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Anexo 5: Boletim do Seminário St. Thomas Aquinas

Boletim do SEMINÁRIO ST THOMAS AQUINAS

Winona Minnesota-USA                                                                Fevereiro 2001

 

Caros amigos e benfeitores,

Como muitos de vocês devem saber, contatos oficiais foram renovados entre Roma e a Fraternidade São Pio X nos últimos meses. Teoricamente todos deveríamos nos sentir reconfortados por essa prova de que depois de tudo, a Fraternidade não é uma "não-entidade" aos olhos de Roma, como desde 1988 vem se fingindo. Na prática, todos esses boatos estão circulando e muitos católicos que amam a sua Fé estão ansiosos. O que afinal está se passando?
Agora, por outro lado, ninguém que seja um pouco razoável esperaria que, na minha posição, eu viesse a público revelar tudo o que eu sei. Por outro lado, os interesses da Fraternidade são os interesses de qualquer católico, portanto nesse sentido, todo Católico tem um ponto de referência na Fraternidade e nesse mesmo sentido é razoável que seja dito, a todo Católico interessado na matéria, o que possa ajudar-lhe a compreender os assuntos envolvidos, para que possam tomar parte na defesa da Santa Madre Igreja, seja lá qual for o lugar que Nosso Senhor lhes assinalou no campo de batalha. Para isso é bem menos importante saber exatamente o que está acontecendo do que saber por que acontece o que está acontecendo. Do mesmo modo, a essa altura dos acontecimentos, nenhum de nós sabe exatamente qual será o resultado dos recentes contactos, mas todos nós precisamos saber como reagir se isso ou aquilo vier da parte deles. 

Primeiramente, quero deixar bem claro que a iniciativa desses últimos contatos partiu de Roma. Foi Roma que buscou os últimos contatos com a Fraternidade no último verão e não o contrário. Do Cardeal Castrillon Hoyos partiu a iniciativa, com uma carta para cada um dos quatro bispos a qual iniciava com as seguintes palavras: "Meus caros Irmãos", e declarando que os braços do Papa estavam abertos para nos abraçar. 

Em segundo lugar, era inevitável que Roma reabrisse os contatos com a Fraternidade, obviamente não porque a Fraternidade é a Fraternidade ou por causa dos seus lindos olhos azuis ou qualquer outro atrativo. Mas porque, pela graça de Deus, e pela medida da cooperação humana com Sua graça, ocorre que a Fraternidade conseguiu guardar o Depósito da Fé; se as próprias autoridades da Igreja de Cristo o perderam, deverão então rondar feito mariposas em torno a uma chama. Conseqüentemente, se a Fraternidade perdesse o Depósito – o que humanamente falando seria possível – e se Roma continuasse a rejeitar esse mesmo Depósito, então amanhã Roma se encontraria rondando em torno de qualquer outra chama que subseqüentemente Deus acenderia para tomar o lugar da Fraternidade desviada.

Em terceiro lugar, na medida em que uma organização como a Fraternidade São Pio X se mantém na Verdade, ao passo que Roma não, então para todos os propósitos católicos, a Fraternidade está no volante e qualquer comportamento, forma, tamanho ou tipo de negociação que permitisse essa Roma tomar novamente o volante [sem se converter], seria equivalente a uma traição à Verdade. Naturalmente que a partir do momento em que Roma retornasse à Verdade, Roma estaria de volta ao volante, porque foi assim que Nosso Senhor construiu a Sua Igreja: Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja (Mt XVI,16). 

Todavia, como Pedro tem demonstrado por um prolongado período de tempo, como tem feito até agora, tanto por palavras como, acima de tudo, por ações, que perdeu a Verdade, então por mais que uma organização na posição da Fraternidade anseie de modo sobrenatural em se refugiar sob o manto de Roma, o ônus da prova compete àqueles que dizem que é chegado o momento de negociar, e não àqueles que dizem que esse momento ainda não chegou. Entrar em negociação, depois de tanto tempo, sem essa prova, seria quase que uma virtual traição à Verdade. 

E isso porque, em quarto lugar, as autoridades da Igreja Romana são mestres em negociar, em lidar, manobrar ou neutralizar seus opositores. Eles possuem cérebros de primeira classe, rede de informantes e de informação de porte estatal e 2000 anos de experiência em isolar com astúcia os que ousam contrariá-los. Quando todos esses recursos são usados verdadeiramente a serviço de Nosso Senhor os resultados são magníficos. Mas quando são usados, como hoje, a serviço do Vaticano II, então automaticamente a Fraternidade corre perigo, se tentar fechar um acordo com esses Romanos. Nosso Senhor disse a seus discípulos: "Eu vos envio como ovelhas em meio a lobos", mas isso não é desculpa para ninguém se colocar na garganta do lobo, a não ser em caso de extrema necessidade. É verdade que os de Roma podem sempre se converter, mas novamente, devida à folha de serviços apresentada nesses últimos 40 anos, então o ônus da prova compete àqueles que alegam terem se convertido e não àqueles que assumem, pelos frutos demonstrados, que eles ainda continuam lobos, raposas e tubarões! 

Todavia, em quinto lugar, Roma sendo ainda, por desígnio de Nosso Senhor, o comando central da Igreja Católica, segue-se que se uma organização como a Fraternidade, puder, através de negociações, obter importantes concessões dos "tubarões’, então tais concessões podem beneficiar a Igreja Universal e esse é o melhor resultado que deve tentar. Mas e se os "tubarões" permanecem tubarões, a serviço por exemplo, do Vaticano II, como eles poderiam por em prática com honestidade tais concessões? E se em troca eles conseguirem colocar uma coleira ou mordaça na Fraternidade que, até então, continuava livre para servir a Deus do melhor modo possível? O que a Fraternidade terá ganho em troca da liberdade de servir ao Deus que ela terá perdido?

Além do mais, em sexto lugar, mesmo se as negociações, por todos os motivos que já foram citados, não chegarem a lugar nenhum, então o simples fato de terem entrado em negociação terá contado a favor de Roma e contra uma organização na posição da Fraternidade. E isso porque qualquer organização resistindo à Roma em crise sofre uma inevitável tensão interna entre o desejo de estar próxima à Madre Roma e o de manter-se afastada do leprosário neo-modernista. Dessa forma, os membros da Fraternidade se inclinarão uns para o lado dos que são a favor, outros para o lado dos que são contra qualquer negociação. Deixem que Roma faça pelo menos uma oferta calculada que agrade a alguns na mesma medida em que desagrada a outros, e a Fraternidade se inclinará ao ponto de ruptura. Roma terá então dividido, senão conquistado.

Em 1921 os rebeldes irlandeses combateram o Império Britânico até paralisá-lo. Com muita astúcia os britânicos pararam de lutar e ofereceram um Tratado de Paz que dividiu a Irlanda ao meio. O resultado imediato foi que em 1922, ao invés de combater os britânicos, os irlandeses começaram a se combater uns aos outros! Naquele tempo, os ingleses se tornaram os astutos governadores de um grande Império, mas comparados com os atuais oficiais da Igreja de Roma, os ingleses não passavam de meros amadores!

Tudo isso significa que, em sétimo lugar, uma organização na posição da Fraternidade corre o risco de cair na mesma armadilha Romana. No melhor dos casos, tais negociações nos obteriam inseguras concessões em troca de uma segura perda de liberdade. No pior dos casos não lucraríamos nada e ainda sairíamos divididos na barganha. Prudentes depois do evento, poderíamos dizer que a melhor alternativa para a Fraternidade dentro das circunstâncias seria não falar com Roma de modo algum, mas isso para Católicos, é mais fácil ser dito do que ser feito.

Todavia, em oitavo lugar e finalmente, "A Verdade é poderosa e prevalecerá". O que é uma característica única da Igreja Católica entre todas as organizações humanas na terra é que ela levanta-se com a verdade e cai com a mentira. A Roma neo-modernista tem caído com as inverdades do Vaticano II. A Fraternidade São Pio X, pelo menos até o ano 2001, tem crescido por ser fiel à Verdade da Tradição Católica. Tão logo Roma volte à Verdade – como certamente ela voltará – Roma ressurgirá novamente para a alegria de todos nós. Igualmente, se a Fraternidade se tornar infiel à Tradição, ela inevitavelmente e merecidamente cairá. Mas "não temais pequeno rebanho", como Nosso Senhor disse-nos: "Vosso Pai no Céu sabe que necessitais de todas essas coisas"( Lucas XII,32; Mt VI, 32). Almas que buscam a vontade de Deus jamais serão privadas dos meios para encontrá-Lo. E isso porque Deus criou o mundo inteiro apenas para que as almas viessem a Ele. Eis o motivo pelo qual Nosso Senhor no Domingo de Ramos disse aos fariseus que estavam furiosos com os discípulos que gritavam "Hosana ao Filho de Davi": "se os homens se calarem, as pedras proclamarão". ( Lc XIX,40).

Esta Roma pode então – no pior dos casos – ser bem sucedida em reduzir a Fraternidade São Pio X à paralisia e ao silêncio, mas se assim for, isso seria apenas por um justo julgamento de Deus e a Verdade apareceria em algum outro lugar. O que atualmente a Fraternidade merece? Só o tempo o dirá.

Pessoalmente, eu penso que nos Estados Unidos, na França, e de fato em todo o mundo, a maioria dos padres da Fraternidade está silenciosamente trabalhando nas catacumbas para santificar e salvar almas e que tal obra humilde é abençoada por Deus. Portanto eu creio que a maioria dos padres da Fraternidade – e os leigos que estão com eles – serão preservados por Deus de caírem na corrupção Romana. Todavia, mesmo que desta vez eu esteja certo, certamente haverá um próximo ataque à Fraternidade, feito ou pelo demônio ou por Roma, e uma vez que esses dias são aqueles que se não fossem abreviados nem mesmo os eleitos se salvariam, então não sei se a Fraternidade sobreviverá em sua presente forma até o dia em que passar esses dias maus.

Mas não importa se sobreviverá ou não, ou se eu sei ou não. Eu não tenho que me preocupar hoje com os problemas de amanhã- "a cada dia basta seus próprios cuidados" (Mt VI,34). Deixem que eu seja o melhor Católico que eu possa ser, dia após dia e o resto eu deixo nas mãos de Deus. O resto é problema DELE!

Caros leitores, a primavera não está muito longe quando alguém olha ao seu redor e repete com o poeta:

"The world is so full of such wonderful things,  
Why  can't we all be  just  as happy as kings?"  

"O mundo está repleto de coisas maravilhosas,
por que não podemos ser todos felizes como reis
?"

Ninguém será capaz de se livrar de Deus, por mais que possa tentar. Assim, para todos os propósitos, vamos rezar pela Fraternidade São Pio X, porque as coisas serão muito mais fáceis se ela permanecer unida. Mas ao mesmo tempo, estejamos preparados. Se as coisas seguirem o caminho da carne, que não sejamos sacudidos pelo pânico. "Só Deus basta" (Santa Tereza d' Ávila).

Que Ele vos ame e vos abençoe.

Em Cristo
Dom Richard Williamson

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