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Art. 6 — Se todos os sacramentos da lei nova imprimem caráter.

O sexto discute-se assim. — Parece que todos os sacramentos da lei nova imprimem caráter.
 
1. — Pois, todos os sacramentos da lei nova tornam participante do sacerdócio de Cristo. Ora, o caráter sacramental outra causa não é senão a participação do sacerdócio de Cristo, como se disse. Logo, parece que todos os sacra­mentos da lei nova imprimem caráter.
 
2. Demais. — O caráter está para a alma onde existe como a consagração para as coisas consagradas. Ora, por qualquer sacramento da lei nova o homem recebe a graça santificante como se disse. Logo, parece que qualquer sacra­mento da lei nova imprime caráter.
 
3. Demais. — O caráter em uma parte ma­terial é um sacramento. Ora, em qualquer sacramento da lei nova há uma parte que é somente material e outra que somente é sacra­mento, e ainda outra que é material e sacra­mento. Logo, qualquer sacramento da lei nova imprime caráter.
 
Mas, em contrário, os sacramentos que imprimem caráter não se reiteram, por ser o ca­ráter indelével, como se disse. Ora, certos sacramentos se reiteram, como é o caso da peni­tência e do matrimônio. Logo nem todos sa­cramentos imprimem caráter.
 
SOLUÇÃO. — Como dissemos, os sacramentos da lei nova a dois fins se ordenam, a saber, a serem remédio do pecado e ao culto divino. Pois, é comum a todos os sacramentos o serem remé­dios contra o pecado, porque conferem a graça. Mas, nem todos se ordenam diretamente ao culto divino, como claramente o mostra a penitência, pela qual nos livramos do pecado; pois nada de novo nos confere pertinente ao culto divino, mas nos restitui ao primeiro estado.
 
Pode, porém um sacramento respeitar ao culto divino de três modos: atualmente e em si mesmo, ou como de agente ou como recipiente - A modo de ação em si mesma considerada concerne ao culto divino a Eucaristia, na qual principalmente esse culto consiste, enquanto ela é um sacrifício da Igreja. E esse sacramento não imprime caráter porque não ordena o ho­mem à nada de ulterior, que deva ser feito ou recebido, pois, antes é o fim e a consumação de todos os sacramentos, como diz Dionísio. Porque em si mesmo contém a Cristo, em quem não existe caráter, mas é a plenitude total do sacer­dócio. - Mas, aos que devem agir ministrando os sacramentos concerne o sacramento da ordem; pois, por esse sacramento são destinados certos a comunicar os sacramentos aos outros. - Enfim, aos que recebem respeita o sacramento do batismo, porque confere ao homem o poder de receber os outros sacramentos da Igreja; por isso se chama o batismo a porta dos sacramen­tos. Ao mesmo fim também de certo modo se ordena a confirmação, como em seu lugar se dirá. - E assim esses três sacramentos impri­mem caráter, a saber, o batismo, a confirma­ção e a ordem.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Todos os sacramentos tornam o homem partici­pante do sacerdócio de Cristo, porque recebe assim um certo, efeito dele. Mas nem por todos os sacramentos somos destinados a fazer algu­ma coisa ou a receber o que pertença ao culto do sacerdócio de Cristo. O que é necessário para o sacramento imprimir caráter.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Por todos os sacra­mentos se santifica o homem, porque a santi­dade implica a purificação do pecado, resultante da graça. Mas especialmente por certos sacra­mentos, que imprimem caráter, o homem se santifica por uma certa consagração, como des­tinado ao culto divino. Assim também dizemos que as coisas inanimadas santificam, enquanto destinadas ao culto divino.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — Embora o caráter implique uma coisa material e seja um sacra­mento, nem por isso tudo o que é coisa material e sacramento há de ser caráter. O que seja, porém a coisa material e o sacramento, diremos quando tratarmos dos outros sacramentos (nos lugares próprios).

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