem-aventurado de quem vos ama, e ama tanto o amigo em vós, como o inimigo por vós”. Noutro lugar: “Onde está a verdadeira caridade, que há que possa faltar? Onde ela falta, que há que se possa aproveitar?”
 
[3] A minha alma glorifica o Senhor. Este é o canto do louvor e da exultação, que toda alma santa, tendo concebido o Verbo de Deus, pode cantar. Por isso diz Ambrósio: “Que em cada um de nós esteja a alma de Maria glorificando a Deus, que esteja o espírito de Maria exultando em Deus”. Ambrósio explica o que significa glorificar a Deus: “O Senhor é glorificado não porque o louvor humano acrescente-lhe algo, mas porque é glorificado em nós, enquanto nossa alma, que foi criada à imagem de Deus, conforma-se pela justiça a Cristo, que é a imagem do Pai. E assim, quando glorifica, imitando o Cristo, torna-se mais sublime por uma certa participação de sua grandeza, de modo que parece exprimir em si mesma a imagem do Cristo, pelo esplendor das boas obras e certa emulação de sua virtude”
 
Origenes: “Quando glorifico ao meu Senhor em obras, pensamentos e palavras, então a imagem de Deus torna-se grande na minha alma. E o próprio Senhor, de quem é imagem, é glorificado na minha alma”.
 
Beda: “Glorifica o Senhor a alma daquele que coloca todos os afetos do homem interior nos louvores e serviços divinos. Exulta em Deus seu salvador o espírito daquele que nada de terreno deleita, que não se enfraquece pela afluência de coisas caducas, que por nenhuma adversidade se detém, mas só se compraz no pensamento do seu Salvador, de quem espera a salvação eterna”.
 
(De Humanitate Christi)
 
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

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