O quarto discute–se assim. – Parece que as pessoas mais excelentes estão mais obrigadas à sobriedade.
1 – Pois, a velhice confere ao homem uma certa excelência; por isso aos velhos é devida honra e reverência, conforme àquilo da Escritura: Levanta–te diante dos que têm a cabeça cheia de cãs e honra a pessoa do velho. Ora, o Apóstolo diz, que sobretudo os velhos devem ser exortados à sobriedade: Ensina aos velhos que sejam sóbrios. Logo, sobretudo as pessoas mais excelentes estão obrigadas à sobriedade.
2. Demais. – Na igreja ocupa um lugar excelentíssimo o bispo, a. quem o Apóstolo ordena sobriedade, quando diz: Importa que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, sóbrio, prudente, etc.. Logo, as pessoas mais excelentes são sobretudo, obrigadas à sobriedade.
3. Demais. – A sobriedade implica a abstinência do vinho. Ora, o vinho é proibido aos reis, que ocupam o lugar supremo na ordem humana; mas, é permitido aos que estão em estado de desolação, segundo a Escritura: Não dês vinho aos reis; e depois acrescenta: Dá aos que estão aflitos um licor capaz de embriagar e vinho aos que estão em amargura de coração. Logo, à sobriedade estão sobretudo obrigados as pessoas mais excelentes.
Mas, em contrário, diz o Apóstolo: Que assim mesmo as mulheres sejam honestas, sóbrias, etc.; e ainda: Exorta também os mancebos a que sejam regrados.
SOLUÇÃO. – A virtude mantém dupla relação: uma, com os vícios contrários, que exclui, e com as concupiscências, que refreia; outra, com o fim a que conduz.
Assim, pois, certos estão sobretudo obrigados a uma virtude, por dupla razão. – Primeiro, por terem maior inclinação para as concupiscências, que devem refrear pela virtude, e aos vícios que a virtude exclui. E, nesse caso, sobretudo os moços e as mulheres estão obrigados à sobriedade; porque, aos jovens os excita a concupiscência do prazer, por causa do ardor da idade; e as mulheres não têm robustez suficiente de espírito para resistirem à concupiscência. Por isso, segundo Valério Máximo, entre os romanos antigos as mulheres não bebiam.
De outro modo, certos estão, sobretudo obrigados à sobriedade, como mais necessária à atividade própria deles. Ora, o vinho tomado imoderadamente impede, sobretudo o uso da razão. Por isso, os velhos, que devem ter vigor racional, para ensinar aos outros; e os bispos, ou quaisquer ministros da Igreja, que devem vacar com espírito devoto aos seus exercícios espirituais; e os reis, que devam governar com sabedoria o povo que lhes está sujeito, todos esses estão especialmente obrigados à sobriedade.
Donde se deduzem claras as RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES.