O quarto discute-se assim. – Parece que o ódio ao próximo é o gravíssimo dos pecados cometidos contra ele.
1. – Pois, diz a Escritura: Todo o que tem ódio a seu irmão é um homicida, Ora, o homicídio é o gravíssimo dos pecados cometidos contra o próximo. Logo, também o ódio.
2. Demais. – O péssimo se opõe ao ótimo. Ora, o que de ótimo compartimos com o próximo é o amor, pois, tudo o mais ao amor se refere. Logo, o ódio é o que há de péssimo.
Mas, em contrário. – Chama-se mal ao que prejudica, segundo Agostinho. Ora, mais do que pelo ódio, prejudicamos ao próximo, por outros pecados, como pelo furto, homicídio e o adultério. Logo, o ódio não é o gravíssimo dos pecados.
Demais. – Crisóstomo, expondo aquilo da Escritura daquele que quebrar um destes mínimos mandamentos - diz: Os mandamentos de Moisés - não matarás, não cometerás adultério – pouco recompensam os que os observam, mas pelos pecados que proíbem são grandes. Ao passo que os mandamentos de Cristo, a saber, não deves irar-te, não deves ceder à concupiscência, não grandes pela recompensa, mas mínimos pelos pecados que proíbem. Ora, o ódio, assim como a ira e a concupiscência, concernem ao movimento interior. Logo, o ódio ao próximo é menor pecado que o homicídio.
SOLUÇÃO. – O pecado cometido contra o próximo haure em dois elementos a malícia da sua natureza: da desordem de quem peca e do dano infligido aquele contra quem peca. Ora, do primeiro modo, o ódio é maior pecado que os atos exteriores nocivos ao próximo; porque, pelo ódio, desordena-se a vontade do homem, atributo importantíssimo dele, e onde se radica o pecado. Por onde, mesmo sem serem acompanhados da desordem da vontade, os atos exteriores desordenados não seriam pecados; assim, quem matasse um homem por ignorância ou zelo da justiça. E o que de culposo existir, aos pecados exteriores cometidos contra o próximo, vem totalmente do ódio interior. - Mas quanto aos danos causados ao próximo, são piores os pecados exteriores que o ódio interior.
Donde se deduzem claras as RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES.