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Art. 2 – Se a castidade é uma virtude geral.

O segundo discute–se assim. – Parece que a castidade é uma virtude geral.

1. – Pois, diz Agostinho, a castidade é um movimento ordenado da alma, que não submete o maior ao menor. Ora, isto é próprio de qualquer virtude. Logo, a castidade é uma virtude geral.

2. Demais. – O nome de castidade deriva de castiço. Ora, todos os movimentos da parte apetitiva devem ser castigados pela razão. E como todas as virtudes morais refreiam certos movimentos do apetite, parece que qualquer das virtudes morais é a castidade.

3. Demais. – A castidade se opõe à fornicação. Ora, parece que a fornicação pertence a todos os géneros de pecado, conforme à Escritura: Acabaste com todos os que se entregam à fornicação contra ti. Logo, a castidade é uma virtude geral.

Mas, em contrário, Macróbio a considera parte da temperança.

SOLUÇÃO. – O nome de castidade tem dupla acepção. – Uma própria; e então é uma virtude especial, com sua matéria especial, que é a concupiscência dos prazeres venéreos. – A outra é metafórica. Pois, assim como na união dos corpos consiste o prazer venéreo, matéria própria da castidade e do vicio oposto, que é a luxúria, assim também uma certa união espiritual da alma com determinadas cousas produz um certo prazer, matéria da castidade espiritual, assim chamada metaforicamente, como também, semelhantemente, ha uma fornicação espiritual metaforicamente dita. Assim, pois, chama–se castidade espiritual o deleitar–se o homem na união espiritual com o ser com que se deve unir, isto é, com Deus; e o abster–se da união deleitável com o que é proibido pela lei divina, conforme àquilo do Apóstolo: Eu vos tenho desposado com Cristo, para vos apresentar como virgem pura ao único esposo. E fornicação espiritual se chama a união deleitável da alma com tudo o que for proibido pela lei divina, segundo a Escritura: Tu porém te tens prostituído a muitos amadores. E se se entender assim, a castidade é uma virtude geral, pois, todas as virtudes proíbem a união deleitável da alma com cousas ilícitas. Mas principalmente essa castidade consiste por natureza na caridade e nas outras virtudes teologais, pelos quais a nossa alma se une com Deus.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – A objeção colhe em relação à castidade metaforicamente dita.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Como dissemos, a concupiscência do prazer é sobretudo comparável a uma criança, porque o apetite do prazer nos é conatural, e sobretudo o do prazeres sensuais, ordenados a conservação da natureza. Por isso, se alimentarmos a concupiscência desses prazeres, consentindo neles, ela mais crescerá, como se dá com a criança abandonada à sua vontade. Por onde, essa concupiscência precisa sobretudo de ser castigada. Daí o constituírem tais concupiscências a matéria da chamada, por antonomásia, castidade; assim como a fortaleza tem como objeto aquilo para o que precisamos sobretudo da firmeza de alma.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A objecção colhe relativamente à fornicação espiritual, metafóricamente dita, oposta à castidade espiritual, como se disse.

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