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A missa nova é protestantizada?

R E S P O N D E O   nº 1

1. OS TRADICIONALISTAS EXTRAPOLAM AO AFIRMAR QUE A MISSA NOVA É PROTESTANTIZADA. NA VERDADE QUERIAM CHAMÁ-LA HERÉTICA E INVÁLIDA!

 

Resposta: O Novus Ordo é um rito protestantizado. São vários os motivos que nos obrigam dizê-lo:

 

  • a intenção dos reformistas.
  • A acolhida dos protestantes.
  • O escandaloso convite feito aos protestantes.
  • O parecer de eminentes teólogos.
  • A comparação com as reformas litúrgicas de Lutero e Zwinglio.
  • O problema da tradução do Missal.
  • A adoção de novas linguagens e práticas.

 

a) A INTENÇÃO DOS REFORMISTAS

O escritor francês Jean Guitton, amigo próximo de Paulo VI, escreveu: “O Papa Paulo VI me confiou que era sua intenção assemelhar o mais possível a nova liturgia ao culto protestante” 1. Também possuímos a declaração do pde. Anibal Bugnini, talvez o principal nome por trás do Novus Ordo Missae: “A oração da Igreja não deve ser um motivo de constrangimento para ninguém", logo "[é preciso] arredar toda a pedra que poderia constituir qualquer sombra de risco de tropeço ou de desprazer para os nossos irmãos separados" (L´Osservatore Romano, 19 de março de 1965). Grifos nossos.

 

b) A ACOLHIDA DOS PROTESTANTES

Lutero dizia: "Eu afirmo que todos os lupanares, os homicídios, os roubos, os adultérios, são menos maus que esta abominável Missa!"

Após o Novus Ordo, entretanto, os protestantes abandonaram a costumeira hostilidade e encheram-se de simpatia pelo rito da Igreja. Por que não se entusiasmavam com o antigo missal e sim com este? Por que recusavam firmemente rezar pela Missa de Sempre, mas não têm escrúpulos em utilizar a Missa Nova? A razão, acreditamos, não pode ser outra senão a de que a "reforma litúrgica deu um passo notável para a frente e houve uma aproximação das formas da Igreja luterana" (L´Osservatore Romano, 13/10/1967).

Vejamos algumas declarações públicas de protestantes, declarações essas que constituem sinal evidentíssimo de que há algo errado com a nova missa2:

- Max Thurian, da Comunidade protestante de Taizé: “Um dos frutos do novo Ordo será talvez que as comunidades não católicas poderão celebrar a santa ceia com as mesmas orações da Igreja católica. Teologicamente é possível” (“La Croix”, 30-5-69).

- “Agora, na Missa renovada, não há nada que possa verdadeiramente perturbar o cristão evangélico” (Siegevalt, Prof. de Dogmática na Faculdade protestante de Strasbourg, “Le Monde”, 22-11-69).

- “As novas orações eucarísticas católicas abandonaram a falsa perspectiva de um sacrifício oferecido a Deus” (“La Croix”, 10-12-69, palavras que Jean Guitton diz ter lido em revista protestantes muito apreciada).

- “Se toma em consideração a evolução decisiva da liturgia eucarística católica, a possibilidade de substituir o cânon da Missa por outras orações litúrgicas, o afastamento da idéia segundo a qual a Missa constituiria um sacrifício, a possibilidade de comungar sob as duas espécies, não há mais razão para as igrejas da Reforma" (Roger Mehl, protestante, em “Le Monde”, 10-9-70).

- “Nós nos atemos à utilização das novas preces eucarísticas nas quais nós nos encontramos e que têm a vantagem de matizar a teologia do sacrifício que tínhamos o hábito de atribuir ao catolicismo. Estas preces nos convidam a encontrar uma teologia evangélica do sacrifício” (Trecho de um documento emanado do Consistório superior da Confissão  de Augsbourg e da Lorena, datado  de 8-12-73, publicado em “L’Église en Alsace”, número de janeiro de 1974).

