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Art. 7 ─ Se aos doutores é devida a auréola.

O sétimo discute-se assim. ─ Parece que os doutores não terão auréola.

1. ─ Pois, todo prêmio recebido na vida futura corresponde a algum ato de virtude. Ora, nem pregar nem ensinar são atos de virtude. Logo, nem à doutrina, nem à pregação é devida a auréola.

2. Demais. ─ Ensinar e pregar supõem estudo e doutrina. Ora, nenhum prêmio da vida futura é adquirido por estudo humano, pois, não podemos merecer pelos nos dons naturais e adquiridos. Logo, por doutrina e pregação ninguém merecerá auréola na vida futura.

3. Demais. ─ A exaltação na vida futura corresponde à humilhação nesta; pois, quem se humilha será exaltado. Ora, nenhuma humilhação há em ensinar e pregar; ao contrário, são ocasiões de soberba, sendo por isso que uma glosa diz que o diabo engana a muitos, entumescidos pela honra do magistério. Logo, parece que nem à pregação nem à doutrina é vida a auréola.

Mas, em contrário. ─ Àquilo do Apóstolo ─ Em ordem a que vós conheçais qual é a suprema, etc, diz a Glosa: Os santos doutores terão um acréscimo de glória sobre glória comum dos demais. Logo, etc.

2. Demais. ─ Àquilo da Escritura: A minha vinha está diante de mim ─ Diz a Glosa: Mostra o prêmio singular que prepara aos seus doutores. Logo, os doutores terão um prêmio singular. E a esse chamamos auréola.

SOLUÇÃO. ─ Assim como pelo martírio e pela virgindade alcançamos uma vitória perfeitíssima sobre a carne e sobre o mundo; assim também alcançamos uma vitória perfeitíssima sobre o diabo, quando não somente não lhe cedemos aos ataques, mas ainda o expulsamos, não só de nós, mas também dos outros. Ora, isto se faz pela pregação e pela doutrina. Por onde, à pregação e à doutrina é devida a auréola como o é à virgindade e ao martírio. Nem devemos acompanhar a opinião dos que dizem que é devida só aos prelados, a quem compete por ofício pregar e ensinar; mas a todos os que licitamente praticam esse ato. Quanto aos prelados, não lhes é devida, embora tenham o ofício de pregar, senão se realmente o fizerem; pois, a coroa não é devida ao hábito, mas à luta atual, segundo aquilo do Apóstolo: Não será coroado senão quem combater conforme à lei.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ Pregar e ensinar são atos de uma virtude determinada ─ a misericórdia. Por isso são contados entre as esmolas espirituais.

RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Embora a faculdade de pregar e ensinar possam provir do estudo, contudo a aplicação da doutrina provém da vontade, informada pela caridade infundida por Deus. E assim, o seu exercício pode ser meritório.

RESPOSTA À TERCEIRA. ─ A exaltação nesta vida não diminui o prêmio da outra, salvo àquele que nessa exaltação busca a glória própria. Mas quem a converte em utilidade dos outros, receberá por ela uma recompensa. E quando se diz que à doutrina é devida a auréola, devemos entendê-lo da doutrina do que concerne à salvação, pela qual, como por umas armas espirituais, o diabo é expulso do coração dos homens, de cujas armas diz o Apóstolo: As armas com que combatemos não são carnais, mas espirituais.

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