O sétimo discute–se assim. – Parece que o estado dos religiosos é mais perfeito que o dos prelados.
1. – Pois, o Senhor diz: Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens e dá–o aos pobres; e isso a fazem as religiosas. Ora, a tal não estão obrigados os bispos, conforme a determinação seguinte: Os bispos, se o quiserem, podem deixar os seus bens próprios ou adquiridos, ou qualquer propriedade que tenham, aos seus herdeiros. Logo, as religiosos estão num estada mais perfeita que os bispos.
2. Demais. – A perfeição consiste mais principalmente na amar de Deus que na do próximo. Ora, a estada dos religiosos se ordena diretamente ao amar de Deus: par isso tira a sua denominação da serviço e da submissão a Deus, cama diz Dionísio. Aa passo que o estada dos bispos parece ordenar–se ao amar da próxima, à cura da qual devem superintender, donde lhes advém a nome, cama está clara em Agostinho. Logo, parece que a estada dos religiosos é mais perfeita que a dos bispos.
3. Demais. – O estado dos religiosos se ordena à vida contemplativa, mais excelente que a vida ativa, a que se ordena a estada dos bispos. Assim, diz Gregório: Isaías, querendo servir ao próximo pela vida ativa, desejava o ofício da pregação; enquanto que Jeremias, desejando unir–se estreitamente ao amor do Criador pela vida contemplativa, procurava eximir–se ao dever da pregação. Logo, parece que a estada dos religiosos é mais perfeita que a dos bispos.
Mas, em contrário. – Ninguém pode passar de um estado mais digna para outro menos digno porque seria olhar para trás. Ora, é passível passar do estado religioso para a episcopal, conforme um cânone, que dispõe: A ordenação sagrada faz do monge um bispo. Logo, a estado dos bispos é mais digna que a das religiosos.
SOLUÇÃO. – Cama diz Agostinho, o agente é sempre mais prestante que o paciente. Ora, no género da perfeição, segunda Dionísio, os bispos exercem a função de perficientes e os religiosos, de aperfeiçoados; assim, deles as primeiras exercem uma ação e as segundas sofrem uma paixão. Par ande, é manifesta que a estada de perfeição é mais excelente nos bispo que nas religiosas.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – A renúncia das riquezas pode ser considerada a dupla luz. – Primeira, enquanto atual. É então nela não consiste essencialmente a perfeição, pais, é apenas um instrumento desta, cama dissemos. Portanto, nada impede existir a estada de perfeição sem a renúncia dos bens próprios; a que também devemos dizer em relação às outras observâncias exteriores. – De outro modo, pode ser ela considerada como uma preparação que nos torna prontos, se necessário, a abandonar ou distribuir tudo. E isto pertence diretamente à perfeição. Par isso diz Agostinho: O Senhor mostra que os filhos da sabedoria entendem não constituir a santidade em absterse ou não de comer; mas na equanimidade em tolerar a pobreza. Donde o dizer a Apóstolo: Sei viver humilhado, sei também viver na abundância. Ora, os bispos sobretudo têm o dever, quando necessário, para a glória de Deus e a salvação do seu rebanho, de desprezar todos os seus bens ou de os distribuir aos seus pobres, ou de levar com contentamento que lhes roubem as suas fazendas, na expressão do Apóstolo.
RESPOSTA À SEGUNDA. – O fato mesmo de os bispos se aplicarem ao amor do próximo provém da abundância do divino amor. Por isso o Senhor perguntou primeiro a Pedra se o amava; e só depois cometeu–lhe a cura do seu rebanho. E Gregório diz: Se o encargo pastoral é uma prova de amor, todo aquele que possuindo as virtudes necessárias, se furta ao pastoreio do rebanho, dá provas por isso mesmo de não amar o divino Pastor. Ora, é sinal de maior amor servirmos também a outrem por amor do amigo do que querer servir só ao amigo.
RESPOSTA À TERCEIRA. – Diz Gregório: O prelado seja o primeiro na ação sem deixar de, mais que todos, viver enlevado na contemplação, porque tem o dever de contemplar, não só em beneficio próprio, mas ainda para instruir os outros. Por isso acrescenta: Aos homens perfeitos, ao sair da contemplação, é que se aplicam as palavras da Escritura –Eles difundirão sobre os outros a memória da tua suavidade.