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A Gravidade da Soberba

13 de agosto
 
 
1. A soberba é pecado mortal
 
S. Gregório diz ser a soberba o sinal evidentíssimo dos réprobos; e ao contrário, a humildade, dos eleitos. Ora, ninguém se torna réprobo por pecados veniais. Logo, a soberba não é pecado venial, mas mortal.

A soberba se opõe à humildade. Ora, o objeto próprio da humildade é tornar-nos sujeitos a Deus. Por onde e ao contrário, pela soberba propriamente fugimos a essa sujeição, exaltando-nos mais do que no-lo permite a regra e a medida divina, contrariamente ao dito do Apóstolo (2 Cor 10, 13): Nós pois não nos gloriaremos fora de medida, mas segundo a medida da regra com que Deus nos mediu. E por isso diz a Escritura (Ecle 10, 14): O princípio da soberba do homem é o apostatar de Deus; i. é, porque a raiz da soberba está em, de certo modo, não nos submetermos a Deus e à sua regra. Ora, é manifesto, que o mesmo não nos submetermos a Deus constitui um pecado mortal, pois implica em nos apartarmos de Deus. Por onde e conseqüentemente, a soberba é um pecado genericamente mortal. Porém, se dá com a soberba que certos movimentos seus sejam pecados veniais, por não ter a razão consentido neles.
 
2. A soberba é o gravíssimo dos pecados
 
No pecado devemos atender a dois elementos, a saber, a conversão para um bem efêmero, que constitui a matéria do pecado, e a aversão de um bem eterno, que é a razão formal e completiva do pecado. Ora, quanto à conversão, a soberba nada tem que a constitua no máximo dos pecados, porque o enaltecimento desordenadamente desejado pelo soberbo, não implica por natureza uma repugnância máxima ao bem da virtude. Mas, quanto à aversão, a soberba encerra a máxima gravidade. Porque, pelos outros pecados, o homem se aparta de Deus por ignorância, por fraqueza ou pelo desejo de qualquer outro bem; ao passo que a soberba implica a aversão de Deus pelo fato mesmo de o homem não querer se lhe submeter e à sua lei. Por isso, Boécio diz que todos os vícios nos afastam de Deus, mas só a soberba é a que se lhe opõe. Pelo que também em especial diz a Escritura (Tg 4, 6): Deus resiste aos soberbos. Por onde, a aversão de Deus e dos seus preceitos, que é como a conseqüência dos outros pecados, pertence, essencialmente, à soberba, cujo ato é o desprezo de Deus. Ora, como o essencial é anterior ao acidental, resulta por conseqüência ser a soberba o gravíssimo dos pecados, no seu gênero, porque excede a todos pela aversão, a qual formalmente completa o pecado.
        
Ainda quanto à aversão, deve-se dizer que a soberba é o máximo do pecados, como o que torna grandes os outros pecados. Pois, o pecado da infidelidade torna-se mais grave quando procede do desprezo da soberba, do que quando vem da ignorância ou da fraqueza.
 
(IIa IIae, q. CLXII, a. 5 et 6) 
     
         
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

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