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Art. 1 — Se o hábito é uma qualidade.

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(III. Sent., dist. XXIII, q. 1, a . 1; V Metaph., lect XX)
 
O primeiro discute-se assim. — Parece que o hábito não é uma qualidade.
 
1. — Pois, como diz Agostinho, a palavra hábito vem do verbo habere1, que significa ter, e que se refere não só à qualidade, mas também aos outros gêneros; assim, quando dizemos: ter quantidade, dinheiro e coisas semelhantes. Logo, o hábito não é uma qualidade.
 
2. Demais — O hábito é considerado como um dos predicamentos, como diz Aristóteles2. Ora, um predicamento não pode estar contido em outro. Logo, o hábito não é uma qualidade.
 
3. Demais — Todo hábito é uma disposição, no dizer de Aristóteles3. Ora, a disposição é a ordem do que tem partes, como diz Aristóteles4; o que pertence ao predicamento de lugar. Logo, o hábito não é uma qualidade.
 
Mas, em contrário, o Filósofo diz, que o hábito é uma qualidade dificilmente mutável5.
 
Solução. — O nome hábito é derivado do verbo latino habere, ter, e isto de duplo modo. Ou no sentido em que dizemos tem o homem, ou qualquer outro ser, alguma coisa; ou porque um ser tem, em si mesmo ou em relação a outro, um certo feitio.
 
Quanto ao primeiro sentido, devemos considerar que o verbo ter, significando uma coisa possuída, é comum a diversos gêneros. Por isso, o Filósofo coloca o ter (habere) entre os postpredicamentos, consecutivos aos diversos gêneros das coisas, como os contrários, a anterioridade, a posterioridade e outros. — Mas entre as coisas que podem ser tidas há a distinção seguinte: certas não admitem nenhum meio termo em relação a quem as tem; assim, não há nenhum meio termo entre o sujeito e a qualidade ou a quantidade. Outras há, porém, entre as quais não há nenhuma mediação, mas só uma relação; tal se dá, quando dizemos que alguém tem um companheiro ou um amigo. Por outro lado, coisas há dentre as de que tratamos, que admitem um certo termo médio que não é, propriamente, ação nem paixão, mas algo de comparável com elas; assim quando uma é o que orna ou cobre e outra, a ornada ou coberta. Donde o dizer o Filósofo, que ter (hábito) exprime uma como ação entre o possuidor e a coisa possuída6, segundo se dá com aquilo que temos. E portanto, neste caso, constitui-se um gênero especial chamado predicamento do hábito ou posse, a propósito do qual diz o Filósofo, que o hábito ou posse é um termo médio entre um vestuário e quem o possui7.
 
Se porém tomarmos a palavra ter (habere), no sentido de dizermos que uma coisa tem, em si mesma ou relativamente a outra, um certo feitio, como este modo de ter-se a si mesmo se funda nalguma qualidade, então o hábito é uma qualidade. E a este respeito diz o Filósofo: chama-se hábito uma disposição em virtude da qual um ser é bem ou mal disposto, em si ou relativamente a outro; assim, nesta acepção, a saúde é um hábito8. Ora, como é neste sentido que agora tratamos do hábito, devemos dizer que ele é uma qualidade.
 
Donde a resposta à primeira objeção. — A objeção procede quanto ao verbo ter tomado em sentido geral, em que é comum a muitos gêneros, como já dissemos.
 
Resposta à segunda. — A objeção procede quanto ao hábito entendido como meio termo entre o possuidor e a coisa possuída, pois, nessa acepção, é um predicamento, como já se disse.
 
Resposta à terceira. — Certamente que a disposição sempre implica uma ordem no ser que tem partes. E isto pode dar-se de três maneiras, como no mesmo lugar o Filósofo logo acrescenta: local, potencial ou especificamente. E nisto, no dizer de Simplício, compreende todas as disposições. As corporais, quando dizlocalmente, o que pertence ao predicamento de lugar, que é a ordem local das partes. Quando diz potencialmente, aí inclui as disposições existentes em preparação e em capacidade e ainda não perfeitas; tal é o caso da ciência e da virtude incoada. Quando por fim diz especificamente, aí inclui as disposições perfeitas chamadas hábitos9, como a ciência e a virtude completas.

  1. 1. LXXXIII Quaestionum (q. LXXIII).
  2. 2. Praedicam. (cap. VI).
  3. 3. Praedicam. (ibid).
  4. 4. V Metaph. (lect. XX).
  5. 5. Praedicam. (loc. cit).
  6. 6. V Metaph. (lect. XXIV).
  7. 7. V Metaph. (ibid).
  8. 8. V Metaph. (loc. cit).
  9. 9. Comment. Praed.
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