Communismus cum intrinsecus sit pravus
Pio XI, AAS, t.XXXI, p.96.
O que constitui a base filosófica do marxismo é o materialismo dialético...
materialismo absolutamente ateu,resolutamente hostil a toda religião.
Lenine, Obras, t. XV, p. 371.
Para a maioria de seus adversários, o comunismo é conhecido e combatido sobretudo como o inimigo mortal das liberdades políticas e democráticas. Outros, que procuram aprofundá-lo, consideram nele uma doutrina social e um sistema de economia política que tem no seu ativo um certo número de realizações, concebidas, aliás, fora de toda preocupação espiritual.
Mas o comunismo como filosofia, o comunismo como negação do sobrenatural, como mística de ação ameaçando os valores essenciais da Revelação cristã, como sistema dominado por um ateísmo radical, este comunismo é desconhecido da maioria, malgrado os ensinamentos e as advertências reiteradas da Igreja já desde algumas dezenas de anos.
Talvez que a passividade de sobejos cristãos em face do perigo comunista se explique pelo fato de ligarem eles mais importância ao caráter político e social do comunismo do que ao seu aspecto espiritual: o partido sobreleva à ideologia, o programa à tese, a tática ao fim. E essa atitude talvez explique também a sedução que o comunismo não cessa de exercer sobre certos espíritos, mesmo depois das repetidas condenações da Igreja. É um fato que o comunismo é mal conhecido sob o seu aspecto espiritual e religioso.
Ora, os acontecimentos sobrevindos, de 1945 aos nossos dias, nos países onde o comunismo conseguiu tomar o poder, mostram claramente que a perseguição religiosa fica sendo uma das constantes fundamentais, inexoráveis do marxismo. Jamais foram renegados os textos clássicos do comunismo sobre a edificação da sociedade socialista partindo da luta contra os “preconceitos religiosos de todo gênero”. A única novidade em relação ao passado é a organização metódica, a aplicação da dialética marxista, a implacável concatenação dos fatos, coisas estas que fazem da perseguição exercida nas “democracias populares” uma verdadeira operação científica.
Na sua conquista do poder e no exercício deste, os comunistas — sejam eslavos, latinos, bálticos ou húngaros — têm-se servido dos mesmos métodos. Pode-se com razão falar de uma “técnica do golpe de Estado” e de uma “técnica de governo” próprias a todos os regimes comunistas. O que pode ter variado — e de fato varia — é a aplicação desses métodos; a tática comunista aconselha, com efeito, servir-se deles e lhes dosar o uso em função das circunstâncias particulares da história, da mentalidade, das instituições, das tradições de cada povo. Mas, nos limites dessa “elasticidade tática”, o processo de base persiste idêntico no essencial, porque fundado na mesma doutrina do materialismo dialético, de onde com rigorosa precisão são tiradas as regras práticas de ação.
O mesmo sucede na luta contra a religião e a Igreja, tal como se pode observar desde há dez anos.
Segundo os princípios deles, a religião é combatida em nome da “ciência”, como não passando de uma velhacaria que desvia o homem do seu próprio fim, fim que é o de rematar nele a evolução da matéria; é combatida em nome do “progresso social”, visto ser o “ópio do povo” e visto as suas promessas do além manterem na sujeição os oprimidos deste mundo. Ora, sem renegarem nenhum destes princípios que lhes inspiram diretamente a sua ação sistemática contra a Igreja, sem perderem de vista o fim último dessa luta, que é a liquidação da religião ao mesmo tempo que da sociedade capitalista, da qual é ela parte integrante, os comunistas sempre têm levado e ainda levam rigorosamente em conta as circunstâncias.
É por isto que a história da perseguição, de 1945 aos nossos dias, compreende, de um lado, toda uma série de medidas contra a Igreja, medidas idênticas nos diversos países de obediência comunista, e que fazem pensar numa “planificação” da perseguição; mas, de outro lado, verifica-se que, no quadro dessas medidas comuns, a tática comunista tem a cada vez procedido segundo modalidades de ação que lhe eram ditadas pelas condições particulares.
Este duplo aspecto da perseguição religiosa comunista é que importa por aqui em relevo.
As principais circunstâncias suscetíveis de influir nas modalidades da perseguição, e de diversificá-la de um país a outro, são as seguintes:
1º. O número dos católicos, a sua organização e a intensidade da vida religiosa do país.
