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Art. 5 — Se esta é a forma conveniente do batismo: Eu te batizo em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo.

O quinto discute-se assim. — Parece que esta não é a forma conveniente do batismo: Eu te batizo em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo.
 
1. — Pois, um ato deve ser atribuído antes ao agente principal que ao ministro. Ora, no sacramento o ministro age a modo instrumental, como se disse. E o agente principal no batismo é Cristo, segundo aquilo do Evangelho: Aquele sobre que tu vires descer o Espírito e repousar sobre ele, esse é o que batiza. Logo não deve o ministro dizer — Eu te batizo; sobretudo quan­do diz — batizo, subtendeu-se — eu, o que por­tanto se acrescenta superfluamente.
 
2. Demais. — Não é necessário que quem pratica um ato faça menção do exercício desse ato; assim, não é preciso que quem ensina diga — eu vos ensino. Ora, o Senhor deu simultanea­mente o preceito de batizar e de ensinar, dizen­do: Ide e ensinai a todas as gentes, etc. Logo, não é necessário que na forma do batismo se faça menção do ato do batismo.
 
3. Demais. — O que é batizado às vezes não entende as palavras, por exemplo se for surdo ou criança. Logo é inútil dirigir-lhes a palavra, segundo a Escritura: Onde não fores ouvidos, não derrames teu sermão. Portanto, não se deve dizer: Eu te batizo, diretamente falando com o batizado.
 
4. Demais. — Pode acontecer que muitos sejam os batizados e por muitos; assim os Apóstolos batizaram num dia três mil e, noutro, cinco mil, como refere à Escritura. Logo, a for­ma do batismo não deve ser determinada em o número singular, dizendo-se: Eu te batizo. Mas pode-se dizer: Nós vos batizamos.
 
5. Demais. — O batismo tira a sua virtude, da paixão de Cristo. Ora, pela forma o batismo santifica. Logo, parece que na forma do batismo deve-se fazer menção da paixão de Cristo.
 
6. Demais, — O nome designa as proprie­dades da coisa. Ora, três são as propriedades pessoais das divinas Pessoas, como se disse na Primeira Parte. Logo, não se deve dizer — Em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo — mas nos nomes.
 
7. Demais. — A pessoa do Pai é significada não só pelo nome de Padre, mas também pelo de lnascível e Genitor; o Filho, também pelo de Verbo, Imagem e Génito; e o Espírito Santo também pelo de Dom e de Amor precedente. Lo­go, parece que quem usar também desses nomes celebra o batismo.
 
Mas, em contrário, o Senhor diz: Ide e ensi­nai a todas as gentes, batizando-as em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo.
 
SOLUÇÃO. — O batismo é consagrado pela sua forma, segundo aquilo do Apóstolo: Para a san­tificar, purificando-a no batismo da água pela palavra da vida. E Agostinho diz que o batismo é consagrado pelas palavras evangélicas. Logo, a forma do batismo há de necessàriamente exprimir-lhe a causa. Ora, a sua causa é dupla. A principal e de que tira a sua virtude é a santa Trindade. A instrumental é o ministro que cele­bra exteriormente o sacramento. Por onde, é necessário na forma do batismo fazer menção de uma e de outra. Assim, a sua parte o ministro a exerce quando diz — Eu te batizo. E a causa principal a sua, quando ele pronuncia — em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo. Por isso é essa a forma conveniente do batismo: Eu te batizo em nome do Padre e do Filho e do Espí­rito Santo.
 
DONDE Á RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ­— A ação é atribuída ao instrumento como ao agente imediato; mas, ao agente principal como o em virtude do qual o instrumento age. Por onde, na forma do batismo o ministro é conve­niente designado como o que exerce o ato de batizar quando diz: Eu te batizo. Assim o pró­prio Senhor atribuiu aos ministros esse ato quando disse: Batizando-os, etc. Quanto à causa principal, ela é designada como a em virtude da qual o sacramento é ministrado, conforme o significam as palavras — em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo; pois, Cristo não batiza sem o Padre e o Espírito Santo. — Os gregos porem não atribuem o ato do batismo aos ministros, para evitar o erro dos antigos, que atribuíam a virtude do batismo aos que batiza­vam, dizendo: Eu sou de Paulo e eu de Cefas. E por isso dizem: Seja batizado o servo de Cristo tal em nome do Padre. etc. E como se exprime o ato exercido pelo ministro com a invocação da Trindade, celebra-se verdadeiramente o sa­cramento. — Quanto ao acréscimo — Eu — na forma nossa não pertence à substância dessa forma, mas é posto para dar maior expressão à intenção.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Como podemos fazer ablução com a água para muitos fins, é necessá­rio determinar com palavras formais, o fim intencionado. E isso não o fazem as palavras pronunciadas — em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo, pois tudo devemos fazer invo­cando tais nomes, como o diz o Apóstolo. Por onde, se não se exprimir o ato do batismo, ao modo nosso ou ao dos gregos, não fica celebrado o sacramento. E o que dispõe um Decretal de Alexandre III: Quem imergir três vezes uma criança na água em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo, amém; e não disser — Eu te batizo em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo, amem — não na terá batizado.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — As palavras pronun­ciadas nas formas sacramentais não o são só para significarem, mas também pela sua efi­ciência, por tirarem a sua eficácia daquele Verbo por quem todas as causas foram feitas. Por isso são convenientemente dirigidas não só aos ho­mens, mas também às criaturas insensíveis, como quando se diz — Eu te exorcizo criatura sal.
 
RESPOSTA À QUARTA. — Vários não podem batizar uma pessoa ao mesmo tempo, porque os atos se multiplicam como a multiplicação dos agentes, se cada um agir como deve. E assim, se duas pessoas se encontrassem, das quais uma não pudesse proferir palavra, por ser muda; e não pudesse a outra, por não ter mãos, praticar o ato — não poderiam batizar simultaneamente, pronunciando uma as palavras e praticando o ato a outra. – Podem, contudo, se a necessidade o exigir, vários ser batizados simultaneamente, porque nenhum deles receberia senão um batis­mo. Mas então será necessário dizer: Eu vos batizo. Nem haverá mudança na forma, porque vós não é senão tu e tu. Ao passo que o pronome nós não é o mesmo que eu e eu, mas que eu e tu; o que causaria mudança.na forma. — Do mesmo modo, esta se mudaria se se dissesse: Eu me batizo. Portanto, ninguém pode batizar-se a si mesmo. Por isso Cristo quis ser batizado por João.
 
RESPOSTA À QUINTA. — A paixão de Cristo, embora seja ·a causa principal em comparação com o ministro, é contudo causa instrumental em comparação com a santa Trindade. Por isso, é antes comemorada a Trindade que a paixão de Cristo.
 
RESPOSTA À SEXTA. — Embora sejam três os nomes pessoais das três Pessoas, o nome essen­cial, contudo é um só. Ora, a virtude divina, que obra no batismo, pertence à essência. Por isso se diz — em nome — e não — nos nomes.
 
RESPOSTA À SÉTIMA. — Assim como a água é a escolhida para o batismo, porque o seu uso mais comum é para lavar, assim, para significar as três Pessoas, na forma do batismo, usam-se dos nomes com que mais comumente se costumam elas designar língua a que eles pertencem. Nem seria válido o sacramento com outras palavras.

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