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Art. 4 — Se todos os anjos da segunda hierarquia são enviados.

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(II Sent., dist. X, a. 3; Hebr., cap. I, lect.VI).
 
O quarto discute-se assim. — Parece que todos os anjos da segunda hierarquia são enviados.
 
1. — Pois, todos os anjos ou assistem ou ministram, conforme está na Escritura. Ora, os anjos da segunda hierarquia, iluminados pelos da primeira, como diz Dionísio, não assistem: Logo, todos os anjos da segunda hierarquia são enviados em ministério.
 
2. Demais. — Gregório diz serem mais os que ministram que os assistentes. Ora, tal não seria, se os anjos da segunda hierarquia não fossem enviados em ministério. Logo, todos os dessa hierarquia são enviados em ministério.
 
Mas, em contrário, diz Dionísio, que as Dominações estão acima de toda sujeição. Ora, ser enviado em ministério supõe sujeição. Logo, as Dominações não são enviadas em ministério.
 
Solução. — Como já se disse, propriamente convém ao anjo ser enviado em ministério exterior, enquanto opera, em relação a alguma criatura corpórea, por ordem divina; e isso é a execução do divino ministério. As propriedades dos anjos porém manifestam-se pelos nomes dos mesmos, como diz Dionísio. Por onde, são enviados para o ministério externo os anjos das ordens em cujos nomes se compreende alguma execução. Ora, o nome das Dominações não importa em nenhuma execução, mas somente em disposição e ordem sobre o que se deve executar; compreendendo-se nos nomes das ordens inferiores tal execução. Assim, os anjos e os Arcanjos têm tais denominações, porque anunciam; as Virtudes e as Potestades são assim designados pela relação com algum ato; e também do Príncipe é próprio ser o primeiro entre os que operam, como diz Gregório. Por onde, é próprio a essas cinco ordens serem mandadas em ministério exterior; não porém, às quatro superiores.
 
Donde a resposta à primeira objeção. — As Dominações contam-se entre os anjos ministrantes, não porque executem o ministério, mas porque dispõem e mandam o que deve ser feito pelos outros. Assim como nas construções os arquitetos não fazem nada manualmente, mas só dispõem e ordenam o que os outros devem fazer.
 
Resposta à segunda. — Pode-se dar dupla razão do número dos assistentes e dos ministrantes. — Pois, Gregório diz, que são mais estes do que aqueles. E o passo — um milhão o serviam — não o entende ele em acepção multiplicativa, mas, participativa, como se dissesse: mil do número dos mil. E assim exprime-se que é indefinido o número dos ministrantes, para significar o excesso; porém o dos assistentes é finito, pelo que se acrescenta — mil milhões assistiam diante dele. E isto está de acordo com a razão dos Platônicos, que diziam que, quanto mais os seres se aproximam do primeiro princípio uno, tanto menor é a multidão deles; assim como quanto mais um número se aproxima da unidade tanto menor multidão tem. E esta opinião é exata quanto ao número das ordens, das quais seis ministram e três assistem. — Mas Dionísio diz, que a multidão dos anjos transcende toda multidão material. Pois, assim como os corpos superiores transcendem imensamente em grandeza os corpos inferiores, assim as naturezas incorpóreas superiores transcendem em multidão todas as corpóreas, porque, o melhor é o mais visado e multiplicado por Deus. E segundo esta opinião, sendo os assistentes superiores aos ministrantes, serão mais que estes. Donde, conforme esta mesma opinião um milhão deve-se entender multiplicativamente, como se dissesse mil milhões. E como dez vezes cem são mil, se se dissesse, dez vezes cem mil dar-se-ia a entender, que eram tantos os assistentes como os ministrantes. Mas, como se diz — dez mil vezes cem mil — significa-se serem muito mais os assistentes que os ministrantes. — Mas não se quer dizer com isso que não é maior que esse o número dos anjos senão muito maior, porque excede toda multidão material. O que é expresso pela multiplicação dos maiores números, por si mesmos, que são os números denários, centenários e milenários, como diz Dionísio no mesmo lugar.

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