Pequena introdução da matéria
Gostaríamos, contemplando as santas, mães dos santos, tecer uma coroa à maternidade divina da Virgem Maria.
Quando Deus resolveu unir nossa natureza humana à pessoa de seu Filho único, entre todas as filhas de Adão, destinou, escolheu uma mãe, foi Maria. Assim a predestinação de Maria está inseparavelmente unida à predestinação de Jesus. Ao lado do homem Deus, está a mulher eleita, bendita entre todas; essa mulher é sua Mãe.
Também, quando Deus quer dar à sua Igreja grandes santos, imitadores e continuadores de Jesus, Ele lhes destina, lhes escolhe, seguindo uma lei geralmente verificada, mães que se pareçam com Maria. É por isso que em todas as páginas da história da Igreja, veneramos grandes santas que são mães de grandes santos.
Sabemos, muitos santos tiveram santos por pais. Todavia, parece que a aureola da santidade resplandece com mais freqüência ainda na fronte de suas mães.
Isso vem da semelhança com Jesus. Vem também do fato da mãe cristã ter o privilégio da primeira formação da alma de seu filho. Ela age sobre essa alma fresca e nova; e essa impressão que é a primeira, é por si mesma a mais profunda.
Diz-se que a mãe cristã faz sugar, com o leite, a fé para seu filho. Dir-se-ia melhor ainda que ela o faz sugar o leite da fé; pois ela lhe dá o primeiro conhecimento de Deus e de Nosso Senhor, sob uma forma doce, cálida e nutritiva. E a criança, poderíamos acrescentar, torna-se cristã, torna-se santa, por temperamento.
Mas vejamos a obra das mães segundo o coração de Deus: percorramos a tocante galeria das santas, mães dos santos. O assunto é imenso e só podemos tocá-lo superficialmente. Queremos somente adquirir o direito de nos dirigirmos às mães e lhes dizer: sejam santas e dá-nos santos.
As mães antes da santa Virgem
Antes da Santíssima Virgem, as mulheres tinham uma condição inferior em relação aos homens. Levavam visivelmente a pena do pecado de Eva. Deus disse a mãe do gênero humano: “Serás submissa ao homem”. Desde então, a mulher muitas vezes não passava de uma serva para o homem, em vez de uma companheira.
Não conhecia a nobre e santa vestimenta da virgindade; se ela se destacava aos olhos do homem, era pela maternidade. Ainda que os patriarcas honrassem suas esposas antes mesmo delas serem mães, vê-se pela Bíblia quanto a pobre mulher que não era mãe era lastimável. Uma espécie de desonra a cobria, como se Deus se recusasse a abençoá-la.
As mulheres, antes de Nosso Senhor, só tinham dignidade enquanto mães; no entanto, seu papel de mãe, o seu lado elevado, não está desenhado em quase nenhuma parte. O autor inspirado dos Provérbios, o do Eclesiástico, que pinta tão admiravelmente a mulher forte, a mulher santa e pudica, a consideram mais como esposa do que como mãe, mais em geral nos cuidados domésticos do que especialmente na educação dos filhos.
Lancemos um olhar sobre a Escritura; e examinemos as mulheres veneráveis que se apresentam a nós como mães.
A primeira mãe que é posta em relevo na Bíblia é Rebeca, mãe de Jacob. A santa ingenuidade da narração nos revela suas preferências pelo doce Jacob, suas artimanhas engenhosas para lhe proporcionar o direito de primogenitura: compondo um quadro cheio de graça. Certamente se desculpa Rebeca, mas não se pode propô-la como modelo sem reservas (Gen. 28).
A mãe de Moisés é seguramente bem tocante, depositando-o em uma cesta no meio do canavial na borda do Nilo. Pode-se supor que tornando-se a ama de seu filho, tenha formado nele o coração de um verdadeiro israelita; mas a Escritura não diz nada (Ex 2).
