18 de janeiro
I. — À vida contemplativa importa sumamente a solidão. « Por isso eu atrairei docemente a mim, e a conduzirei à soledade, e lhe falarei ao coração », diz o profeta Oséias (2,14). Em princípio, a vida contemplativa é melhor do que a vida ativa, que se ocupa de ações corporais. Por outro lado, a vida ativa, pela qual se transmite aos outros, pela pregação e o ensino, o que se contemplou, é mais perfeita do que a vida que apenas contempla, pois supõe uma abundância de contemplação. Por isso, Cristo escolheu a vida ativa.
II. — Ora, algumas vezes Cristo procurava os lugares solitários, afastando-se das aglomerações. S. Remígio assim comenta o Evangelho de Mateus: « Lê-se que o Senhor tinha três refúgios: a barca, o monte e o deserto. Para um deles se dirigia quando era oprimido pela multidão. »
Ora, a ação de Cristo é nossa instrução. Por isso, para dar exemplo aos pregadores de que nem sempre devem procurar estar em público, o próprio Senhor se afastou às vezes da multidão.
E o fez por três razões:
a) Às vezes, para descanso corporal. No Evangelho de Marcos se lê que o Senhor disse aos discípulos: « Vinde à parte, a algum lugar solitário, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que iam e vinham ; e nem tinham tempo para comer.» (Mc 6, 31)
b) Às vezes, por causa da oração. Lê-se no Evangelho de Lucas: « E aconteceu naqueles dias que se retirou para o monte a orar, e estava passando toda a noite em oração a Deus » (Lc 6, 12), Ambrósio acrescenta que « por seu exemplo Cristo nos forma para as exigências da virtude ».
c) Às vezes, finalmente, para nos ensinar a evitar o favor humano. Sobre o que diz o Evangelho de Mateus: « Vendo Jesus aquela multidão, subiu a um monte », afirma Crisóstomo: « Permanecendo não na cidade e na praça, mas na montanha e na solidão, Cristo nos ensinou a não fazer nada por orientação e a evitar o tumulto, especialmente quando é necessário refletir sobre assuntos importantes. »
(III q. XL, a. 1, 2 et 3um)
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)