- “A maior parte das reformas que Lutero desejava. Existem doravante no interior mesmo da Igreja Católica” – (...) “Por que não se reunir?” (Seppo A. Teonen, teólogo luterano, professor de Dogmática na Universidade de Helsiqui, jornal “La Croix” de 15-5-72).

Acrescente-se ainda as declarações feitas em 1983 pela Comissão Mista católico-luterana, oficialmente reconhecida por Roma:

"Outras exigências que Lutero tinha formulado em seu tempo podem ser consideradas como sendo satisfeitas na teologia e na prática da Igreja de hoje", tais como: "o emprego da língua vulgar na liturgia, a possibilidade da comunhão sob as duas espécies e a RENOVAÇÃO DA TEOLOGIA E DA CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA"3. (grifos nossos)

 

c) O ESCANDALOSO CONVITE FEITOS AOS PROTESTANTES

Seis pastores protestantes foram convidados para a Comissão da Reforma Litúrgica e dela participaram como adidos qualificados. Paulo VI deixou-se fotografar com os mesmos na cerimônia de encerramento do CONSILIUM, em 10/4/70 e a foto foi reproduzida em La Documentation Catholique. Ora, estes pastores não se limitaram a assistir, mas tiveram participação ativa.

“A intervenção ativa destes ‘observadores’ é corroborada por declarações de Mons. W.W.Baum, “diretor executivo” dos assuntos ecumênicos da conferência episcopal americana”: “Eles não lá estiveram como simples observadores, mas como consultores, e participaram plenamente das discussões sobre a renovação litúrgica católica. Não faria muito sentido caso se contentassem em ouvir, mas eles puderam contribuir” (Detroit News, 27 de junho de 1967)” 4.

Ademais, como afirmou Mons. Lefebvre, por que os protestantes teriam sido convidados para a Comissão da Reforma Litúrgica senão para que dissessem “se estavam satisfeitos ou não, ou se havia alguma coisa que lhes não agradava, se eles podiam rezar conosco?” 5

Essa escandalosa participação dos protestantes teve um precedente notório: o Concílio Vaticano II:

Os protestantes, integrando um grupo que foi chamado de "OBSERVADORES NÃO-CATÓLICOS", já estavam presentes na Aula Conciliar desde o primeiro dia da Primeira Sessão do Concílio Vaticano II, e a importância de sua participação foi logo enfatizada, pois no programático discurso de abertura do Concílio (11/10/62), o Santo Padre João XXIII anunciou formalmente que uma das grandes finalidades do encontro seria a união dos cristãos.

“Esses "OBSERVADORES NÃO-CATÓLICOS" participaram do início ao fim do Concílio e no final deste, ou seja, no dia 4 de dezembro de 1965, estavam presentes em uma cerimônia ecumênica, na qual o Papa Paulo VI, "com evidente satisfação" e dirigindo-se a tais "observadores", disse:

"... Sabeis, Irmãos, que de muitas maneiras o nosso próprio Concílio Ecumênico pôs-se em movimento em direção a vós: da consideração que os Padres Conciliares não deixaram de manifestar pela vossa presença, que tão cara lhes era, até o esforço unânime para evitar toda expressão que não fosse cheia de deferências para convosco; da alegria espiritual de vermos vosso grupo de escol associado às cerimônias religiosas do Concílio, até a formulação de expressões doutrinais e disciplinares aptas a arredar os obstáculos e a abrir sendas tão largas e aplainadas quanto possível para uma melhor valorização do patrimônio religioso que conservais e desenvolveis: a Igreja Romana, como vedes, testemunhou a sua boa vontade de vos compreender e de se fazer compreender; não pronunciou anátemas, senão invitações; não traçou limites à sua espera, como tampouco os traça ao seu oferecimento fraterno de continuar um diálogo que a empenha"6. (grifos nossos)

 

d) O PARECER DE EMINENTES TEÓLOGOS E AUTORIDADES DA IGREJA

Cardeal Ottaviani, outrora Prefeito da Congregação da Doutrina e da Fé, oficialmente encarregado pela defesa da Fé e da moral: “A nova forma da missa foi substancialmente rejeitada pelo Sínodo Episcopal, nunca foi submetida ao júri das Conferências Episcopais e nunca foi reivindicada pelo povo. Além do mais possui todas as possibilidades de satisfazer aos mais modernistas dos Protestantes” 7 . (grifos nossos).

