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A precipitação

7 de agosto
  
Diz a Escritura (Pr 4, 19): O caminho dos ímpios é tenebroso: eles não sabem aonde vão cair. Ora, os caminhos tenebrosos dos ímpios são efeito da imprudência. Logo, atirar-se ou precipitar-se é próprio da imprudência.

A palavra precipitação, relativamente aos atos da alma, é empregada metaforicamente, por semelhança com o movimento corpóreo. Pois, dizemos que é precipitado, conforme o movimento corporal, um corpo que cai de uma posição superior para a ínfima, impelido por um certo ímpeto do próprio movimento ou de outro corpo propulsor, sem descer passando ordenadamente por graus.
 
Ora, o que há de sumo na alma é a razão mesma. E o que há de ínfimo nela é a operação exercitada pelo corpo. E os graus médios pelos quais importa que desça ordenadamente são a memória das coisas passadas, a inteligência das presentes, a solércia no considerar os acontecimentos futuros, o raciocínio, que compara uma coisa com outra, a docilidade, pela qual aquiescemos às opiniões dos superiores; por cujos graus descemos ordenadamente, deliberando com acerto. Haverá, pois, precipitação, quando somos levados a agir pelo ímpeto da vontade ou da paixão, saltando os referidos graus. Ora, como a desordenação do conselho implica imprudência, é manifesto que o vício da precipitação está compreendido na imprudência.
 
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Considera-se feito temerariamente o que não é regulado pela razão. O que pode dar-se de dois modos. De um modo, por ímpeto da vontade ou da paixão. De outro, por desprezo da regra dirigente; e isto é o que própriamente implica a temeridade. Por isso, esse desprezo é considerado como tendo a sua raiz na soberba, que evita submeter-se a uma regra alheia. Ora, a precipitação tem lugar dos dois referidos modos.
         
(IIa IIae, q. LIII, a. 3) 
     
         
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)
 

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