A mãe do jovem Samuel, Ana é mais interessante. Obtém seu filho por suas orações, suas lágrimas, pelo voto de consagrá-lo a Deus; transborda sua alma em um cântico, prelúdio do Magnificat; quando Heli aceita o jovem Samuel para o serviço do tabernáculo, ele lhe prepara pequenas túnicas e as leva nos dias dos sacrifícios solenes. A pintura não deixa nada a desejar (1 Rs 1 e 2)
Mais longe, no terceiro livro dos Reis, encontramos uma figura imponente: Betsabéia, mãe de Salomão. Esposa preferida do rei Davi, obtém dele a coroa para Salomão seu filho; veste lhe testemunha viva veneração. Nada mais majestoso do que a cena da Bíblia, na qual o jovem rei faz sua mãe sentar em um trono à sua direita. Pensa-se que sob os traços da mulher forte, Salomão que pintar Betsabéia (3 Rs 1).
Mas todas essas mães empalidecem diante da mãe dos Macabeus: o heroísmo das mães está reservado às horas de grande perigo. Sob a perseguição do ímpio Antíocos, se primeiramente duas mães que não temem circuncidar seus filhos, apesar da proibição do rei, “foram levadas publicamente por toda a cidade, pendurados esses filhos em seus peitos, e depois os precipitaram do alto das muralhas” (2 Mc 6, 10), depois a mãe dos Macabeus avança, rodeada por seus sete filhos; enquanto os torturam, ela os exorta com voz máscula; depois, quando o último está em presença do tirano, lança lhe este brado sublime: “Meu filho, peço que olhes para o céu!”. Enfim ela morre depois de ser morta sete vezes na pessoa de seus filhos. Eis uma mãe que, por antecipação, é a viva imagem dos mártires (2 Mc 7).
Tais são as mães da Bíblia. [...]
Santa Ana, mãe da santíssima Virgem
A escritura não nos diz nada sobre santa Ana; mas sua qualidade de mãe da Mãe de Deus a reveste, a nossos olhos, de uma grande majestade. O próprio mistério no qual está encerrada, e que encerra ao mesmo tempo o início da vida da santíssima Virgem, aumenta ainda mais; ela aparece como mergulhada na profunda luz da Imaculada Conceição.
A Tradição, suprindo o silêncio da Escritura, nos pinta santa Ana como a Escritura nos pinta Ana, mãe de Samuel. Estéril, roga, junto com são Joaquim, seu esposo, para obter uma posteridade; promete consagrar ao Senhor a criança que espera. E a criança vem ao mundo, como um fruto celeste concedido pela oração; é Maria, que é cheia do Espírito Santo desde a concepção. A graça que superabunda na filha, transborda sem dúvida para a mãe; já santa, torna-se mais santa ainda; confirma seu nome, Ana, que quer dizer graça. Era preciso para essa santa mulher uma graça sobreminente, para realizar a alta função a qual estava predestinada; depois de dar à luz a santíssima Virgem, foi a educadora de seus primeiros anos. Como sua alma devia ser pura, onde Maria se saciava! Que tesouros em seus lábios que Maria recolhia! Agrada à devoção dos fieis representar santa Ana no doce ofício de ensinar a Virgem.
A coroação da virtude de santa Ana foi o sacrifício que fez apresentando ao Templo sua filha bem amada, aos três anos: nunca ouve oferecimento de tão agradável odor. Santa Ana, oferecendo Maria, fazia pressentir Maria oferecendo Jesus.
Santa Isabel, mãe de são João Batista
Esta santa mulher é célebre no Evangelho. São Lucas nos diz que ela e Zacarias, seu esposo, eram justos diante de Deus e observadores de sua lei: sobre o que santo Ambrósio nota que há como uma herança imaculada de virtudes que se transmite dos pais aos filhos.
Isabel era estéril como Sara, como a antiga Ana, como santa Ana, quer dizer marcada do alto por uma concepção milagrosa. Lê-se no Gênese, que ao anúncio de um filho, Sara se pôs a rir: aqui é Zacarias que não pode crer na mensagem celeste. Não se vê que a fé de Isabel tenha falhado.
Tudo nessa santa e em são João, seu filho, tende para a santíssima Virgem e para Nosso Senhor. A concepção da estéril anuncia a concepção da Virgem. O mistério da Visitação apresenta as duas mães e os dois filhos. Maria saúda Isabel; Jesus faz João estremecer. Isabel, esclarecida pelos estremecimentos insólitos, canta a Encarnação; Maria responde pelo Magnificat. Os dois filhos fazem as duas mães profetizarem, diz santo Ambrosio, prophetant matres spiritu parvulorum.