Cardeal Sticker: “O lugar importante dado às leituras e à pregação na nova missa, a possibilidade mesma deixada ao padre de acrescentar explicações e palavras pessoais é uma reflexão a mais sobre o que é legítimo chamar de uma adaptação à idéia protestante de culto..." (grifos nossos)

Cardeal Silvio Oddi: “Quando o Cânon II foi publicado, os protestantes da famosa comunidade de Taizé, que têm uma liturgia muito diferente da liturgia católica, disseram: “Este nós também podemos usar”. Isto quer dizer que pode ser interpretado sem a presença real de Cristo na Eucaristia. Portanto, alguma coisa não era clara (...) Tenho a impressão de que as pessoas escolhidas para efetuar todas essas reformas litúrgicas não estavam muito preocupadas com a pureza do dogma e da doutrina. Tentaram apresentar as coisas para agradar alguém, por uma concepção ecumênica errônea” 8. (grifos nossos)

Cardeal Fernando Antonelli, membro do Consilium, organismo encarregado da reforma litúrgica: "Tenho a impressão de que se concedeu muito, sobretudo em matéria de sacramentos, à mentalidade protestante" (grifos nossos)

Mons. Klaus Gamber, bispo de Ratisbona e perito em Liturgia: “A reforma litúrgica de Paulo VI foi mais radical que a de Lutero”.

Pde. Raymond Dullac: “Este rito possui um PECADO ORIGINAL que circuncisão alguma será capaz de suprimir: o pecado de se ter querido fabricar uma “missa” passe-partout, apta a  ser celebrada tanto por um católico como por um protestante”

Um grupo de teológicos publicou em 1969 um artigo na conceituada revista Pensée Catholique: “O Ordo Missae tenderia a instaurar na Igreja católica romana um ofício por demais semelhante à ceia das igrejas protestantes. Sinal característico? É a Ceia e não a Cruz que figura no frontispício do livro vermelho, na página 2” 9.

Outro interessante testemunho nos foi dado pelo escritor Julien  Green, convertido do anglicanismo: “A primeira vez que ouvi a Missa em francês, tive dificuldade em crer que se tratava de uma Missa Católica. Apenas a Consagração me tranqüilizou, embora ela fosse, palavra por palavra, semelhante à consagração anglicana”.

No mesmo livro, o autor conta a impressão que ele e sua irmã tiveram diante de uma Missa televisionada: Pareceu-lhes uma imitação grotesca do ofício anglicano. No fim ele perguntou à sua irmã: “por que é que nos convertemos?” (op. cit., p. 138) 10.

 

e) A COMPARAÇÃO COM A REFORMA LITÚRGICA DE LUTERO

― É espantosa a comparação entre o culto dos reformadores e o Novus Ordo. A citação seguinte foi tirada do livro de Arnaldo Xavier da Silveira, “Considerações sobre o Ordo Missae de Paulo VI”. Os negritos são nossos:

“Na quinta-feira santa, 13 de abril de 1525, bem como na sexta-feira santa e no domingo de Páscoa seguintes, sob as abóbadas estarrecidas do “Grand Muenster”, o culto se processou de maneira absolutamente nova. A língua alemã expulsava totalmente o latim da liturgia. Os coros não cantavam mais (...) A ceia substituía a missa.

“As espécies da refeição sagrada encontravam-se sobre uma mesa de tipo comum. Zwinglio oficiava voltado para a assembléia, em vez de permanecer, como na liturgia romana, de frente para o altar. A seu tempo, acólitos distribuíam o pão ao longo dos bancos dos fiéis, que com suas próprias mãos tomavam um pedaço e o levavam à boca. O cálice, trazido da mesma maneira, circulava em seguida, passando de um comungante a outro. Zwinglio fizera questão de que o vinho fosse pôsto em cálices de madeira, a fim de repudiar abertamente todo o fausto. (...)”11.

