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Art. 6 – Se a avareza é pecado espiritual.

O sexto discute–se assim. – Parece que a avareza não é pecado espiritual.

1. – Pois, os pecados espirituais parece que têm por objeto os bens espirituais. Ora, a matéria da avareza são os bens corporais, a saber, as riquezas. Logo, a avareza não é pecado espiritual.

2. Demais. – O pecado espiritual se divide por oposição com o carnal. Ora, parece que a avareza é um pecado carnal, pois, resulta da corrupção da carne, como o demonstram os velhos, que nela caem por fraqueza da sua natureza carnal. Logo, a avareza não é pecado espiritual.

3. Demais. – O pecado carnal é o que causa desordem também no corpo do homem, segundo aquilo do Apóstolo: O que comete fornicação peca contra o seu próprio corpo. Ora, a avareza também macula o corpo humano por isso, Crisóstomo compara o avarento ao demoníaco, atormentado no seu corpo. Logo, a avareza não parece ser pecado espiritual.

Mas, em contrário, Gregório enumera a avareza entre os vícios espirituais.

SOLUÇÃO – Os pecados consistem principalmente na afeição. Ora, todas as afeições ou paixões da alma acabam em prazer ou em dor, como está claro no Filósofo. Mas, dos prazeres, uns são carnais e outros espirituais. Chamam–se carnais aqueles que tem o corpo como objeto, e tais os da mesa e da geração; espirituais são os que consistem na só apreensão da alma. Por onde, consideram–se pecados carnais os que se consumam só nos prazeres carnais; e os espirituais os que se consumam nos prazeres espirituais, sem os deleites da carne. E tal é a avareza; pois, o avarento se deleita em ver que é possuidor de riquezas. Logo, a avareza é um pecado espiritual.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – A avareza não procura gozar, com as coisas materiais, um prazer corpóreo, mas, só, espiritual; isto é, o avarento se deleita em possuir as riquezas. Logo, não é um pecado carnal. Mas, em razão do seu objeto, é um meio termo entre os pecados puramente espirituais, que buscam o prazer espiritual com objetos espirituais, como, por exemplo, a soberba, que visa a excelência; e os vícios puramente carnais, que buscam o prazer puramente corporal com um objeto material.

RESPOSTA À SEGUNDA. – O movimento se especifica pelo seu termo final e não, pela sua origem. Por isso, chama–se carnal o vício que busca um prazer carnal e não o que procede de algum defeito carnal.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Crisóstomo compara o avarento ao demoníaco, não por ser, como este, atormentado na carne, mas, por oposição. Pois, assim como aquele demoníaco do Evangelho se desnudava assim, o avarento se sobrecarrega de riquezas supérfluas.

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