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Art. 4 ─ Se o juízo se dará no vale de Josafá ou em lugar adjacente.

O quarto discute-se assim. ─ Parece que o juízo não se dará no vale de Josafá nem em nenhum lugar adjacente.

1. ─ Pois, é preciso pelo menos todos os que vão ser julgados estarem na terra, só se elevarem nas nuvens os julgadores. Ora, toda a Terra da Promissão não poderia conter a multidão dos que devem ser julgados. Logo, o juízo final não poderá realizar-se no Vale de Josafá.

2. Demais. ─ A Cristo humanado foi dado o poder de julgar, para que julgasse com justiça quem foi injustamente julgado no pretório de Pilatos e cumpriu no Gólgota a sentença de um julgamento iníquo. Logo, este deveria ser, antes, o teatro do juízo.

3. Demais. ─ As nuvens se formam da exalação dos vapores. Ora, no tempo do juízo final, não haverá mais evaporação nem exalação. Logo, não será possível os justos serem arrebatados nas nuvens a receber a Cristo nos ares. Portanto, todos, bons e maus, estarão na terra, e haverá necessidade de um lugar muito mais amplo que o vale de Josafá.

Mas, em contrário, a Escritura: Ajuntarei todas as gentes e levá-las-ei ao vale de Josafá e ali entrarei com das em juízo.

2. Demais. ─ Diz a Escritura: Assim virá do mesmo modo que haveis visto ir ao céu. Ora, Cristo subiu ao céu, do monte Olivete, sobranceiro ao vale de Josafá. Logo, nesse lugar é que virá julgar.

SOLUÇÃO. ─ Não podemos ter absoluta certeza sobre o modo por que se dará o juízo e como os homens se reunirão para ele. Podemos contudo com probabilidade concluir, do que diz a Escritura, que Cristo descerá nas proximidades do monte Olivete, donde subiu ao céu; de modo que se mostre que aquele que desceu esse mesmo é também o que subiu.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ Uma grande multidão pode ser contida num pequeno espaço. Aliás bastará acrescentar ao referido lugar um espaço suficiente a abranger a multidão dos que devem ser julgados, contanto que de todos os pontos desse espaço possam todos ver a Cristo, que, elevado nos ares e refulgente de intenso brilho, possa ser visto de longe.

RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Embora Cristo, por ter sido julgado injustamente, merecesse o poder judiciário, contudo não julgará no estado de abatimento em que foi injustamente julgado, mas na forma gloriosa com que subiu ao Pai. Por onde, o lugar da ascensão será mais próprio para o juízo, que o lugar onde foi condenado.

RESPOSTA À TERCEIRA. ─ Por nuvens deve-se aqui entender, como interpretam certos, uma condensação de raios luminosos emitidos pelos corpos dos santos, e não quaisquer evaporações da terra e da água. ─ Ou podemos dizer que essas nuvens serão geradas por virtude divina, para mostrar a conformidade entre o advento para o juízo e a ascenção; de modo que quem ascendeu nas nuvens também nas nuvens virá julgar. ─ Além disso, as nuvens, por serem frias, indicam a misericórdia do juiz.

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