― “...a primeira medida de Lutero contra o caráter sacrifical da Missa, foi a supressão do ofertório, que mais explicitamente o expressa. Depois fez as outras mudanças. Foi igualmente o que fez Paulo VI na nova missa, transformando o ofertório em uma simples apresentação de dons conforme prática judaica na suas sinagogas.

“Em seguida, Lutero alterou as palavras da instituição, fazendo da parte consacratória e da narrativa, que são bem distintas, uma só, e mandando pronunciar tudo em tom narrativo e em voz alta. Tudo para suprimir qualquer idéia de ação pessoal do celebrante e pois, toda a idéia de sacrifício, e assim inculcar nos assistentes a idéia protestante de simples ceia-memorial.

“Também a reforma de Paulo VI, do rito da Missa, alterou a forma da Consagração, transpondo para fora dela as palavras “Mysterium fidei”, e suprimindo o ponto gráfico que separava bem a parte narrativa, da parte consecratória, de modo que o celebrante é levado a pronunciar tudo em tom narrativo como quem apenas conta um fato acontecido no passado, e não como quem faz uma ação pessoal, que torna de novo presente a mesma realidade operada por Jesus Cristo, e por Ele ordenada que fosse renovada perpetuamente mediante o ministério do sacerdote (Lc. 22,19).

“Vê-se pois, por essa pequena amostra – e há muitos outros pontos nos quais a missa nova não é mais a pura expressão da Fé Católica – como é de suma importância a nossa fé nesse aspecto da Missa como sacrifício. Aí está a prova. Os protestantes tomam ares de festa com a sua supressão, através da Missa nova” 12.

― “Lutero suprimiu qualquer referência aos Santos. Também na Missa Nova, dos seus quatro Cânones, somente o chamado Romano menciona alguns Santos, e mesmo assim, é livre a sua menção pelo celebrante. Mais um motivo por que vários pastores protestantes afirmam poder celebrar a sua ceia-memorial usando o texto da Missa Nova” 13.

― “Para Lutero, a Missa é somente um banquete de comemoração da última Ceia. Daí ser celebrado em uma mesa, e com o celebrante voltado para o povo, na postura dos comensais de refeição comum, como se faz na Missa Nova” 14.

 

f) O PROBLEMA DA TRADUÇÃO

Outro aspecto que deve ser estudado é o da tradução do Novus Ordo para o vernáculo. Problema que ocorreu em maior ou menor grau por todo o mundo. No Brasil, os "erros" de tradução foram motivo de polêmica pública, envolvendo sacerdotes e diversos intelectuais católicos15. Ora, analisando os “erros” diversos de tradução para o português (o padre D´Elboux listou na época nada menos que 150 e, segundo narrou o mesmo, Dom Fernandes, de Londrina, relacionou número ainda maior de "erros"), verifica-se que vão freqüentemente numa direção muito agradável aos protestantes. Ora, o fortuito não pode ser repetitivo. Vejamos alguns exemplos:

1. Nas referências à Nossa Senhora, todas as vezes em que se lia beata Virgo Maria no original latino do Novus Ordo, traduziu-se simplesmente por "Virgem Maria", omitindo o bem-aventurada que pedia o latim. Isto ocorre nos parágrafos 3, 45, 54, 78, 85 e 94. Notamos que, no parágrafo 85, lia-se: in primis cum beatissima Virgine, Dei Genitrice, Maria. Eliminados o superlativo beatissima e o in primis ("antes de tudo"), ficou a tradução abreviada para: "Virgem Maria, mãe de Deus".

Ainda neste ponto, encontramos as omissões seguintes:  

— no parágrafo 30: "Virgo Mater inefabili dilectione sustinuit", torna-se: "a Virgem esperou com amor de Mãe". Enquanto no latim, estava amor inefável e não, de Mãe;

— no parágrafo 45 e no 53, "virginitatis gloria permanente" e "in primis gloriosae semper Virginis Mariae", respectivamente no latim. Não aparece na tradução o gloria da primeira frase, nem o gloriosae, da segunda;  

— no parágrafo 46: "Deiparae Virgini Sponsus" fica traduzido como "esposo à Virgem Mãe", enquanto Deiparae pedia "à Virgem Mãe de Deus".

