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Art. 1 – Se o litígio se opõe à virtude da amizade ou afabilidade.

O primeiro discute–se assim. – Parece que o litígio não se opõe à virtude da amizade ou afabilidade.

1. Pois, parece que o litígio está compreendido na discórdia, como a contenção. Ora, a discórdia se opõe à caridade, como se disse. Logo, também o litígio.

2. Demais. – A Escritura diz: O homem iracundo excita disputas. Ora, a iracundo se opõe à mansidão. Logo, também a disputa ou litígio.

3. Demais. – A Escritura diz: Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Não vêm elas das vossas concupiscências, que combatem em vossos membros? Ora, seguir as concupiscências parece que se opõe à temperança. Logo, parece que o litígio não se opõe à amizade, mas, à temperança.

Mas, em contrário, o Filósofo opõe o litígio à amizade.

SOLUÇÃO. – O litigio consiste propriamente em palavras, e tem lugar quando um contradiz as palavras de outro. Em cuja contradição podemos considerar dois aspectos. – Pois, às vezes a contradição nasce de o contraditor recusar concordar com quem fala, por falta do amor que nos une. Isto constitui a discórdia, contrária à caridade. – Outras vezes, porém, a contradição nasce de não temer um contristar a pessoa de outro. Donde vem o litígio, oposto à referida amizade ou afabilidade, à qual é próprio fazer–nos conviver agradavelmente com os outros. Por isso diz o Filósofo, que se chamam: discolos e litigiosos os que em tudo contrariam Os outros com o fim de os contristar, e com ninguém tem consideração.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – A contenção mais propriamente pertence à contradição da discórdia; ao passo que o litígio, à contradição feita com a intenção de contristar.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A oposição direta entre as virtudes e os vícios não se funda nas causas deles, porque um vício pode nascer de muitas causas; mas, na espécie do ato. Pois, embora o litígio nasça às vezes da ira, pode porém nascer de muitas outras causas. Por onde, não é necessário que se oponha diretamente à mansidão.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Tiago se refere, no lugar citado, à concupiscência como um mal geral, donde nascem todos os vícios, conforme à Glosa: É boa a lei que, proibindo a concupiscência proíbe ao mesmo tempo todo mal.

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