Alocução de
PIO XII
Sobre a Educação da Infância
1. Diante desta magnífica reunião, que reagrupa hoje em torno de Nós em tão grande número as mães de família, juntamente com as Religiosas, as mestras, as delegadas das crianças da ação Católica Italiana, as apóstolas da infância, as monitoras e assistentes das colônias, o Nosso olhar e o Nosso coração transpõem os limiares desta sala e volvem-se para os confins da Itália e do mundo, Abraçando em Nosso abraço de Pai comum todas as queridas crianças, flores da humanidade, alegria de suas mães (Sl 112, 9); enquanto o Nosso pensamento comovido recorda o imortal Pontífice Pio XI que, na Encíclica Divini illius Magistri de 3 de Dezembro de 1929, tão altamente tratou da educação cristã da juventude. Sobre este grave argumento ele, depois de ter sabiamente determinado a parte que compete à Igreja, à família, e ao Estado, notava com dor como tantas vezes os pais pouco ou nada se preparam para cumprir a sua missão de educadores; mas, não tendo podido naquele claro e vasto documento tocar de propósito também nos pontos que se referem à educação familiar, suplicava em nome de Cristo aos Pastores de almas que se servissem de todos os meios, nas homilias e no catecismo, de viva voz e por meio de folhas escritas largamente divulgadas, para que os pais cristãos aprendam bem, e não só genericamente, mas em particular, os seus deveres sobre a educação religiosa, moral e civil dos filhos, e os métodos mais adequados – além do exemplo da sua vida – para alcançar eficazmente tal fim (Cf. AAS, vol. XXII, 1930, p. 73-74. – DP nº 7).
2. Através dos Pastores de almas o grande Pontífice dirigia a sua exortação aos progenitores, pais e mães conjuntamente; mas Nós julgamos também corresponder àquele desejo do Nosso venerando Predecessor, reservando esta especial Audiência para as mães de família e outras educadoras das crianças. Se a Nossa palavra se dirige a todos, mesmo quando falamos aos novos esposos, é para Nós doce nesta ocasião propícia dirigirmo-Nos designadamente a vós, filhas diletas, porque nas mães de família – juntamente com as piedosas e experimentadas pessoas que as auxiliam – Nós vemos as primeiras e mais íntimas educadoras das almas das crianças que devem crescer na piedade e na virtude.
3. Não nos deteremos aqui a recordar a grandeza e a necessidade desta obra de educação no lar doméstico nem a estrita obrigação que a mãe tem de se lhe não subtrair, de a não deixar a meio, de se não lhe dedicar negligentemente. Falando às Nossas queridas filhas da Ação Católica, Nós bem sabemos que naquela obrigação elas vêem o primeiro dos seus deveres de mães cristãs e uma missão em que ninguém poderia plenamente substituí-las. Mas não basta ter a consciência de um dever e vontade de o cumprir: é preciso, além disso, pôr-se em condições de o cumprir bem.
4. Ora – vede a coisa estranha que Pio XI também lamentava na sua Encíclica – enquanto não passaria pela cabeça de ninguém fazer-se de repente, sem tirocínio nem preparação, operário mecânico ou engenheiro, médico ou advogado, todos os dias não poucos rapazes e moças desposam-se e unem-se sem nem sequer por um instante ter pensado na preparação para os árduos deveres que os esperam na educação dos filhos. E contudo, se S. Gregório não duvidou chamar a todo o governo das almas ars artium, a arte das artes (“Regul. Pastor.”, l. I, c. I – Migne PL, t. 77, col.14), é certamente arte difícil e laboriosa a de plasmar bem as almas das crianças; almas tenras, fáceis em deformar-se por impressões imprudentes ou por falsos estímulos, almas das mais difíceis e delicadas de se guiarem, nas quais muitas vezes, mais que na cera, uma influência funesta ou um descuido culpável bastam para lhes imprimir vestígios indeléveis e malignos. Felizes aquelas crianças que encontram na mãe junto do berço um segundo anjo da guarda para a inspiração e o caminho do bem! Enquanto, por isso, Nos congratulamos convosco por tudo o que já tendes feito, não poderemos, senão com novo e mais quente entusiasmo, animar-vos a desenvolver cada vez mais as belas instituições que, como a Semana da Mãe, se esforçam eficazmente por formar em toda a ordem e classe social educadoras que sintam a altura da sua missão, prudentes no espírito e na conduta perante o mal, seguras e solícitas para o bem. Em tal sentimento de mulher e de mãe está toda a dignidade e a reverência da fiel companheira do homem, a qual, como coluna, é o centro, o sustentáculo e o farol do lar doméstico; pelo que a sua luz se torna exemplo e modelo numa paróquia e irradia daí até as reuniões femininas que por sua vez se iluminam com ela.
