(Infra, q. 45, a . 3).
O sexto discute-se assim. — Parece que a juventude e a embriaguez não são causas da esperança.
1. — Pois, a esperança implica uma certa certeza e segurança e por isso S. Paulo a compara a uma âncora. Ora, os jovens e os ébrios faltam de firmeza, pois, são de ânimo facilmente mudável. Logo, a juventude e a embriaguez não são causas da esperança.
2. Demais — O que aumenta o poder é por excelência causa da esperança, como já se disse. Ora, a juventude e a embriaguez implicam falta de firmeza. Logo, não são causas da esperança.
3. Demais — A experiência é causa da esperança, como já se disse. Ora, aos jovens falta a experiência. Logo, a juventude não é causa da esperança.
Mas, em contrário, diz o Filósofo, que estavam ébrios de esperança no sucesso; e que, os jovens têm esperanças no sucesso.
Solução. — A juventude é causa da esperança por três razões, como diz o Filósofo, e que são relativas às três condições do bem — futuro, árduo e possível — objeto da esperança, como já dissemos. — Assim, os jovens têm muito do futuro e pouco do passado. Ora, como a memória é relativa ao passado e a esperança, ao futuro, têm pouca memória e vivem muito pela esperança. — Em segundo lugar, os jovens pela sua natureza ardorosa, têm muitos espíritos e, por isso, o coração se lhes alarga, o que os leva a buscar o árduo. Donde vem o serem animados e cheios de esperança. — E por fim, os que nunca sofreram oposição ou obstáculos aos seus esforços, facilmente reputam uma coisa por possível. E por isso os jovens, pela inexperiência dos obstáculos e das deficiências próprias, facilmente julgam lhes seja uma determinada coisa possível; e isto os torna cheios de esperança.
Ora, duas destas condições também existem nos ébrios, a saber, o ardor e a multiplicação dos espíritos, por causa do vinho, e a inconsideração dos perigos e das deficiências próprias. E pela mesma razão também todos os estultos e os que agem sem deliberação tentam tudo e vivem cheios de esperança.
Donde a resposta à primeira objeção. — Embora os jovens e os ébrios não tenham a firmeza, realmente, têm-na contudo, segundo a estimativa deles; pois julgam haverem certamente de conseguir o que esperam.
E semelhantemente, devemos responder à segunda objeção, que os jovens e os ébrios têm, por certo, falta de firmeza, na realidade das coisas; mas, como não conhecem as suas deficiências, julgam terem firmeza.
Resposta à segunda. — Não só a experiência, mas também a inexperiência é, de certo modo, causa da esperança, como já dissemos.