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Art. 3 – Se os ofícios se distinguem pelos atos.

Parece que os ofícios não se distinguem pelos atos.

1. – Pois, são infinitas as diversidades dos atos humanos, tanto na ordem espiritual como na temporal. Ora o infinito não pode ser objeto de nenhuma distinção certa. Logo, as diversidades dos atos não podem fundar uma distinção certa dos ofícios humanos.

2. Demais. – A vida ativa se distingue da contemplativa pelos respectivos atos, como se disse. Ora, a distinção entre os ofícios é diferente da que existe entre as vidas. Logo, os ofícios não se distinguem pelos atos.

3. Demais. – As ordens, mesmo as eclesiásticas, os estados e os graus parece que se distinguem pelas atos. Se, pois, os ofícios se distinguem pelos atos, parece daí resultar a mesma distinção, fundada neles, entre os ofícios, os graus e os estados. Ora, isto é falso porque as partes destes se dividem diversamente. Logo, não parece que os ofícios se distinguem pelos atos.

Mas, em contrário, Isidoro diz, ofício é palavra derivada de eficiente, como se ofício viesse de efficium, com a mudança de uma só letra, para maior elegância do vocábulo. Ora, ser eficiente é próprio da ação. Logo, pelos atos se distinguem os ofícios.

SOLUÇÃO. – Como dissemos a diversidade de membros da Igreja se ordena a um tríplice fim: a perfeição, a ação e o decoro. E esta tríplice finalidade funda a tríplice diversidade dos fiéis. – Uma é relativa à perfeição; o que funda a diferença dos estados, por serem uns mais perfeitos que outros. – A outra é relativa à ação; e essa é a dos ofícios, pois, diremos terem ofícios diversos os que são destinados a atividades diversas. – A última é relativa à ordem da beleza eclesiástica, o que funda a diferença de graus, enquanto que num mesmo estado ou ofício, um é superior ao outro. Por isso, diz a Escritura, segundo outra letra: Deus será conhecido nos graus de Sião.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – A diversidade material dos atos humanos é infinita e por isso não distingue os ofícios. Distingue–os a diversidade formal, fundada nas diversas espécies dos atos, e pela qual os atos humanos não são infinitos.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Vida é vocábulo empregado em sentido absoluto. Por onde, a diversidade das vidas se funda nos diversos atos, que convêm ao homem como tal. Mas, a eficiência, donde deriva a palavra ofício, como se disse, implica uma ação tendente a um determinado fim, como diz Aristóteles. Por isso, os ofícios propriamente se distinguem pelos atos referentes a outrem; assim dizemos que um doutor tem o seu ofício, um juiz o seu e assim por diante. Donde o ensinar Isidoro que o ofício nos leva a agir de modo a não estorvarmos (officere) aos outros, isto é, não lhes prejudicarmos, mas a sermos útil a todos.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A diversidade dos estados, dos ofícios e dos graus tem fundamentos diversos, como se disse. Mas estados, ofícios e graus têm um mesmo ponto de convergência. Assim, quem é chamado a uma situação mais eminente, por isso mesmo adquire um ofício e um grau; e, além disso, entra num certo estado de perfeição, pela sublimidade da sua atividade, como se dá com o bispo. Quanto às ordens eclesiásticas, elas se distinguem especialmente pelos diversos oficias. Assim, diz Isidoro: Há muitos gêneros de ofícios, mas o principal é o que tem por objeto as causas sagradas e divinas.

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