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A Segunda Crucifixão

 

Loud mockers in the roaring street

Say Christ is crucified again;

Twice pierced His gospel-bearing feet,

Twice broken His great heart in vain.

 

I hear, and to myself I smile,

For Christ talks with me all the while.

 

No angel now to roll the stone

From His unawaking sleep,

In vain shall Mary watch alone,

In vain the soldiers vigil keep.

 

Yet while they deem my Lord is dead

My eyes are on His shining head.

 

Ah! never more shall Mary hear

That voice exceeding sweet and low

Within the garden calling clear:

Her Lord is gone, and she must go.

 

Yet all the while my Lord I meet

In every London lane and street.

 

Poor Lazarus shall wait in vain,

And Bartimaeus still go blind;

The heeling hem shall ne’er again

Be touch’d by suffering humankind.

 

Yet all the while I see them rest,

The poor and outcast, on His breast.

 

No more unto the stubborn heart

With gentle knocking shall He plead,

No more the mystic pity start,

For Christ twice dead is dead indeed.

 

So in the street I hear men say:

Yet Christ is with me all the day.

Trocistas, alta a voz, na zoeira da rua,

De Cristo vão pregoando a nova imolação:

Seus pés de evangelista imóveis contra a crua

Madeira; e o nobre peito alanceado em vão.

 

Ouço-os falar, sorrio, e, em silêncio, prossigo,

Pois Cristo, sem cessar, vai falando comigo.

 

Anjo algum haverá que a pedra role e à cena

Convoque-O desta vida em seu sono sem fundo.

Ao pé da tumba, em vão, quedará a Madalena,

Em vão a guarda vã dos grandes deste mundo.

 

No entanto, enquanto crêem que meu Senhor jaz morto,

Na face esplandecente os olhos fito, absorto.

 

Outra vez, no jardim, não ouvirá Maria

Mais doce e grave voz que a voz de outro qualquer

Seu nome proferir tão clara como o dia:

Partido seu Senhor, também parta a mulher.

 

No entanto, a meu Senhor, sem cessar e em verdade,

Vislumbro em cada rua e viela da cidade.

 

Lázaro, morto, em vão há de esperá-Lo; em vão

Uma pouca de luz Bartimeu pedirá.

E a túnica que, outrora, os enfermos com a mão

Tocavam, por guarir, nunca mais guarirá.

 

No entanto, sem cessar, pobres vejo e os sem porto

A seu peito acorrer em busca de conforto.

 

Não mais Ele há de vir à porta, suavemente,

Bater dos corações empedernidos, nem

À mística piedade induzir corpo e mente:

Que Cristo morto está  não duvide ninguém.

 

Isto é o que ouço, na rua, a gente proclamar;

No entanto, ao lado meu, vai Cristo a caminhar.

 

 

(Revista Permanência 285. Tradução de Sergio Pachá) 

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