Por vontade de Jesus Cristo há na Igreja dois estados de vida que são santificados, cada um por um Sacramento: o estado sacerdotal (Sacramento da Ordem) e o estado matrimonial (Casamento).
No Antigo Testamento havia Sacerdotes que ofereciam sacrifícios de animais ou frutos, que eram queimados ou consumidos, em sinal de louvor ou para pedir perdão pelos pecados. Esses Sacerdotes eram apenas figura do único e verdadeiro Sacerdote que viria séculos mais tarde, o próprio Jesus Cristo.
Só Ele, sendo Deus e sendo homem, podia oferecer ao Pai eterno um sacrifício eficaz e agradável, que nos libertasse do peso dos nossos pecados e fizesse de nós filhos de Deus. Jesus é, pela missão que recebe de salvar nossas almas pelo sacrifício Redentor Rei, Profeta e Sacerdote. E Ele transmite à sua Igreja, no sacerdócio católico, os três poderes que emanam dessas três propriedades.
Como Rei, Jesus transmite à Igreja o poder de governar as almas
Como Profeta, Jesus transmite o poder de ensinar a sua Doutrina.
Como Sacerdote, Jesus transmite o poder de santificar as almas.
O Sacrifício oferecido por Jesus Cristo
Não foi um sacrifício de animais, como no Antigo Testamento. Esses antigos sacrifícios eram figuras do único sacrifício, que é aquele oferecido por Cristo na Cruz. A vítima do sacrifício oferecido por Jesus Cristo é Ele próprio. Por isso podemos dizer que Jesus Cristo oferece e é oferecido. Oferece como Padre e é oferecido como vítima.
Jesus realizou uma só vez seu sacrifício, morrendo na Cruz por nós. Mas Ele quis nos dar o privilégio de assistir a esse mesmo sacrifício para que pudéssemos receber mais graças e méritos que nos vem da Cruz. Para isso ele instituiu o Sacramento da Eucaristia e a Santa Missa, que Ele mesmo celebrou na Quinta-feira Santa, antes de morrer.
Porém, como Jesus subiu aos Céus e está sentado à direita do Pai, era necessário que outras pessoas tivessem o poder de celebrar a Santa Missa para nós. Por isso Jesus instituiu o Sacramento da Ordem, pelo qual Ele transmite a certos homens este poder sacerdotal.
A Igreja recebe, então, este poder de Cristo, três poderes que definem perfeitamente sua missão na terra. Governar, ensinar e santificar para nos levar para o céu. O Papa, sucessor de S. Pedro, e os bispos, sucessores dos Apóstolos, detém a plenitude do sacerdócio e formam a hierarquia da Igreja Católica. Esta hierarquia recebe a missão de guardar o Depósito da Fé, aquilo que foi Revelado e que deve ser transmitido intacto.
[O Concílio Vaticano II vira a Igreja de cabeça para baixo quando ensina que ela é a reunião do Povo de Deus escolhendo alguns dos seus membros para uma função sacerdotal. Concepção democrática e modernista, condenada pela Igreja. A essência da Igreja não é essa. Ela é, sim, um Corpo, cuja cabeça é Cristo. A hierarquia da Igreja representa esta Cabeça. Os membros só participam da vida da Cabeça, que é Cristo, na medida em que recebem da hierarquia a vida da graça. A hierarquia representa a Cabeça, o Chefe. Ela não emana do povo. A Igreja é formada de cima para baixo, e não de baixo para cima.
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A Instituição do Sacramento da Ordem
Foi na última Ceia, na Quinta-feira Santa, logo depois de ter celebrado a primeira Missa que Jesus instituiu o Sacramento da Ordem. Ali os Apóstolos receberam o poder de celebrar a Santa Missa. Este poder foi completado mais tarde, no dia da Ressurreição, quando Jesus deu-lhes o poder de confessar os pecados. Os Apóstolos receberam de Jesus a plenitude do Sacerdócio, ou seja, o poder de ensinar, de governar e de santificar a Igreja. É este o poder pleno que recebem os Bispos, legítimos sucessores dos Apóstolos.
