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Jaculatórias II - Desejos da alma devota

Setembro 19, 2010 escrito por drupal_migrador

DÉCADA VI
 
410 — Deus meu e vida da minha alma: quem sou eu, ou em que vos sirvo, para me encherdes de tantos benefícios? Vós me criastes, e para vós me criastes; vós sois todo o meu descanso, e o centro único da minha alma.
 
Ó meu Jesus, toda a minha esperança, consolação e refúgio, eu saúdo e venero vossas suavíssimas chagas; recolhei-me dentro delas, para que me peguem compaixão de vossas dores, e fogo de vosso amor.
 
Oh, se eu fechara as portas de meus sentidos a todas as coisas do mundo! Oh, se me adornara com todas as virtudes, para que em tudo vos agradasse!
 
Mandai-me, Senhor, que vos ame sobre todas as coisas; dai-me o que mandais, e mandai o que quiserdes. Concedei-me que pela total abnegação de mim mesmo chegue ao vosso perfeito amor.
 
Altíssimo Senhor, e Deus eterno: infinitas graças e louvores vos sejam dados, porque de nada me criastes à vossa imagem e semelhança, e me destes ser capaz de vos ver e louvar eternamente.
 
Meu Jesus amabilíssimo: vós por mim encarnastes nas entranhas puríssimas da Virgem Maria; por mim nascestes Menino na lapinha de Belém; por mim derramastes lágrimas e sangue, padecestes fomes, frios, cansaços, dores, calúnias, e trabalhos inumeráveis; por mim vos sacramentastes em espécies de pão e vinho; por mim morrestes cruel e afrontosa morte em uma Cruz. Oh, inestimável caridade de meu Deus! Que vos retribuirei por tantos e tão grandes benefícios?
 
Soberano Mestre da humildade, meu Senhor Jesus Cristo: fazei que aprenda eu de vós, que sois manso e humilde de coração.
 
Ó Senhor das virtudes, e Autor da Graça: destruí com a eficácia de vossa graça tudo o que em mim vos desagrada; plantai em mim vossos dons e virtudes, para que levem copiosos frutos de vossa glória e minha salvação.
 
Ó flor do campo e lírio dos vales, Jesus amantíssimo e suavíssimo: convertei-me a vós de todo o meu coração, para que em nenhuma outra coisa, mais que em vós, empregue meu amor e cuidado.
 
Vinde, ó Espírito Santo, entrai em meu coração; dirigi nele como regra o que está torcido; regai como fonte o que está seco; ilustrai como Sol o que está escuro; sarai como medicina o que está enfermo; e vivificai como espírito o que está amortecido.
 
DÉCADA VII
 
411 — Oh, que ditosos são os vossos servos, que comem à vossa mesa o pão delicioso de vossa face bem-aventurada! Deixai, Senhor, cair dela algumas migalhinhas, que me alentem a esperança de lograr o mesmo bem.
 
Bem vedes, meu Jesus, a minha pobreza e desnudez de todas as virtudes. Vesti-me de vós mesmo, que sois a virtude do Altíssimo; dai-me uma esmola de vosso amor, por amor de vós mesmo.
 
Senhor Deus Onipotente e clementíssimo: nos braços de vossa paternal providência me lanço; governai-me, amparai-me, defendei-me.
 
Oh, que suave e benigno é, Senhor, vosso Espírito; que, para sustentardes vossos servos, lhes destes vosso Corpo, Sangue, Alma e Divindade, no convite do Santíssimo Sacramento!
 
Só vós sois Bom, só vós sois Santo, só vós sois Senhor, meu Senhor Jesus Cristo, na Unidade do Espírito Santo e glória de Deus padre. Só a vós seja dada honra e glória eternamente.
 
Dai a mão, Senhor, à obra da vossa mão. Fazei com vossa vontade benigna que se edifiquem os muros da Jerusalém desta alma.
 
Não aparteis de mim a minha Oração, para que não aparteis de mim vossa misericórdia. Dai-me muito incenso de Oração, que ofereça no altar de vossa presença.
 
Amantíssimo Jesus, dai-me do fervor de vosso Espírito; acendei no meu aquele fogo que viestes pegar à terra; de tal sorte que a vós unicamente deseje agradar, e por vosso amor deseje ser de todos desprezado.
 
Oh, meu Deus, minha consolação, minha esperança, meu amparo, meu refúgio e todo o meu bem! Quem vos amará com todas as forças da alma! Quem vos servirá com coração reto e perfeito!
 
Quem é como vós, Senhor, que sois o que sois: a mesma Perfeição infinita, a mesma Virtude, e Glória, e Grandeza, e Sabedoria, e Potência, e Formosura eterna e imutável? Só a vós glória e honra por séculos de séculos.
 
DÉCADA VIII
 
412 — O Eterno Padre, ó Divino Verbo, ó Espírito Santo, Trindade Beatíssima, esplendidíssima, felicíssima! Fazei em meu coração um templo, onde sejais adorada e louvada continuamente.
 
Muitas graças e louvores vos sejam dados, amoroso pai da minha alma; que me castigastes, como a filho, para a emenda de meus erros; e não me precipitastes no inferno, como a inimigo, conforme meus pecados mereciam.
 
Tarde vos comecei a amar, Deus meu: e só vós sabeis se já comecei a amar-vos. Fazei, com vossa graça copiosa, que recompense agora com o fervor o que perdi até agora com a negligência.
 