5. E uma particular e oportuna luz difunde a vossa União de Ação Católica mediante as organizações do Apostolado do Berço e da Mater Parvulorum, com as quais tomais a peito formar e auxiliar as jovens esposas já antes do nascimento de seus filhos e depois durante a primeira infância. À semelhança dos anjos, vós vos tornais guardas da mãe e da criatura que ela traz no seio (Cfr. S. Tomás, I p., q. 113, a. 5, ad 3.); e, quando nasce a criancinha, vos debruçais sobre o berço, e assistis à mãe, que com o seio e os sorrisos alimenta no corpo e na alma um anjo do céu. À mãe foi dada por Deus a missão sagrada e dolorosa, mas também fonte de puríssima alegria, da maternidade (Jo 16, 21), e à mãe é, mais que a outrem, confiada a educação primeira da criança, nos primeiros meses e anos. Não falaremos de ocultas heranças transmitidas pelos pais aos filhos, da influência tão importante na futura fisionomia do seu caráter; herança que por vezes acusa a vida desregrada dos pais, tão gravemente responsáveis por tornar com o seu sangue talvez bem difícil aos seus filhos uma vida verdadeiramente cristã. Ó pais e mães, a quem a fé de Cristo santificou o mútuo amor, preparai, já antes do nascimento do filho, o candor da atmosfera familiar, em que os seus olhos e a sua alma se abrirão à luz e à vida; atmosfera que deixará o bom odor de Cristo em todos os passos do seu progresso moral.
6. Vós, ó mães, que, porque sois sensíveis, sois também mais ternamente amadas, durante a infância dos vossos filhos devereis segui-los a toda hora e instante com o vosso olhar vigilante, e velar pelo seu crescimento e pela saúde de seu pequenino corpo, porque é carne da vossa carne e fruto das vossas entranhas. Pensai que aquelas crianças, adotadas no batismo como filhos de Deus, são as almas prediletas de Cristo, cujos anjos vêem sempre a face do Pai celeste (Mt 18, 10). Também vós no guardá-los, no fortalecê-los, no educá-los, deveis ser outros anjos, que no vosso zelo e vigilância olhais sempre para o céu. Desde o berço deveis iniciar a educação não só corpórea mas também espiritual; porque se os não educais vós, eles mesmos educar-se-ão a si, bem ou mal. Recordai que não poucos traços, mesmos morais, que vedes no adolescente e no homem adulto, têm realmente origem nas formas e nas circunstâncias do primeiro crescimento físico na infância: hábitos puramente orgânicos contraídos em pequenos mais tarde tornar-se-ão talvez duro obstáculo para a vida espiritual da alma. Vós fareis, portanto, tudo por que os cuidados tidos com os vossos filhos estejam de acordo com as exigências da higiene perfeita, de forma a preparar neles e a fortalecer, para o tempo em que lhes alvorecer o uso da razão, faculdades corpóreas e órgãos sãos, robustos, sem desvios de tendências; eis por que muito é de desejar que, salvo o caso de impossibilidade, a mãe amamente ela própria o filho do seu seio. Quem pode descobrir as misteriosas influências que no crescimento daquela criança exerce a ama de quem depende inteiramente no seu desenvolvimento?
7. Nunca tendes observado aqueles olhinhos abertos, perscrutadores, irrequietos, que correm mil objetos fixando-se sobre este ou sobre aquele, que seguem um movimento ou um gesto, que já revelam alegria ou tristeza, cólera e teimosia e indícios de paixõezinhas que se aninham no coração humano, antes ainda que os pequeninos lábios tenham aprendido a articular uma palavra? Não vos admireis. Não se nasce – como ensinaram certas escolas filosóficas – com as idéias de uma ciência inata nem com os sonhos de um passado já vivido. A mente de uma criança é página em que nada vem escrito do seio da mãe: escreverão aí as imagens e as idéias das coisas, no meio das quais venha a encontrar-se hora a hora, desde o berço ao túmulo, os seus olhos e os outros sentidos externos e internos, que durante a vida lhe transmitem a vida do mundo. Por isso um irresistível instinto de verdade e de bem arrasta “l’anima semplicetta che sa nulla” (Dante, Purg. 16, 88) para as coisas sensíveis; e toda esta sensibilidade, todas estas sensações infantis, por cuja via se vêm lentamente revelando e despertando a inteligência e a vontade, têm necessidade de educação, de ensinamento, de vigilante direção, indispensável, a fim de que não fique comprometido ou deformado o despertar normal e a reta orientação de tão nobres faculdades espirituais. Desde então a criança, sob um olhar amoroso, sob uma palavra de direção, deverá aprender a não ceder a todas as suas impressões, a distinguir com o alvorecer da razão e a dominar o vaivém das sensações, a iniciar, numa palavra, sob a direção e o conselho materno, o caminho e a obra da educação.