Para auxiliá-los nesta missão divina, os Bispos conferem a ordenação sacerdotal aos Padres. Jesus Cristo confere aos Padres uma participação no seu poder sacerdotal, não tão plenamente quanto aos Bispos, mas suficientemente para tornar o Padre um representante de Jesus na Terra. A missão do Padre é oferecer a Deus o Sacrifício da Missa, administrar os Sacramentos da Igreja, abençoar e transmitir a Santa Doutrina da Fé.
O Ministro, Matéria e Forma do Sacramento da Ordem
O Sacramento da Ordem é realizado por um Bispo. Só os Bispos têm o poder de transmitir o sacerdócio aos Padres. Numa longa e belíssima cerimônia, o jovem recebe a imposição das mãos do Bispo, ou seja, o Bispo põe as duas mãos sobre a cabeça do ordenando enquanto canta a oração consecratória.
A imposição das mãos é a matéria do Sacramento da Ordem.
A oração consecratória é a forma do Sacramento da Ordem.
O poder de celebrar a Missa e os outros Sacramentos é a graça sacramental do Sacramento da Ordem.
Eis alguns dos momentos da cerimônia de ordenação:
Depois das orações iniciais, o Bispo impõe as mãos sobre a cabeça do jovem, gesto que é repetido por todos os Padres presentes. Depois lança-lhe aos ombros a estola, dispondo-a em forma de cruz sobre o peito, para assinalar que o Sacerdote se reveste da força do alto, pela qual toma sobre si a Cruz de Cristo Nosso Senhor, e o suave jugo da lei divina, para pregá-la não só de boca, mas também pelo exemplo de uma vida pura e santa.
A seguir, unge-lhe as mãos com o Santo Crisma e entrega-lhe o cálice com vinho e a patena com a Hóstia, dizendo: "Recebe o poder de oferecer o Sacrifício de Deus, de celebrar a Missa, tanto pelos vivos como pelos defuntos".
No final da Missa, o jovem volta para junto do Bispo que lhe dá o poder de confessar os pecados, repetindo as palavras de Jesus: "Recebe o Espírito Santo. A quem perdoares os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e a quem retiverdes os pecados, ser-lhes-ão retidos".
O Sacramento da Ordem imprime na alma do Padre um caráter indelével (como também o Batismo e a Crisma). Para sempre a alma será reconhecida como Sacerdote, mesmo no Céu e até no Inferno. Este caráter é também uma graça que ajuda o Padre a estar sempre unido a Jesus Cristo pela graça santificante.
As etapas do Sacramento da Ordem
Para terminar, vamos descrever rapidamente as sete etapas do sacerdócio, que o jovem seminarista vai recebendo ano a ano, conforme vai se aproximando da feliz data de sua ordenação.
Pouco depois de sua entrada no Seminário, ele é aceito como clérigo. O Bispo, depois de dar-lhe a vestimenta própria do estado clerical, chamada batina (hábito, para os monges), corta com uma tesoura pequenas mechas de cabelo (tonsura), que significam que aquele rapaz está se consagrando a Deus. Depois disso, ele está apto para receber as etapas do sacerdócio:
1) Porteiro ou ostiário: recebe o poder de guardar as chaves do templo.
2) Leitor: recebe o poder de ler as leituras na Missa (menos o Evangelho); ajuda no Catecismo.
3) Exorcista: recebe o poder de expulsar o demônio (poder que só poderá ser exercido de fato quando já for Padre, e mesmo assim, só com permissão expressa do Bispo).
4) Acólito: recebe o poder de ajudar a Santa Missa e outras cerimônias, carregando as velas que precedem as procissões.
5) Subdiácono: Primeira das Ordens Maiores. Recebe o poder de tocar nos vasos sagrados (cálice, âmbula, etc.), de preparar a matéria do Sacrifício, participa da Missa assistindo ao Diácono. Lê a Epístola e passa todo o Cânon da Missa segurando solenemente, sob um véu, a patena. Nas Missas solenes, o Subdiácono se reveste da túnica, paramento ricamente ornado. Quando recebe o Subdiaconato, o jovem já faz um voto de castidade perpétua: a partir desta etapa ele se compromete a não procurar uma esposa para se casar.
6) Diácono: instituído pelos Apóstolos para ajudá-los nas cerimônias. Já participa mais profundamente do sacerdócio, podendo inclusive distribuir a Santa Comunhão e pregar. Nos seus paramentos, além da dalmática, túnica parecida com a do Subdiácono, ele já recebe uma estola, símbolo do sacerdócio, que deve ser usada em diagonal.
7) Sacerdócio.
[O Celibato Sacerdotal
Como está muito em voga a discussão sobre o celibato sacerdotal, acrescento aqui esta nota, para lembrar que é de tradição apostólica, atestada por diversos Padres da Igreja e por Concílios Ecumênicos, a obrigação para os clérigos de ordens maiores (a partir do sub-diaconato) de renunciar definitivamente ao casamento. Além desta tradição apostólica que fecha a porta a qualquer discussão, podemos argumentar dizendo que qualquer padre que se dedique verdadeiramente às almas sabe que é impossível a conciliação entre a vida de oração, de estudo, de mortificações que exige este ministério, com a vida de casado. É, portanto próprio a uma época de abandono da fé e da vida de oração, pelos próprios sacerdotes, a volta desta discussão sem sentido. Eles querem se casar porque não suportam a vida de oração. Eles querem o consolo do corpo porque não suportam a dureza da vida mortificada. Eles provam que não vivem da santidade de Cristo, não se interessam por ela. Provam, enfim, que este progressismo atual é falido e esvaziado da seiva do Evangelho, e que só a Tradição pode restaurar os fundamentos da vida católica.]
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A Vocação
Ter vocação é receber graças de Deus que levam um jovem a querer se dedicar a este elevado serviço. A alma do rapaz se afasta da ganância, da vida mundana e das ambições tolas. Ele procura aprofundar sua Fé pela oração, pelo estudo; desenvolve em sua alma um profundo amor por Jesus Cristo, que deseja encontrar um dia, no altar, celebrando o Santo Sacrifício da Missa. No mundo materialista em que vivemos, não existe mais nada que ajude uma alma a desenvolver a vocação religiosa. Tudo nas ruas, nas escolas (e mesmo nas famílias) gira em torno de ganhar dinheiro e viver nos prazeres e diversões. Por isso devemos alimentar as graças que Deus nos dá, levando uma vida de piedade, sabendo que devemos nos dedicar também a Deus e à sua Igreja. Só assim podemos receber de Deus esta sublime vocação.
A vocação pode se manifestar, pela graça de Deus, para o sacerdócio paroquial ou para a fuga do mundo. Neste caso, os mosteiros são casas religiosas onde a alma busca a solidão, o silêncio, a vida da oração e do trabalho escondido.
As mulheres também podem se dedicar à vida religiosa, não como Sacerdotes, pois Jesus Cristo determinou que só os homens seriam Padres, mas pela vida consagrada, num Convento, onde tudo gira em torno do amor a Jesus Cristo, onde as freiras trabalham alegremente, servindo à Igreja pela sua oração, pelo seu canto pelas obras de piedade que os Conventos realizam. Se elas renunciam ao casamento, recebem a Jesus como esposo para toda a eternidade!
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Este estudo sobre o Sacramento da Ordem nos mostra a grandeza do sacerdócio de Jesus Cristo, como devemos respeitar os Padres, seguir seus conselhos e orientações, sabendo que estamos diante de um homem que nos traz o próprio Jesus Cristo, não somente por seu exemplo, mas também pela Santa Hóstia. E devemos também recusar os Padres progressistas que deturpam a Fé, que nos dão mal exemplo pela sua vida, pelas suas roupas, pelos seus interesses pouco elevados. Rezemos pela Santa Igreja, para que muitas vocações sacerdotais e religiosas floresçam e venham fortalecer nossa Fé.