Santa Isabel merece ser grandemente louvada e amada pela parte que toma nos mistérios de Nosso Senhor; conheceu sua divina encarnação antes de qualquer outra criatura humana, com exceção de seu filho são João, antes mesmo de são José: ela continuou a Ave Maria, que o arcanjo tinha começado e que a Igreja acabou; foi honrada pela santíssima Virgem, que a serviu com suas mãos virginais durante vários meses e talvez mesmo no seu afortunado parto. Feliz mulher, que foi amiga íntima da Mãe de Deus!
Depois de ter dado seus cuidados maternais aos primeiros anos de são João, nossa querida santa teve a coragem de se separar dele e de o deixar se retirar para o deserto; lá, ele se prepara, na solidão, para a missão de precursor de Jesus.
A Santíssima Virgem, mãe do Santo dos santos
Chegamos a presença de Maria: peçamos para nos abençoar, ela e seu doce filho. Nos cum prole pia benedicat Virgo Maria!
Contemplamos em Maria uma verdadeira maternidade e ao mesmo tempo, somos transportados para uma esfera sobre-humana e divina. Maria concebeu Jesus pela virtude do Espírito Santo e o põe no mundo de modo milagroso. Essas maravilhas repetidas não tiram nada de sua maternidade: ela é verdadeira Mãe do verdadeiro Filho de Deus.
Ela é sua Mãe, pois lhe deu essa natureza humana que é nosso resgate. Ela é mais do que uma simples mãe, porque, enquanto que os filhos têm sua origem em um pai e uma mãe, Jesus deve sua natureza humana somente à sua Mãe.
Também, os filhos comumente têm uma mistura de aparência com o pai e a mãe, o que nos faz pensar que os traços de Jesus são como uma reprodução dos traços de Maria com uma marca de virilidade e um esplendor divino.
Alem disso, somos levados a dizer que se Jesus quis tomar os traços de Maria, quis tomar também seu caráter, ele que, como Deus, é o caráter da substancia do Pai (Heb. 1, 3). O caráter é a efígie de uma alma; é, por assim dizer, o rosto interior que não permite confundi-la com outra alma. Se os traços exteriores de Jesus lembravam os de Maria, seguramente os traços de sua alma voltavam à alma dessa augusta Virgem.
Escutemos são Bernardo, o cantor de Maria:
O Filho de Deus, diz ele, teve de escolher, ou melhor, criar uma mãe, como sabia que lhe conviria, e lhe fosse agradável. Ele a queria virgem, a fim de nascer imaculado de seu seio imaculado, Ele que vinha purificar nossas imundices. Queria-a humilde, a fim de sair dela manso e humilde de coração; porque nós precisamos de que ele nos dê o exemplo salutar destas virtudes.
Em uma palavra, Jesus Verbo eterno compôs tão harmoniosamente os traços interiores e exteriores de sua Mãe, que pode tomá-los para si mesmo divinizando-os; formou-a de tal modo, que pode sair dela como uma flor sai de um galho.
Maria podia, olhando na alma de Jesus, ver a si mesma. Essa alma abençoada do Verbo encarnado foi, desde o princípio, enriquecida de toda perfeição: nela repousavam todos os tesouros da ciência e da sabedoria: Maria não podia acrescentar nada de essencial. E, no entanto, foi verdadeiramente educadora de Jesus como era verdadeiramente sua Mãe.
O Evangelho nos diz que Jesus, crescendo em idade, crescia igualmente em sabedoria (Lucas 2, 52). Essa palavra nos indica um desenvolvimento correlativo ao seu corpo e à sua alma. Em que isso consistia? À medida que os órgãos do corpo se fortificavam, a alma se desligava das impotências da infância que ele tinha voluntariamente aceitado. Essa alma era ornada de uma ciência humanamente divina e divinamente humana, que abraçava todas as coisas; e, entretanto, recebendo as impressões dos sentidos aprendia de uma maneira nova, quer dizer, por experiência, o que já sabia por uma iluminação do alto. Do ponto de vista dessa ciência experimental, a alma de Jesus Cristo se conduzia como a alma das outras crianças. Jesus via, Jesus escutava e dos dois modos aprendia; mas quem escutava? Escutava Maria, que Deus lhe havia dado como educadora de sua infância. Aqui, demos a palavra a um piedoso discípulo do cardeal Béroulle (1575-1629):
Quando, diz o P. Gibieuf, Jesus estava nos braços de Maria, não podendo ainda ficar em pé, e sugava em seu seio virginal o leite do céu destinado à sua alimentação, ela lhe falava de Deus como se fala aos bebezinhos. Falava do amor de Deus e da adoração para com Ele; dizia que Ele era seu Deus e seu Pai; e essas palavras entravam pouco a pouco em sua alma pela passagem dos sentidos que se abrem dia a dia. E quando começa a ser um pouco mais forte e sua língua se desenvolve, ela canta e lhe ensina hinos, que a piedade da lei tinha formado para o louvor de Deus; conta em detalhes os benefícios que o povo judeu que era seu povo recebera do Senhor.
Eis como Maria instruía Jesus. A essa vista, o piedoso autor não se contem mais e exclama:
Ó feliz e santa escola onde Maria ensina e onde Jesus aprende! Ó inestimável dignidade de Maria! Ó admirável dignidade de Jesus! Quão grande deve ser a graça que proporciona à Virgem tão alta função! Que grandes humildade e docilidade de Jesus se abaixando até aprender com sua criatura! Os anjos estão espantados à vista do que se passa entre essas duas pessoas raras e singulares e surpresos, com uma santa inveja, queriam também poder receber instrução dessa dama, de quem o seu soberano senhor se tornou discípulo. Tenhamos olhos para admirar com eles, como todas as gotas de leite que passam de seu seio virginal para o corpo delicado dessa criança divina, são imediatamente incorporadas à sua humanidade deificada e tornam-se consubsistantes na pessoa do Verbo eterno! Possamos penetrar com eles como todos os pensamentos e as a feições que ele recebe pelas instruções de sua Mãe, entrando em sua alma abençoada, são imediatamente de um valor infinito e divino; como ultrapassam infinitamente a honra que pode ser dada por todas as criaturas do céu e da aterra; como rendem a Deus uma honra infinita e divina verdadeiramente digna dele!
Rendamos graças ao piedoso escritor que nos levou tão adiante na intimidade da Virgem Mãe e de divino filho. Assim, pois, ó mães cristãs, quando instruíres seus filhos, tomem como modelo Maria instruindo Jesus; darão a essas queridas crianças o leite de suas almas como Maria dava o leite de sua alma a Jesus; e para ter esse leite, instruam-se como Maria no templo e rezem como ela. Para aleitar uma alma é preciso saber, rezar e amar.
Não podemos procurar traçar toda a relação que se estabeleceu entre a alma da Mãe e a alma do Filho durante todo o curso de suas vidas mortais. Maria era a bem amada do Cântico dos Cânticos, Jesus o bem amado: diálogos de amor, efusão de ternura, arroubos de admiração, terrores misteriosos, tudo se encontra entre suas duas almas com uma inimitável intensidade. Basta-nos dizer que a alma de Maria era como um paraíso terrestre, pacífico e perfumado no qual Jesus repousava do espetáculo da ingratidão dos homens. Enquanto Maria velava pelas necessidades temporais de Jesus, ela lhe oferecia, em seu coração puríssimo, uma reparação deliciosa.
Aos pés da cruz, mostrou sua Mãe uma energia sobrenatural; somente lá sua alma quebrada e atravessada era para Jesus a causa de um dor pungente, não havia mais consolação para ele. Ó alma de Maria, alma fiel, alma de Mãe! Aos pés da cruz nos destes a luz na dor; adquiristes uma maternidade nova, que se estende a todos os homens Ah! Sede nossa Mãe, ó santa Mãe de Jesus, monstra te esse matrem; formai em nós os traços de Jesus, dá-nos o leite de vossa alma, a fim de que sob as puras influências de vossas ternuras maternais, nossas pobres almas se transformem pouco a pouco na perfeita aparência de vosso doce Jesus.