2. Com relação aos Apóstolos, Santos e Mártires ocorre fenômeno parecido com o que se viu acima. No parágrafo 47, "beatos Apostolos", no texto latino, traduz-se simplesmente "dos Apóstolos"; no parágrafo 69 traduz-se "tuis sanctis Apostolis" por "apóstolos"; mais grave, no parágrafo 78 simplesmente omite-se a menção aos santos ("et omnibus Sanctis qui tibi a saeculo placuerunt", torna-se "e todos os que neste mundo vos serviram" — para não mencionar a tradução inaceitável de "placuerunt" por "serviram"). Ainda no parágrafo 85 vê-se novas omissões: "cum beatis Apostolis tuis et gloriosis Martyribus" é transformado em "os vossos apóstolos e mártires".

3. Com relação à Igreja: Por duas vezes suprime-se o adjetivo "católica" ao referir-se à Igreja e, em uma vez, omite-se o adjetivo "santa". "Quae tibi offerimus pro Ecclesia tua sancta catholica" passou a ser "Nós as oferecemos (omitiu-se in primis) pela vossa Igreja (omitiu-se sancta e catholica) dispersa pelo mundo".

4. A tradução de "pro multis", na formula mesma da Consagração, por "por todos" (mais gravemente, na tradução oficial de 1969, publicada sob a aprovação da CNBB, "por todos os homens"), cuja correção apenas recentemente foi ordenada.

5. No início da agora chamada "Oração Eucarística I" [...] vê-se traduzido haec dona, haec munera, haec sancta sacrificia illibata por "estas oferendas", simplificação excessiva e mutiladora, exatamente porque aquelas ofertas são matéria do "sacrifício ilibado", da Vítima Perfeita, Cristo. A missa é essencialmente sacrifício: não assembléia, nem memorial.

Poder-se-ia arrolar ainda muitos outros exemplos de infelizes omissões, como a do parágrafo 63, onde "et hunc praeclarum calicem" é traduzido, tão pobremente, por "o cálice"; ou a igualmente infeliz omissão em dois lugares de adjetivos que indicam perpetuidade quando se refere a danação ou vida eterna (parágrafos 43 e 60); ou as diversas passagens em que se eliminou ou se atenuou expressões referentes aos Anjos e à hierarquia angélica; ou a tradução do “Orate frates”, ou do “Et cum spiritu tuo”.

 

É de espantar a franqueza com que D. Clemente Isnard OSB, Secretário Nacional de Liturgia no tempo em que foram feitas as traduções, narra como conseguiu a aprovação de Roma ao texto traduzido (grifos nossos):

"Resolvi então proceder por própria conta" - coisa de admirar mas não de imitar - e que tanto irritou Dom Geraldo Fernandes, que chegou a ser Vice-Presidente da CNBB. "Apresentei em Roma, e a Congregação para o Culto Divino aprovou nossa versão. Nossa sorte é que no momento não havia na Congregação perito em língua portuguesa. Desta forma obtivemos aprovação da simplificação do Cânon Romano, que tinha sido apresentada pelos franceses e negada... Nós simplesmente havíamos copiado a proposta francesa"16 .

 

g) NOVA LINGUAGEM, NOVAS PRÁTICAS

- “É sabido que a Eucaristia tem dois aspectos, um de Sacramento, outro de Sacrifício. O 1º é chamado “Eucaristia”; o 2º é a Santa Missa. É de fé que a Missa é Sacrifício; o próprio termo “Missa” já indica o seu caráter sacrifical, pois é o particípio do verbo latino “mittere”: enviar. Significa que, ao fim da Missa, a oblação sacrifical já foi enviada (Sto. Tomás)

“Por isso, Lutero suprimiu a palavra “Missa”, em sua reforma litúrgica; queria apagar da mente dos fiéis até a idéia de Sacrifício que lhe é conexa. “Chamemo-la, dizia ele, Benção, Eucaristia, Ceia do Senhor”. E hoje, seguindo a preferência da “Institutio generalis”, que promulgou a Missa Nova, está sendo chamada, de preferência, Eucaristia.