Este primeiro fator explica como a dureza implacável da perseguição na China, na Bulgária, na Romênia, não se verifica da mesma maneira, por exemplo, na Polônia ou na Iugoslávia. O fato servirá, mesmo à propaganda, e os comunistas não deixarão de assinalar à opinião pública mundial “a liberdade religiosa exemplar” que, segundo eles, reina na Polônia. Compreende-se também por que certos métodos e certas iniciativas ( tal a instituição do Bureau Governamental para os Negócios Eclesiásticos ) foram primeiramente experimentados na Tchecoslováquia de preferência, por exemplo, a na Hungria.
Se as circunstâncias o sugerirem, os comunistas não hesitarão mesmo em se apresentar como os protetores da liberdade religiosa e da Igreja, tal como sucedeu às vezes quando, antes das eleições, aos dirigentes marxistas importava conquistar, senão o favor, ao menos a neutralidade política das massas católicas. Na Hungria, como a gente se lembra, os comunistas aparecerem a princípio como os defensores da liberdade de ensino — e portanto também das escolas dependentes da autoridade eclesiástica — contra a ala esquerda do partido dos pequenos proprietários, a quem eles mesmos haviam incentivado a pedir a nacionalização. Pouco mais ou menos em toda parte, quando o governo comunista viu nisso o seu interesse para a consolidação do regime, não hesitou em conceder uma liberdade religiosa temporária, ou o abrandamento de certas medidas vexatórias.
2º. O rito professado pelos católicos. É assim que, na Romênia, as medidas adotadas contra a Igreja de rito oriental diferiram das aplicadas aos católicos de rito latino. Do mesmo modo, na sua luta contra a Igreja oriental unida da Ucrânia propriamente dita e da Ucrânia subcarpática, os Sovietes não usavam de métodos semelhantes aos de que se serviram na sua perseguição contra a Igreja de rito latino dos Estados Bálticos ou dos antigos territórios poloneses.
3º. A existência de uma confissão religiosa mais difundida e mais estável que se possa utilizar contra a da minoria.
Assim os comunistas utilizaram as Igrejas autocéfalas “ortodoxas”, russa e romena, contra as comunidades católicas de rito oriental existentes na Ucrânia e na Romênia.
4º. A situação interior do comunismo. É princípio fundamental do marxismo que a liquidação da Igreja não deve fazer-se em detrimento da sovietização do país e do seu esforço econômico. A tática persistirá sempre conforme a este princípio. Assim, onde quer que as estruturas políticas e econômicas comunistas estiverem solidamente estabelecidas, como na URSS por exemplo, proceder-se-á de maneira radical e sem fraqueza; ao contrário, se se tratar de superar uma crise econômica, como foi o caso, na Hungria, de 1953 a 1955, não se deixará de diminuir a pressão anti-religiosa, indo mesmo até a apelar para a Igreja, na pessoa dos seus ministros e fiéis, e de lhe pedir sustentar, em nome do sentimento nacional e do patriotismo, “frentes populares nacionais”.
5º. A repercussão que poderia ter no estrangeiro a luta contra a religião e a Igreja.
Países como a URSS ou a China, que, por trás da sua formidável cortina de ferro ou de bambu, temem menos as reações do mundo “burguês”, foram teatro de uma ação contra a religião muito mais expedita do que a movida, por exemplo, pelo Governo da República Democrática Alemã. Este, com efeito, não está em contato imediato com a opinião do mundo ocidental, quando menos não seja pelo contínuo êxodo dos refugiados?
6º. O fator psicológico, tanto no interior como no estrangeiro. No plano interior, sucede que um Governo comunista – e foi, muitas vezes, o caso da Tchecoslováquia – decide tomar contra a Igreja medidas rigorosíssimas. Estas suscitam a indignação do povo. O regime dá então marcha-a-ré. A indignação cessa. Mas, na realidade, os comunistas alcançaram o seu fim. Efetivamente, a sua tática, como se tem escrito, é a do negociante que pede 600 francos por um artigo que vale 400; finalmente obtém 500; e, ainda por cima, satisfez o seu cliente, que acredita ter ganhado 100 francos! Foi desta maneira que os comunistas tomaram numerosas medidas contra a Igreja depois que a sua propaganda exigiu medidas bem mais severas.
No plano internacional, os comunistas esforçaram-se por não alarmar a opinião pública, adotando o método da “volta de parafuso”: uma volta contra a Igreja num país, depois uma volta noutro, depois uma segunda volta no primeiro, depois uma primeira volta num terceiro país, e assim por diante. Enquanto isso, a opinião pública era habilmente impressionada com não sei que favor concedido pelo regime em tal ou tal nação.
Sob a diversidade de tática assim exposta à vontade dos governos por essas causas múltiplas, existe, entretanto, em toda perseguição comunista, uma ordem constante que se encontra em toda parte, espécie de “planificação” de conjunto, dizemos, que só comporta diferenças de graus na aplicação. É de crer que os governos marxistas têm ao seu dispor toda uma organização de estudo e laboratórios psicológicos para o ajustamento da estratégia anti-religiosa ou, melhor, anticatólica.
