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Art. 4 – Se a magnanimidade é uma virtude especial.

O quarto discute–se assim. – Parece que a magnanimidade não é uma virtude especial.

1. – Pois, nenhuma virtude especial pode nos levar à pratica de atos de toda virtude. Ora, o Filósofo diz, que é próprio do magnânimo fazer o que é grande, em cada virtude. Logo, a magnanimidade não é uma virtude especial.

2. Demais. – A nenhuma virtude especial se atribuem os atos próprios de virtudes diversas. Ora, ao magnânimo se atribuem os atos de virtudes diversas; assim, diz Aristóteles, é próprio do magnânimo não fugir com movimentos desordenados, ato de prudência; nem praticar injustiças, ato de justiça; ser pronto em beneficiar os outros, ato de caridade; sempre disposto a prestar serviços aos outros, ato de liberalidade; ser verídico, ato de verdade; e não se lamentar, ato de paciência. Logo, a magnanimidade não é uma virtude especial.

3. Demais. – Toda virtude é um ornamento especial da alma, conforme a Escritura: O Senhor me cobriu com vestiduras de salvação; que logo depois acrescenta: Como a esposa ornada dos seus colares. Ora, o magnânimo está ornado de todas as virtudes, como diz Aristóteles. Logo, a magnanimidade é uma virtude geral.

Mas, em contrário, o Filósofo a distingue, por oposição, das outras virtudes.

SOLUÇÃO. –– Cada virtude especial tem por fim introduzir a medida racional numa determinada matéria. Ora, a magnanimidade introdu–Ia na matéria determinada das honras, como dissemos. Mas, sendo as honras, em si mesmas consideradas, um bem especial, neste sentido a magnimidade, em si mesma, é uma virtude especial. E, como as honras são o prêmio de cada virtude, segundo do sobre dito se colhe, resulta, por consequência, que, em razão da sua matéria, ela mantém relações com todas as virtudes.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÁO. – A magnanimidade não tem, como sua matéria, honras quaisquer, mas só as grandes. Ora, como a virtude deve ser honrada, assim, grandes honras são devidas às grandes obras virtuosas. Donde vem, que o magnânimo visa praticar as grandes obras, próprias de cada virtude, porque faz só as que são dignas de grandes honras.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Como o magnânimo visa as grandes cousas, há de consequentemente visar as que encerram alguma excelência e evitar as que implicam qualquer defeito. Ora, implica uma certa excelência o fato de uma pessoa proceder bem, ser comunicativa e saber recompensar dignamente. Por isso ele pratica prontamente esses atos, por serem, de certo modo, excelentes e não, enquanto próprios de outras virtudes. Mas, quem se afastar e desviar da justiça, ou de qualquer virtude, por ter em grande conta certos bens ou temer certos males exteriores, revela assim uma deficiência. Semelhantemente, a revela, quem de qualquer modo oculta a verdade, porque procede com temor; e também o fato de nos lamentarmos, é sinal de que a nossa alma sucumbe aos males externos. Por isso, o magnânimo evita tais coisas e outras semelhantes, pela razão especial de serem contrárias à excelência ou à grandeza.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Cada virtude implica especificamente um certo decoro ou ornato, que lhe é próprio. Mas, a grandeza mesma das obras virtuosas da magnanimidade acrescenta outro ornato, que torna maiores todas as virtudes como diz Aristóteles.

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