8. Estudai a criança na idade tenra. Se a conhecerdes bem, educá-la-eis bem; não tomareis a sua natureza ao avesso, ao contrário; aprendereis a compreendê-la, a ceder não fora de tempo: nem todos têm boa índole os filhos dos homens!
9. Educai a inteligência dos vossos filhos. Não lhes deis falsas idéias ou falsas razões das coisas; não respondais às suas perguntas, quaisquer que sejam, com gracejos ou com afirmações não verdadeiras, a que a sua mente raras vezes se sujeita; mas aproveitai-as para dirigir e amparar, com paciência e amor, a sua inteligência, a qual não anseia senão por abrir-se à posse da verdade e aprender a conquistá-la com os passos ingênuos do primeiro raciocinar e refletir. Quem jamais poderá dizer o que tantas magníficas inteligências humanas devem a estas longas e confiantes perguntas e respostas da puerícia, dialogadas no lar doméstico?
10. Educai o caráter dos vossos filhos; atenuai-lhe ou corrigi-lhe os defeitos, acrescentai-lhe e cultivai-lhe as boas qualidades, e coordenai-lhas com aquela firmeza que prepara e denuncia a fortaleza dos propósitos no curso da vida. As crianças, enquanto crescem, sentindo acima de si, à medida que começam a pensar e a querer, a vontade paterna e materna sã, isenta de violências e de cólera, constante e forte, não inclinada a fraquezas ou incoerências, aprenderão com o tempo a ver nela o intérprete de vontade mais alta, a de Deus, e desta guisa hão de inserir e enraizar na alma os primeiros e poderosos hábitos morais que formam e sustentam o caráter, pronto a dominar-se nas mais diversas dificuldades e contrariedades, intrépido para não recuar nem diante da luta nem em face do sacrifício, penetrado de um profundo sentimento do dever cristão.
11. Educai o coração. Que destinos, que alterações, que perigos tantas vezes preparam nos corações das crianças as complacentes admirações e elogios, as solicitudes imprudentes, as adocicadas condescendências de pais cegos por um mal compreendido amor, que habituam aqueles pequeninos e volúveis corações a ver tudo mover-se e gravitar em torno de si, dobrar-se às suas vontades e caprichos, e assim lançam neles as raízes de egoísmo desenfreado de que os próprios pais serão mais tarde as primeiras vítimas! Castigo, não menos freqüente que justo, daqueles cálculos egoístas, com que se recusa ao filho único a alegria de pequeninos irmãos, os quais, participando com ele no amor materno, o teriam desviado de pensar só em si. Quantas íntimas e poderosas capacidades de afeto, de bondade e de dedicação dormem no coração das crianças! Vós, ó mães, as despertareis, as cultivareis, as dirigireis, as elevareis para quem deve santificá-las, para Jesus, para Maria: a Mãe celeste abrirá aquele coração à piedade, ensinar-lhe-á com a oração a oferecer ao divino Amigo dos pequeninos os seus cândidos sacrifícios e as suas inocentes vitórias, a sentir também compaixão pelos pobres e miseráveis. Ó feliz primavera da infância sem procelas nem ventos!
12. Virá porém o dia em que este coração de criança sentirá despertar em si novos impulsos, novas inclinações que perturbam o céu formoso da primeira idade. Nessa provação ó mães, recordai que educar o coração é educar a vontade contra as seduções do mal e as insídias das paixões: naquela passagem da inconsciente pureza da infância para a pureza consciente e vitoriosa da adolescência o vosso ofício será capital. Pertence a vós preparar os vossos filhos e as vossas filhas para atravessar resolutos, como quem passa entre serpentes, aquele período de crise e de transformação física sem perder nada da alegria da inocência, mas conservando aquele natural e particular instinto do pudor, com que a Providência quer cingida a sua fronte como freio das paixões muito fáceis em transviar-se. Aquele sentimento do pudor, suave irmão do sentimento religioso, na sua espontânea vergonha, em que hoje pouco se pensa, vós evitareis que se perca nos vestidos, no adorno, na familiaridade pouco decorosa, em espetáculos e representações imorais, vós torná-lo-eis cada vez mais delicado e vigilante, sincero e puro. Vós vigiareis atentamente seus passos; não deixareis que o candor das suas almas se manche e se estrague em contato com companheiros já corrompidos e corruptores; vós inspirar-lhe-eis alta estima e zeloso amor pela pureza, dando-lhes por guarda fiel a materna proteção da Virgem Imaculada. Vós, enfim, com a vossa perspicácia de mães e de educadoras, graças à confiança amorosa que sabereis conquistar nos vossos filhos, não deixareis de perscrutar e discernir a ocasião e o instante, em que certas questões ocultas, revelando-se-lhes ao espírito, terão dado origem a especiais perturbações nos sentidos. Tocará então a vós para as vossas filhas, ao pai para vossos filhos – no que se julgar necessário – levantar cautelosamente, delicadamente, o véu da verdade, e dar-lhes resposta prudente, justa e cristã àquelas perguntas e inquietações. Recebidas dos vossos lábios de pais cristãos, na hora oportuna, na devida medida, com todas as devidas cautelas, as revelações sobre as misteriosas e admiráveis leis da vida serão ouvidas com reverência mista de gratidão, iluminar-lhes-ão as almas com muito menor perigo que se as aprendessem ao acaso, de encontros escusos, de conversações clandestinas, na escola de companheiros de pouca confiança e demasiadamente entendidos por meio de leituras ocultas, tanto mais perigosas e perniciosas, quanto mais o segredo inflama a imaginação e excita os sentidos. As vossas palavras, se sensatas e discretas, poderão ser salvaguarda e conselho no meio das tentações da corrupção que os cerca, “che saetta previsa vien piú lenta” (menos magoa a seta ao que a pressinta - Dante, Paraíso 17, 27).
13. Mas nesta magnífica obra da educação cristã dos vossos filhos e das vossas filhas vós certamente compreendereis que a formação doméstica, por sábia e íntima que seja, não basta, mas deve ser completada e acaba com o poderoso auxílio da religião. Ao lado do sacerdote, cuja paternidade e autoridade espiritual e pastoral sobre os vossos filhos desde a sagrada fonte batismal se ergue ao vosso lado, vós deveis fazer-vos seus cooperadores naqueles primeiros rudimentos de piedade e de catecismo que são o fundamento de toda a sólida educação, e dos quais também vós, primeiros mestres dos vossos filhos, convém que tenhais conhecimento suficiente e sólido. Como podereis ensinar o que ignorais? Ensinai a amar a Deus, Jesus Cristo, a Igreja, nossa mãe, os Pastores da Igreja que vos guiam. Amai o catecismo e fazei-o amar aos vossos filhos: ele é o grande código do amor e do temor de Deus, da sabedoria cristã e da vida eterna.
14. Na vossa obra educativa, que não pode restringir-se a alguns aspectos, sentireis além disso a necessidade e a obrigação de recorrer a outros auxiliares: escolhei-os cristãos como vós e com todo o cuidado que merece o tesouro que lhes confiam: a fé, a pureza, a piedade dos vossos filhos. Mas, uma vez escolhidos, não vos reputeis por isso mesmo livres e quites dos vossos deveres e da vossa vigilância; vós deveis colaborar com eles. Sejam embora quanto quiserdes eminentes educadores aqueles mestres e aquelas mestras; pouco conseguirão fazer pela educação dos vossos filhos, se não unirdes à sua ação a vossa. Que aconteceria, pois, se esta, em vez de auxiliar e confortar a sua obra, viesse precisamente opor-se-lhe e contrariá-la? Se as vossas fraquezas, se as vossas opiniões inspiradas num amor que não será senão disfarce de egoísmo mesquinho, destruíssem em casa o que foi bem feito na escola, no catecismo, nas associações católicas, para moderar o caráter e dirigir a piedade dos vossos filhos?