De vós e em vós me fio, meu Deus, que sois fidelíssimo e poderosíssimo; de mim não, que sou cana frágil, e com qualquer vento movediça.
 
Vedes, Senhor, como meus inimigos me cercam, e atribulam todo o dia, e me pretendem arrastar para a perdição eterna. Não vos aparteis de mim: sede em meu auxílio, e combata embora contra mim todo o inferno.
 
Que consolação será, Senhor, estar na vossa casa entre os Coros dos Anjos e Santos, cantando vossos louvores! Oh, bem-aventurada esperança a que me destes de lograr tanto bem!
 
Tomai, ó amorosíssimo Jesus, inteira e pacífica posse de meu coração; e o governai em tudo e por tudo pelos movimentos de vossa graça.
 
Oh, quem morrera totalmente ao mundo! E quem só a vós, Deus meu, vivera; só a vós, que para mim vivestes, e por meu amor morrestes!
 
Jesus meu: a vossa vida neste mundo toda foi trabalhos e Cruzes, e eu, querendo estar convosco, fujo das Cruzes e trabalhos. Oh, grande confusão minha! Quando me resolverei a entrar pelo caminho da verdade?
 
Ó Jerusalém triunfante, edificada para eterna habitação do Altíssimo: tuas portas e muros adoro, e saúdo cá de longe, como peregrino; espero em Deus que algum dia entrarei por elas como morador.
 
DÉCADA IX
 
413 — Suavíssimo Jesus: quando contemplo vossas chagas, ora me parecem rosas, ora estrelas, ora selos, ora escudos, ora portas. E tudo são, Senhor: rosas para me atraírem com sua fragrância; estrelas para me guiarem com sua luz; selos para me imprimirem sua memória; escudos para me defenderem com sua proteção; e portas da cidade de meu refúgio.
 
Deus meu: quem pudera fazer que todo o mundo vos conhecesse e amasse! Vós que podeis, Senhor, desterrai pecados; livrai da tirania do demônio tantas almas, que miseravelmente enganadas o servem; dai glória a vosso nome; que só vós sois digno. Oh, meu Deus! oh, meu amor! A vossa lei, que até agora trouxe debaixo dos pés, agora a quero trazer sobre as meninas de meus olhos. Ajudai-me com vossa graça.
 
Conheça-vos eu, Senhor, que sois minha fortaleza; ache-vos eu, Senhor, que sois o fim de meus desejos; e ame-vos eu, Senhor, que sois a vida da minha alma.
 
Senhor: se vós quiserdes, podeis fazer-me digno de vos amar. Dai-me que vos ame de verdade, e nada mais quero senão amar-vos sempre mais.
 
Ó alma nobilíssima e ditosíssima de meu Senhor Jesus Cristo: quando vós no primeiro instante de vossa criação, abrindo os olhos do conhecimento, vos achastes unida à Divindade na Pessoa do Verbo Divino, que júbilo e alegria foi a vossa! Por ela vos rogo me façais vosso servo fiel até a morte.
 
Quem visse o coração de Jesus que veria senão uma fornalha viva de imensos incêndios do amor Divino? Oh! permiti, Senhor, que me chegue a esta fornalha, para desfazer o regelo de minhas negligências.
 
Coração de meu JESUS: eu te adoro, louvo e glorifico pelas excelentíssimas obras do amor Divino, de que foste instrumento.
 
Desejo, meu Senhor Jesus Cristo, ser humilde, sofrido e resignado; dignai-vos suprir-me das vossas virtudes o que me falta nelas.
 
Lembre-vos, Senhor, que por meu remédio tomastes carne no ventre virginal de Maria Santíssima; fazei-me semelhante a vós pela vossa graça, já que vos fizestes semelhante a mim pela minha natureza.
 
DÉCADA X
 
414 — O Senhor é minha luz e minha salvação; a quem temerei? O senhor é protetor da minha vida; de quem terei pavor?
 
Oh, se o meu amor fora unicamente Jesus Crucificado! Oh, se me conformara à sua imagem perfeitamente! Oh, se em tudo seguira os passos de sua vida santíssima!
 
Jesus e Maria são dois altíssimos montes de virtude, graça e misericórdia; levantei meus olhos aos montes donde me há de vir o socorro.
 
Vivei e reinai, meu amabilíssimo Jesus, por séculos de séculos, porque só a vós se deve a honra, a glória, o império, a magnificência e exaltação eterna.
 
Aperfeiçoai, Senhor, meus passos em vosso santo caminho, para que minhas plantas se não movam e o deixem.
 
Meu Senhor Jesus Cristo, juiz Supremo de vivos e mortos, fazei, com os poderes de vossa graça, que ouça eu naquele último dia que me chamais, dizendo: Vinde, benditos de meu Pai.
 
Senhor, que alumiais os cegos, alumiai-me; Senhor, que fortaleceis os fracos, fortalecei-me; Senhor, que libertais os prisioneiros, libertai-me do duro cativeiro de minha própria vontade.
 
Ó Soberano Mestre das virtudes: em vossa escola quero andar; supra a excelência de tão bom Mestre a rudeza de tão mau discípulo.
 
Não me desampareis, Senhor; não vos aparteis de mim, que sem vós não sou mais que miséria, estultícia, escuridão, ruína, pecado e inferno.
 
Ó meu Deus e meu amor, não vos lembreis de minhas ignorâncias passadas e presentes. Agrade-vos já fazer a minha alma formosa com vossas virtudes e dons, para vossa maior glória.

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