- “Para Lutero, todo homem, só pelo batismo, já é sacerdote, porque, para ele, não há qualquer diferença entre ser cristão e ser sacerdote. Por isso, os seus pastores são meros presidentes das assembléias reunidas para celebrar a sua ceia meramente memorial. É muito sintomático que, na Missa Nova, o “Confiteor” não seja mais rezado, primeiro, pelo celebrante sozinho e só depois pelos fiéis juntos. Esta mudança insinua igualdade entre os padres e os leigos. E o próprio Institutio Generalis (no. 7) chama o celebrante de presidente da “assembléia do povo de Deus”, na qual o povo reunido sob sua presidência é que celebra o “Memorial do Senhor”. Só diante da reclamação dos fiéis por causa desse grave erro é que Roma fez um arremedo de correção, pois o celebrante continuou a ser presidente da Assembléia e o povo não deixou de ser quem celebra, ou concelebra (com o presidente)...” 17

 

Podemos citar ainda aqui:

- O grave problema da definição da Missa como Ceia no “Institutio Generalis”;

- As concelebrações;

- A substituição do latim pelo vernáculo;

- A comunhão dada na mão;

- A substituição do gregoriano por músicas populares, o emprego de instrumentos de percussão e cordas nas Igrejas;

- As missas-show, carismáticas etc.

 

CONCLUSÃO

"O Novus Ordo foi concebido com o propósito de favorecer um falso ecumenismo, esmaecendo a fé", "a Nova Missa pode ser lícita e válida, mas a intenção que presidiu a sua elaboração a torna intrinsecamente perversa e perigosa". A essas objeções, Dom Guy Oury, do célebre mosteiro de Solesmes, comentou: "Se fosse realmente assim, compreender-se-ia que os católicos fiéis estivessem justamente alarmados em sua fé; a resistência tornar-se-ia mesmo um dever"

Ora, como nota Louis Salleron, ainda que estas duas objeções devessem ser formuladas um pouco diferentemente, é realmente assim. Por isso, a resistência é um dever18.

 

* * *  

Encerramos deixando ao leitor a tarefa de julgar. As evidências são copiosas. Como negar, sem má-fé, que é protestantizante o novo rito, não apenas em sua intenção, não apenas no entender dos protestantes, mas naquilo mesmo que o constitui?

O leitor desejoso de se aprofundar no assunto poderá ler alguns dos trabalhos que foram publicados nesse sentido:

- A Missa de Lutero, por Mons. Lefebvre;

- Protestantização Litúrgica (Sim Sim Não Não, no. 69);

- Carta Aberta aos Católicos Perplexos, cap. IV, de Mons. Lefebvre.

- “A Teologia do Sacrifício da Missa”, por D. Licínio Rangel (Sim Sim Não Não, Julho/2001);

- "Solesmes et la Messe" (Itinéraires, no. 195), "En quoi la Nouvelle Messe est un échec " (no. 194), Louis Salleron.

- La Nouvelle Messe de Paul VI: Qu´en penser?”, Ia parte, cap. 5. de Arnaldo Xavier da Silveira “

- “A Missa Nova, um caso de Consciência” e “Católicos, Apostólicos, Romanos”, padres de Campos.

