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Art. 4 — Se o anjo superior ilumina, em relação a tudo o que sabe, o inferior.

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O quarto discute-se assim. – Parece que o anjo superior não ilumina, em relação a tudo o que sabe, o inferior.
 
1. – Pois, diz Dionísio, que os anjos supe­riores têm ciência mais universal, que a dos in­feriores, que é mais particular e dependente. Ora, maior compreensão tem a ciência univer­sal que a particular. Logo, nem tudo o que sa­bem os anjos superiores o sabem, por ilumina­ção deles, os inferiores.
 
2. Demais. – O Mestre das sentenças diz, que os anjos superiores conheceram, desde os séculos dos séculos, o mistério da Encarnação; ao passo que os inferiores não o conheceram en­quanto ela não se consumou. E isto se conclui de que, a uns anjos que interrogam, como quem ignora (Sl 23, 10) – Quem é este Rei da glória? – outros respondem, como quem sabe – O Senhor das virtudes, esse é o Rei da glória – segundo expõe Dionísio. Ora, tal não se daria, se os anjos su­periores iluminassem, em relação a tudo o que sabem, os inferiores; logo, não os iluminam desse modo.
 
3. Demais. – Se os anjos superiores anun­ciassem tudo o que conhecem, aos inferiores, nada do que aqueles conhecessem seria desconhe­cido destes. Portanto, sobre nada mais poderiam os superiores iluminar os inferiores, o que é inadmissível. Logo, os superiores não iluminam, sobre tudo, os inferiores.
 
Mas, em contrário, diz Gregório: Na pátria celeste, embora certas coisas sejam dadas, exce­lentemente, contudo nada é possuído singular­mente. E Dionísio: Cada essência celeste co­munica à inferior a inteligência que lhe foi dada pela superior, como é claro pelo passo supra-­exarado (a. 1).
 
Solução. – Todas as criaturas participam da divina bondade, de modo a difundirem nas outras o bem que possuem; pois, é da essência do bem comunicar-se. Donde vem que os próprios agentes corpóreos transmitem, tanto quanto possível, a sua semelhança a outros. Por onde, quanto mais um agente participa da divina bondade, tanto mais tende a transfundir nos outros, no máximo possível, as suas perfeições. E por isso São Pedro adverte os que participam, pela graça, da divina bondade, dizendo (1 Pd 4, 10): Cada um, segundo o dom que recebeu, comunique-o aos outros, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Logo, com maior razão, os santos anjos, que participam plenissimamente da divi­na bondade, dividem com os que lhes são inferiores tudo o que recebem de Deus. Mas o que é recebido pelos inferiores nestes não está do mes­mo modo excelente por que está nos superiores. E por isso estes permanecem sempre em ordem mais alta e têm ciência mais perfeita; assim co­mo o mestre intelige uma mesma coisa mais plenamente que o discípulo, que dele aprende.
 
Donde a resposta à primeira objeção. – Considerar-se mais universal a ciência dos anjos superiores, quanto ao modo mais eminente de inteligir.
 
Resposta à segunda. – Não se devem entender as palavras do Mestre das Sentenças co­mo significando que os anjos inferiores ignora­ram completamente o mistério da Encarnação; mas como significando que, além de não o terem conhecido, tão plenamente como os superiores, progrediram depois no conhecimento do mesmo, até que ele se cumprisse.
 
Resposta à terceira. – Até o dia do juízo, sempre novas revelações serão feitas por Deus aos anjos supremos, no tocante à disposição do mundo e sobretudo à salvação dos eleitos. Por onde, sempre haverá matéria em que os anjos superiores iluminem os inferiores.

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