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Art. 12 – Se a coragem é a mais excelente de todas as virtudes.

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O duodécimo discute–se assim. – Parece que a coragem é a mais excelente das virtudes.

1. – Pois, diz Ambrósio: A coragem é por assim dizer, mais excelsa que as outras virtudes.

2. Demais. – A virtude tem por objeto um bem difícil. Ora, a coragem enfrenta o que é dificílimo. Logo, é a máxima das virtudes.

3. Demais. – A pessoa do homem vale mais que os seus bens. Ora, a coragem diz–lhe respeito à pessoa, que se expõe a um perigo de morte por causa do bem da virtude; ao passo que a justiça e as outras virtudes morais versam sobre certos bens externos. Logo, a coragem é a principal entre todas as virtudes morais.

Mas, em contrário, diz Túlio: Na justiça manifesta–se o esplendor máximo da virtude, que leva o homem a ser chamado bom.

Demais. – O Filósofo diz: As virtudes máximas são necessariamente as mais úteis aos outros. Ora, a liberalidade parece mais útil que a coragem. Logo é maior virtude.

SOLUÇÃO. – Como diz Agostinho, nas causas que não são grandes por grandeza física, a maior é a melhor. Por onde, uma virtude é tanto maior quanto melhor. Ora, o bem da razão é o bem do homem, segundo Dionísio. E esse é principalmente o bem da prudência, que é a perfeição da razão, realizado pela justiça, cujo fim é infundir em rodas as coisas humanas a ordem da razão. Ao passo que as outras virtudes o que fazem é conservar esse bem, moderando as paixões para não desviarem o homem dele. E, entre elas, a coragem tem o primeiro lugar, porque nenhum perigo é mais capaz de afastar o homem do bem da razão, do que o perigo da morte. Depois dela vem a temperança, porque os prazeres do corpo são, entre outros, os que mais impedem o bem da razão. Ora, o que constitui a essência tem prioridade sobre o que constitui um efeito; e isto por sua vez a tem sobre o que visa a conservação de um bem, pela remoção do impedimento. Por onde, entre as virtudes cardeais, é a primeira a prudência; a segunda, a justiça; a terceira, a coragem; a quarta, a temperança. Depois dessas vem as outras virtudes.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – Ambrósio põe a coragem acima das outras virtudes, fundado numa utilidade geral; por exemplo, pela utilidade que tem na guerra e na vida civil ou doméstica. Por isso, ele mesmo acrescenta: Agora tratemos da coragem, que, como superior às outras, se divide em coragem própria da guerra e da vida doméstica.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Por natureza, a virtude tem por objeto mais o bem do que o difícil. Por isso, a sua grandeza deve medir–se mais pelo critério do bem do que pela da dificuldade.

RESPOSTA À TERCEIRA. – O homem só expõe a sua pessoa ao perigo de morte para conservar a justiça. Por isso, o mérito da coragem depende de certo modo da justiça. Donde o dizer Ambrósio, que a coragem sem a justiça gera a iniquidade; pois, quanto mais forte alguém é tanto mais pronto é em oprimir os inferiores.

À QUARTA OBJEÇÃO CONCEDEMOS.

RESPOSTA À QUINTA. – A liberalidade é útil, relativamente a certos benefícios particulares. Ao passo que a coragem tem a utilidade geral de conservar toda a ordem da justiça. Por isso, diz o Filósofo, que os justos e os fortes são os mais amados por serem os mais úteis tanto na guerra como na paz.

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