15. Mas – dirá alguma mãe – as crianças de hoje são tão difíceis de dominar. Com aquele meu filho, com aquela minha filha, não se pode fazer nada, não se consegue nada. – É verdade: aos doze ou aos quinze anos não poucos rapazes e raparigas são intratáveis, mas por quê? Porque aos dois ou aos três anos tudo lhes foi concedido e permitido, tudo lhes foi perdoado. É verdade: há temperamentos ingratos e rebeldes: mas porventura aquela criança reservada, teimosa, insensível, deixa por tais defeitos de ser vosso filho? Amá-lo-íeis menos que os seus irmãos, se fosse doente ou aleijado? Deus também vos confiou esse: não o deixeis vir a ser o refugo da família. Ninguém é tão feroz que se não amanse com a dedicação, a paciência, o amor; e será caso muito raro que naquele terreno pedregoso e silvestre não alcanceis fazer nascer alguma flor de submissão e de virtude, contanto que com rigores parciais e desarrazoados não corrais o risco de desanimar naquela pequenina alma altiva o fundo de boa vontade que ela encerra. Vós falsearíeis toda a educação dos vossos filhos, se um dia descobrissem em vós (e Deus sabe se têm olhos para tanto!) predileções entre irmãos, preferências de favor, antipatias para um ou outro: para vosso bem e da família é preciso que todos sintam, que todos vejam, na vossa ponderada serenidade, como nos vossos doces entusiasmos e nas vossas carícias, um amor igual, que não faz distinção entre eles senão no corrigir o mal e no promover o bem. Não os recebestes a todos igualmente de Deus?
16. A vós, ó mães de família cristãs, foi dirigida particularmente a Nossa palavra; mas juntamente convosco vemos hoje em torno de nós uma coroa de Religiosas, de mestras, de delegadas, de apóstolas, de guardas, de assistentes, as quais consagram à educação e à reeducação da infância todo o seu esforço e trabalho; não são mães pelo sangue da natureza, mas por impulso de amor pelas crianças, tão queridas de Cristo e da sua Esposa, a Igreja. Sim: também vós, que estais ao lado das mães cristãs como educadoras, sois mães, porque tendes coração de mãe, e nele palpita a chama da caridade que o Espírito Santo difunde nos vossos corações. Nesta caridade, a caridade de Cristo que vos arrasta para o bem, vós encontrais a luz, o conforto e o programa que vos aproxima das mães, dos pais e seus filhos; e de tão exuberantes rebentos da sociedade, esperanças dos pais e da Igreja, vós fazeis uma família cada vez maior de vinte, cem, de milhares e milhares de meninos e crianças, dos quais mais altamente educais a inteligência, o caráter e o coração, elevando-os a um ambiente espiritual e moral, onde brilham com a alegria da inocência a fé em deus e a reverência para com as coisas santas, a piedade para com os pais e para com a pátria. O louvor e a Nossa gratidão juntamente com o reconhecimento das mães vão para vós. Educadoras como essas trazei-as, ponde-as à frente das vossas escolas, nos vossos asilos e colégios, nas vossas associações; irmãs de uma maternidade espiritual que os lírios coroam.
17. Que missão maravilhosa, e em nossos tempos cheia de graves obstáculos e dificuldades, ó mães cristãs e diletas filhas, - quantas vos cansais em cultivar as crescentes vergônteas das oliveiras familiares – cuja beleza Nós revelamos apenas num ou outro ponto! Como se engrandece no Nosso pensamento a mãe dentro das paredes do lar doméstico, por Deus destinada a ser junto do berço a ama e a educadora dos seus filhos! Admirai a sua operosidade, que talvez fôssemos tentados a julgar insuficiente para as necessidades, se a onipotente graça divina não estivesse ao seu lado para iluminar, dirigir, sustentar nas ansiedades e nas canseiras cotidianas; se a colaborar com ela na formação daquelas almas juvenis não inspirasse e chamasse outra educadora de coração e ação que rivaliza com ela em afeto. Enquanto portanto imploramos ao Senhor que vos cumule a todas da superabundância dos seus favores e desenvolva a vossa multiforme obra em prol da infância a vós confiada, concedemo-vos do coração, como penhor das mais eleitas graças celestes, a nossa paterna Bênção Apostólica.
Na festa de Cristo Rei (26 de outubro de 1941) Sua Santidade Pio XII recebeu em Audiência especial numerosos grupos de membros da União de Senhoras da Ação Católica de Roma e de Lácio, que se dedicam à sublime missão da educação de crianças. Nesta ocasião o Santo Padre pronunciou este discurso.
I M P R I M A T U R: POR COMISSÃO ESPECIAL DO EXMO. E REVMO. SR. DOM MANUEL PEDRO DA CUNHA CINTRA, BISPO DE PETRÓPOLIS. FR. LAURO OSTERMANN, O. F. M. PETRÓPOLIS, 1-VI-1950.
EDITORA VOZES Ltda, PETRÓPOLIS, RJ, 1950.
RIO DE JANEIRO - SÃO PAULO