Skip to content

Art. 7 – Se o corajoso age em vista do bem do seu próprio hábito.

O sétimo discute–se assim. – Parece que o corajoso não age em vista do bem do seu próprio hábito.

1. – Pois, na ordem da ação, embora primeiro quanto à intenção, o fim é último, quanto à execução. Ora, a execução do ato de coragem é posterior ao hábito mesmo da coragem. Logo, não pode ser que o corajoso aja tendo em vista o bem do próprio hábito.

2. Demais. – Agostinho diz: As virtudes que amamos só tendo em vista a felicidade, certos, dizendo que elas são desejáveis por si mesmas, ousam nos persuadir que não amemos a felicidade. E se o conseguirem farão com que deixemos de amá–las a elas mesmas, por não amarmos aquela pela qual só as amamos. Ora, a coragem é uma virtude. Logo, o ato da coragem não deve ser referido à coragem mesma mas à felicidade.

3. Demais. – Agostinho diz que a coragem é o amor que tudo facilmente sofre por causa de Deus. Ora, Deus não é o ato mesmo da coragem mas, algo de melhor, pois que o fim deve ser melhor que os meios. Logo, o corajoso não age tendo em vista o bem do próprio hábito.

Mas, em contrário, diz o Filósofo, que para o corajoso a coragem é o bem, o que implica a ideia de fim.

SOLUÇÃO. – Há um duplo fim: o próximo e o último. O fim próximo de um agente é imprimir no paciente a semelhança da sua forma; assim, o fim do fogo, que aquece, é imprimir a semelhança do seu calor no paciente; e o fim do arquiteto é a imprimir a semelhança da sua arte na matéria. Ora, qualquer bem daí resultante, sendo intencionado, pode considerar–se como fim remoto do agente. E como, na ordem da produção, a matéria exterior recebe da arte a sua disposição assim, na ordem das ações, os atos humanos se dispõem pela prudência. Por onde, devemos concluir que o corajoso, tendo a intenção, como próximo fim, de exprimir, nos seus atos, a semelhança do seu hábito, tem também a de agir segundo a exigência desse hábito. E quanto ao seu fim remoto, é a felicidade ou Deus.

Donde se deduzem claras AS RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES. – Pois, a primeira objeção supõe que a essência mesma do hábito é o fim, e não a sua semelhança expressa pelo ato, como se disse. E as outras duas se fundam no último fim.

AdaptiveThemes