(I Sent., dist., XLI, a . 1, II, dist. XXV, a . 3, ad 2; De Verit., q. 24, a . 1, ad 20; III Ethic., lect. V).
O terceiro discute-se assim. ― Parece que a eleição não existe só em relação aos meios.
1. ― Pois, como diz o Filósofo, a virtude torna a eleição reta; entretanto, tudo o que naturalmente se faz em visa dela não lhe pertence, mas a outra potência. Ora, o fim é a causa dela qual fazemos alguma coisa. Logo, a eleição recai sobre o fim.
2. Demais. ― Eleição importa em preferência de uma coisa a outra. Ora, assim como relativamente aos meios, um poder ser preferido a outro, assim também relativamente aos diversos fins. Logo, a eleição pode recair tanto sobre o fim como sobre os meios.
Mas, em contrário, diz o Filósofo, que a vontade visa o fim e a eleição, os meios.
Solução. ― Como já se disse, a eleição resulta da sentença ou juízo, que é quase a conclusão de um silogismo operativo. Por onde, inclui-se na eleição aquilo que faz o papel de conclusão no silogismo prático. Ora, nas ações o fim se comporta como princípio e não como conclusão, segundo diz o Filósofo. Logo, o fim como tal não é objeto da eleição.
Mas, como na ordem especulativa, nada impede que o princípio de uma demonstração ou ciência seja a conclusão de outra demonstração ou de outra ciência, se bem o princípio primeiro indemonstrável não possa ser conclusão de nenhuma demonstração ou ciência, também o fim de uma operação pode se ordenar a outra como meio, e então se compreende na eleição. Assim, na ação do médico a saúde é o fim, e por isso não entra na eleição dele, que a supõe como princípio. Mas, a saúde do corpo se ordena ao bem da alma, e, por isso pode ser objeto da eleição, do que cuida da saúde da alma, o ser são ou enfermo; pois, o Apóstolo diz: Porque quando estou enfermo, então estou forte. O fim último porém de nenhum modo pode ser objeto da eleição.
Donde a resposta à primeira objeção. — Os fins próprios das virtudes ordenam-se à beatitude como ao seu último fim. E deste modo podem ser objeto de eleição.
Resposta à segunda. ― Como já se estabeleceu antes, o último fim é único. Por onde, quando ocorrem vários fins, pode haver eleição dentre eles, enquanto se ordenam a um fim ulterior.