Quais são, pois, para o conjunto dos países, as grandes constantes de toda perseguição comunista contra a Igreja Católica?
1º. Antes de tudo, desacreditar a Igreja por meio da propaganda. Este esforço para arruinar o crédito da Igreja Católica achou os seus primeiros “slogans”, nos dias que se seguiram à guerra, no recente passado político dos países “libertados” pelo exercício vermelho. Assim é que, em 1945, a propaganda comunista censura à Igreja, na China, o haver ajudado Chang-Kai-Chek e os japoneses; na Polônia, o haver favorecido os nazistas; na Ucrânia e na Tchecoslováquia, o haver colaborado com os nazistas, etc.
Depois a propaganda pôs-se a espalhar as mais grosseiras acusações contra a religião, a Igreja e o Papa. Acusa-se a Igreja de ser cúmplice do capitalismo, inimiga dos trabalhadores que querem quebrar os próprios grilhões; censuram-lhe fazer-se pagar até pela administração dos sacramentos; divulgam-se todos os escândalos eclesiásticos antigos e novos; espalham-se vulgares panfletos sobre a história da Igreja.
O Papa nunca é representado senão como o Chefe de um Estado que seria uma das maiores potências financeiras do mundo. O Vaticano, que se pretende vendido aos Estados Unidos, seria o principal instrumento da política reacionária, o fator número um da guerra. Aos povos eslavos lembra-se que a Santa Sé foi sempre inimiga deles, ao longo dos séculos, sacrificando os interesses deles aos do germanismo; aos rumenos, frisa-se haver ela sido, no correr da história, o grande obstáculo à unidade nacional, protegendo os ocupantes da Transilvânia; na China, no Vietnam, na Coréia, sustenta-se haver ela sido sempre aliada das potências coloniais.
Quanto à moral religiosa, evidentemente esta não passa, para os comunistas, de uma moral de escravidão e de exploração, que se manifesta, entre outras coisas, pela política reacionária do catolicismo contemporâneo nos países capitalistas, e pelo seu conluio com a classe burguesa dirigente.
Uma vez desacreditada a Igreja nos espíritos, então a propaganda empreende preparar a opinião pública para medidas contra a Igreja. Para as justificar aos olhos dela, todos os meios são bons: jornais, rádio, cartazes, caricaturas, cinema, ação sindical, reuniões de massa, reuniões de fábrica, de bairro, festas populares, “slogans”, etc. Durante essa campanha cuidadosamente orquestrada, os piores sofismas, e mesmo as piores tolices, acham o seu lugar todo natural. Mas que importa aos perseguidores! O assédio atordoante e obsidente da propaganda acaba por produzir os seus frutos. A mentira toma figura de verdade. À força de fazer crer ao homem da rua que os comunistas combatem, não a religião, mas o abuso da religião, finalmente se obtém que as vítimas aprovem e justifiquem decisões que as esmagam.
É o Partido quem inspira e dirige essa propaganda, servindo-se, para esse fim, dos temas fornecidos pela doutrina marxista. A cada Governo pertence utilizar esse arsenal, pondo por obra todos os meios de que dispõe.
2º. Quando a opinião pública é julgada suficientemente preparada, o Governo decreta as primeiras medidas contra a Igreja Católica. Além das suas vantagens diretas para a influência do comunismo, têm elas também por fim “experimentar” a resistência da Hierarquia e dos fiéis.
A primeira medida adotada é a mesma em todas as “democracias populares”, desde a China até a Polônia: consiste em suprimir a imprensa católica —as mais das vezes a pretexto de um racionamento de papel; — assim desaparece um dos meios mais aptos para contrabalançar os efeitos da propaganda. Vêm, em seguida, quase sempre na mesma ordem: a dissolução das associações católicas, que, para torná-la menos vexatória, com freqüência vai de par com a dissolução das outras associações, políticas, culturais, etc.; a oficialização das escolas “livres”, isto é, de fato, das escolas católicas, apresentada como uma homenagem à “liberdade e à gratuidade do ensino”, a qual só o Estado pode garantir; a nacionalização dos bens eclesiásticos, realizada em nome de uma maior “justiça social”, mas levada ao ponto de tirar à Igreja indispensáveis meios de subsistência; a interdição, feita à Igreja, de toda atividade social e caridosa.
3º. Outra etapa da perseguição consiste em opor obstáculo às relações da Hierarquia e dos fiéis com o centro da catolicidade.