As santas mulheres, mães dos Apóstolos
A santíssima Virgem aparece, no Evangelho, escoltada por santas mulheres, que como ela, acompanhavam Jesus, provendo suas necessidades e de seus Apóstolos, e mesmo seguindo o divino mestre da Galiléia a Judéia. São Mateus nos diz que essas santas mulheres eram muitas, multæ (Mt 27, 55). Poucas são as conhecidas; as que mais aparecem, em razão dos laços maternais que as ligavam aos Apóstolos, são as duas Marias, Maria de Cleofas e Maria Salomé.
A primeira, esposa de Cleofas, é chamada irmã da santa Virgem, apesar de ser sua prima; tinha como filhos são Tiago Menor, são Judas, são José, dito o Justo, e são Simeão, que foi bispo de Jerusalém, todos chamados, segundo o uso hebraico, irmãos do Senhor .A segunda, esposa de Zebedeu, era a mãe de são Tiago Maior e de são João Evangelista.
Não se pode negar que o devotamento dessas santas mulheres por Nosso Senhor e seus Apóstolos no princípio tivesse qualquer coisa de humano; Salomé o mostra ingenuamente, quando pede ao bom Mestre por seus filhos, os dois melhores lugares de seu reino. Como poderia ser de outra maneira antes que o Espírito Santo viesse purificar seus corações? No entanto, esse devotamento não deixava de ser agradável ao divino Mestre.
Ele foi, com efeito, até o heroísmo no momento do Calvário. Coisa espantosa! Os Apóstolos, excetuando são João, fugiram e se esconderam e as santas mulheres suas mães, sobem ao Calvário com Jesus e Maria. Permanecem sem fraquejar ao pé da cruz.
É preciso confessar, há na alma da mulher segredos de heroísmo que o homem, muitas vezes, não conhece.
O bom Mestre pagou de volta essas almas fiéis. Tendo vindo no segundo dia depois de manhãzinha ao seu sepulcro, com as mãos cheias de perfumes, ele lhes dirigiu, antes de se mostrar aos Apóstolos, uma doce e graciosa saudação, e lhes deixou beijar seus pés estigmatizados e gloriosos.
Reencontramos as santas mulheres em seguida no Cenáculo. O Espírito Santo desce sobre elas, como sobre os Apóstolos. Elas eram necessárias à constituição da Igreja. Mas como? Com suas orações, com seu devotamento aos Apóstolos, com o sacrifício silencioso de suas vidas, com o exemplo que deveriam dar a todas as mulheres cristãs, pela forma, por assim dizer, que deviam imprimir.
O que fizeram elas depois da dispersão dos Apóstolos? Continuaram junto à santa Virgem? Seguiram os Apóstolos? As tradições não estão completamente de acordo, testemunha o martirológio romano no que toca a Maria de Cleofas. Uma lenda respeitável nos mostra as duas Marias abordando na Provença com santa Maria Madalena. Seja como for, a Igreja honra como santas essas admiráveis seguidoras de Jesus, essas companheiras da santa Virgem, essas mães de tão grandes Apóstolos aos quais deram lições de intrepidez. A Espanha em particular devota um culto a santa Salomé, mãe de são Tiago.
Peçamos a Deus que seja de seu agrado nos dar mães que soprem em seus filhos a fé e o heroísmo da fé. Fora com essa moleza desoladora que caracteriza a educação materna de nossos dias! Precisamos de homens, precisamos de cristãos; e para isso precisamos de mães que desde cedo habituem seus filhos ao sacrifício, que lhes dê mesmo a santa ambição do martírio; pois todo cristão, diz Tertuliano, é devedor do martírio.
Essas mães existem: viu-se em nossos mártires na China e na Coréia. Viu-se mães caírem de joelhos e louvar a Deus em alta voz, quando souberam do martírio de seus filhos missionários. Benditas sejam, e benditos sejam seus filhos!
(Tradução: Permanência. Originalmente publicado no Bulletin de Notre Dame de La Sainte-Esperance (Menil-Saint-loup) entre os anos de 1881 e 1884. Republicado em Le Sel de la Terre 67)