Art. 4 ─ Se devemos considerar como efeito da confissão o dar esperança da salvação.
O quarto discute-se assim. ─ Parece que não devemos considerar como efeito da contrição o dar esperança da salvação.
1. ─ Pois, a esperança procede de todos os atos meritórios. Logo, não parece efeito próprio da confissão.
2. Demais. ─ Pela tribulação chegamos à esperança, como diz o Apóstolo. Ora, atribulação sobretudo a sofremos na satisfação. Logo dar à esperança da salvação pertence antes satisfação que à confissão.
Mas, em contrário. ─ Pela confissão tornamo-nos mais humildes e doces, como diz à let o Mestre. Ora, daí haurirmos a esperança da salvação. Logo, o efeito da confissão é dar a esperança da salvação.
SOLUÇÃO. ─ Esperança do perdão para os nossos pecados não a temos senão de Cristo. E como pela confissão nos sujeitamos ao poder das chaves da Igreja, que tira a sua virtude da paixão de Cristo, por isso dizemos que a confissão dá a esperança da salvação.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ Nos nossos atos não pode fundar-se de maneira principal a esperança da salvação; mas na graça do Redentor. E como a confissão se funda nessa graça, por isso dá a esperança da salvação, não só como ato meritório, mas também como parte do sacramento.
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ A tribulação dá a esperança da salvação porque serve de prova à nossa virtude e de purificar da pena; mas a confissão dá a esperança também do modo predito.