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O Burro

THE DONKEY

When fishes flew and forests walked

And figs grew upon thorn,

Some moment when the moon was blood

Then surely I was born;

With monstrous head and sickening cry

And ears like errant wings,

The devil's walking parody

On all four-footed things.

The tattered outlaw of the earth,

Of ancient crooked will;

Starve, scourge, deride me: I am dumb,

I keep my secret still.

Fools! For I also had my hour;

One far fierce hour and sweet:

There was a shout about my ears,

And palms before my feet.

O BURRO

Quando os peixes voavam e as florestas

Moviam-se e espinheiros davam figos,

Num momento em que a lua era de sangue,

Eu decerto nasci: tempos antigos.

Com uma cabeça enorme e um grito ascoso

E orelhas – duas asas aberrantes –

Sou a paródia mesma do demônio

Por entre todos mais quadrupedantes.

A andrajosa escumalha deste mundo,

Cuja perversidade não tem fim,

Escarnece-me, bate-me, esfomeia-me,

E eu guardo o meu segredo para mim.

Estultos! Eu também tive uma hora,

Distante e doce e minha – uma hora ardente:

Bradava a multidão à minha volta

E espalhava-me palmas pela frente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte:  The Collected Poems of G. K. Chesterton (Dodd Mead & Company, 1927)

Tradução: Sérgio Pachá

 

 

 

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