Category: Pe. Duvivier, S. J.
“A missão primária e essencial da Igreja, obra imortal de um Deus misericordioso, é a de salvar as almas e de as levar à posse dos bens celestes. Mas, torna-se ela, ainda mesmo quando aos interesses puramente materiais, uma fonte, donde naturalmente brotam vantagens tantas e tão estimáveis, que não as poderia oferecer maiores, ainda quando ela fosse fundada só com o fim de, sobretudo, promover a felicidade desta vida presente”.
O presente capítulo não vai ser senão um comentário das palavras, que acabamos de citar da Encíclica Immortale Dei. Seria mister demonstrar aqui o que a Igreja fez em prol da civilização e da felicidade temporal dos povos; mas seria preciso um grosso volume, para se dar a este interessante e vasto assunto o desenvolvimento que deveria ter. Procuraremos, contudo, dizer o bastante para que nos benefícios que a Igreja trouxe ao mundo, se reconheça mais uma nota característica da sua origem divina; pois que pelo fruto se conhece a árvore.
Não deve o católico envergonhar-se de sua história, que é bela, que é grandiosa. Não deve ceder em face dos ataques dos que, ignorando de todo a nossa história, repetem e propagam "lendas negras", criadas com o fim declarado de subverter nossa Fé e nosso amor à Santa Madre Igreja.
Não deve deixar-se confundir ao ver, como ocorreu recentemente -- para o nosso estupor e tristeza -- os mais altos membros do clero, o próprio Papa, prostarem-se em pedidos de perdão pelos "erros da inquisição", dando ao mundo apóstata mais essa satisfação e dando crédito a tantas calúnias e imposturas que circulam contra a Igreja.
Vários santos foram grandes inquisidores: S. João Capistrano, S. Domingos e S. Pio V, para citarmos apenas alguns. É a inquisição intrinsecamente má? O que é verdadeiro e o que é falso em tudo o que se tem dito a seu respeito? O texto abaixo, extraído do manual de Apologética do Pe. W. Devivier, recomendado nada mais nada menos por S. Pio X, responde a todas estas perguntas.
Poderíamos deixar de tratar este assunto, pois basta ler-se qualquer história imparcial para se ver como foram justas estas expedições bélicas, em que a sociedade cristã se apresenta com todo o brilho do seu heroísmo religioso; pelo que, com justo titulo se gloria a Igreja de ter sido a iniciadora delas.
Entre os que atacam a Igreja a propósito deste dito levam a dianteira os protestantes. Ora, este princípio, de que eles se servem para acusar a Igreja, não é senão uma conseqüência lógica e necessária da doutrina dos seus principais mestres; pelo que estão em contradição consigo mesmo. Com que direito nos podem eles argüir com o que eles próprios devem admitir e o que explicitamente professam os formulários de fé dos primeiros tempos do protestantismo? Eis o que, por exemplo, lemos na confissão helvética: “Não há salvação fora da Igreja, assim como a não houve fora da arca; quem quiser ter a vida, é preciso não se separar da verdadeira Igreja de Jesus Cristo”. Não são menos explícitas as confissões da Saxônia, da Bélgica e da Escócia. Fora da Igreja, diz também o catecismo calvinista do século XVII, não há senão condenação; e todos os que se separarem da comunhão dos fiéis para formarem uma seita à parte, não podem esperar salvar-se enquanto assim estiverem separados”. E é o que afirma o próprio Calvino nas suas Instituições, dizendo: Fora do seio da Igreja não se pode esperar a remissão dos pecados nem a salvação”.