Sobre a Missa tradicional, oferecemos ainda vários textos no nosso site

 

* * *

Finalmente, jamais alegamos que a Nova Missa fosse herética ou inválida. A esse respeito, citamos palavras do próprio Mons. Lefebvre: “Evidente que a reforma litúrgica atual se inspira na reforma de Lutero. Eu disse isso, em Roma, a muitos Cardeais: “Vossa nova Missa é a Missa de Lutero!” A isso me foi respondido: “Mas então ela é herética!” E eu respondi: “Não, ela não é herética, mas é ambígua, equívoca, pois um pode celebrá-la com a fé católica integral do Sacrifício, da Presença Real, da Transubstanciação e outro pode celebrá-la sem ter essa intenção e, nesse caso, a Missa não será mais válida. As palavras que ele pronuncia e os gestos que ele faz não o contradizem. Ela é equívoca, sim, equívoca. E certamente Lutero, durante muitos anos, a celebrou validamente, quando ele ainda não estava contra o Sacrifício, quando ele era ainda mais ou menos católico. Porém, mais tarde, quando ele recusou o Sacrifício, o Sacerdócio, a Presença Real, então sua Missa passou a não ter mais validade”19.

  1. 1. Emission de Radio-Courtoisie, 19/12/1993. “A intenção de Paulo VI, a respeito da liturgia católica, foi reformá-la de modo a quase coincidir com a liturgia protestante (...) Repito, Paulo VI fez tudo quanto estava em seu poder para aproximar a missa católica – afastando-se do Concílio de Trento – da Ceia protestante (...) Há em Paulo VI uma intenção ecumênica de apagar, ou ao menos de corrigir, ou de abrandar, o que na Missa há de demasiadamente católico, no sentido tradicional, e de aproximar a Missa católica da missa calvinista”.
  2. 2. “A missa nova, um problema de consciência”, padres de Campos.
  3. 3. Como consta de “La Documentation Catholique”, de 3 julho de 1983, n.1085, páginas 696 e 697. Citado em “A Renovação da Celebração da Missa”, Francisco Lafayette.
  4. 4. “La nouvelle messe est d´esprit protestant”, Mons. Lefebre, “La Libre Belgique”, 25/9/76. Reproduzido de “Le mouvement Liturgique”, Abbé Didier Bonneterrre, ed. Fideliter.
  5. 5. A Missa de Lutero, conferência de Mons. Lefebvre.
  6. 6. A “Renovação” da celebração da Missa, Francisco Lafayette.
  7. 7. A Intervenção Ottaviani (http://www.permanencia.org.br/revista/atualidades/ottaviani.htm)
  8. 8. Em entrevista para a revista “30 dias”, julho de 1991.
  9. 9. Publicado em La Pensée Catholique, no. 122.
  10. 10. “A missa nova, um problema de consciência”, padres de Campos.
  11. 11. Jean Rilliet, “Zwingle, le Troisième Homme de la Réforme”, 1959 – citado por “La Contre-Réforme Catholique au XX Siècle”, no. 26, novembro de 1969, p. 1.
  12. 12. “A Teologia do Sacrifício da Missa”, D. Licínio Rangel.
  13. 13. A Missa da Tradição e a Missa Nova, nov/2001, Sim Sim Não Não.
  14. 14. Ibidem.
  15. 15. Além do Padre d'Elboux, escreveram Gustavo Corção, Gladstone Chaves de Melo ("A Tradução da Nova Missa" e "Ainda a Nova Missa", respectivamente 2/01 e 3/01/70; "Ainda a Missa", Mar/70; "Erros e Heresias Acobertados pela Tradução Brasileira da Missa", Jun/70), o Cônego Ludovico Rosano ("Traduttore, Traditore" em 17/02;"Carta de Uma Padre Católico" em 7/03/70). Como relata ainda o mesmo Pe. D'Elboux ("Ainda a tradução do Novo Missal", Set/73), Dom Fernandes, de Londrina, chegara a preparar uma lista de "erros" de tradução ainda maior que a sua.
  16. 16. Conferência pronunciada no Encontro dos Liturgistas do Brasil. in A Sagrada Liturgia — 40 anos depois", estudos da CNBB no. 87. Editora Paulus, São Paulo, 2003.
  17. 17. “A Missa da Tradição e a Missa Nova”, nov/01, Sim Sim Não Não.
  18. 18. "Solesmes et la Messe", Louis Salleron, Itinéraires, 195.
  19. 19. “A Missa de Lutero”, Mons. Lefebvre.
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