O primeiro passo nesta trilha é sempre a expulsão — amplamente justificada, previamente, por uma propaganda animada do mais belo zelo patriótico! — do “estrangeiro” que representa a Santa Sé. Nenhum país de obediência comunista, com exceção, todavia, do Vietnam do Norte, admite hoje em dia representante pontifício, seja ele revestido ou não do caráter diplomático. A Hungria, a Tchecoslováquia, a Iugoslávia, a Rumânia expulsaram o Núncio Apostólico; a China apressou-se a expulsar o Internúncio; a Bulgária e a Albânia fizeram outro tanto com o Delegado Apostólico. Os Estados Bálticos, que já agora fazem parte das Repúblicas Socialistas Soviéticas, seguem a URSS no que concerne às relações com a Santa Sé.
4º. Depois de haver desacreditado a Igreja, de lhe haver, por disposições rigorosas, minado a eficiência social, de lhe haver dificultado, senão impossibilitado, as relações do clero com Roma, eis soada a hora de comprometer a Igreja perante o povo e, se possível, perante a opinião pública mundial. É o momento dos grandes processos, para cuja preparação a propaganda desempenha de novo um papel preponderante. Procura-se ferir a Igreja na pessoa dos seus chefes, quer se trate do missionário, submetido ao “julgamento popular” numa aldeia chinesa, quer do Primaz da Hungria, cuja personalidade se tenta arruinar no curso de um processo-monstro.
5º. Esses processos têm por fim ferir a Hierarquia e os sacerdotes atingindo-lhes o prestígio e restringindo-lhes a influência. Mas estes dois resultados obtêm-nos também os comunistas por outros meios mais diretos e expeditos, que vão da expulsão dos missionários na China ao seu extermínio na Albânia e na Bulgária, dos campos de concentração e de trabalho forçado da URSS às prisões e às “reclusões” da Rumânia, da Iugoslávia, da Tchecoslováquia ou da Polônia.
6º. Porém o melhor meio de minar a ação do clero e de lhe enfraquecer a resistência ainda é semear a divisão entre os padres. Bem o sabem os comunistas. Mal conseguem suscitar em certo número de padres uma atitude positiva em face do regime, eles se apressam em constituir “associações de padres”, de nome anódino, às vezes mesmo piedoso, mas que, na realidade, lhes servem de quinta-coluna na Igreja. A missão delas é desagregá-la e destruí-la pelo jogo das contradições (no sentido marxista do termo) que elas lhe introduzem no seio.
É assim que os comunistas têm no seu ativo: a União dos padres nacionais na Tchecoslováquia, a União dos padres católicos da paz na Hungria, a União dos Santos Cirilo e Metódio na Eslovênia, e outras Uniões análogas no resto da Iugoslávia; o Movimento dos padres partidários da paz na Rumênia; a Associação dos padres patriotas anexa ao Movimento da Tríplice Autonomia, na China, etc. Mestres na arte de “dividir para reinar”, os comunistas não regateiam o seu apoio a essas associações, a ponto de parecerem renegar até os seus próprios princípios. Na Iugoslávia, por exemplo, aos padres que ingressassem na União dos Santos Cirilo e Metódio prometeu-se autorização para ensinar a religião nas escolas.
Paralelamente e essa empresa de divisão do clero, instaura-se o controle dos seminários para a formação dos futuros padres: em certos países têm-se, mesmo, fundado seminários do Estado.
7º. Uma vez vulnerada a unidade da Igreja, os Governos comunistas colocam o episcopado ante terrível alternativa: paralisia da vida eclesiástica ou assinatura de um Estatuto da Igreja. Ora pela intimidação (aprisionamento de numerosos bispos ou padres), ora pela promessa (liberdade pessoal, liberdade de ministério, libertação dos religiosos, vantagens econômicas), esforçam-se eles por arrastar o episcopado para a trilha do compromisso, e de um compromisso que, segundo eles, deve mesmo ir até ao cisma propriamente dito.
Sem dúvida não se pede aos bispos fundarem uma Igreja Nacional Independente e denunciarem a comunhão com a Sé Apostólica; semelhante exigência toparia com uma recusa. Pedem apenas os comunistas que, em consideração da nova ordem democrática popular em que a Igreja deve viver, esta se adapte à situação política, social e econômica, e assine com o Estado um modus vivendi, dando-se em suma Estatutos, para falar a linguagem comunista.
Esses Estatutos têm correspondido, de fato, para a China, para a Albânia, para a Bulgária, para a Romênia... a verdadeiros atentados contra a unidade da Igreja.
8º. Quando tal ataque contra a constituição da Igreja é julgado inoportuno em razão das circunstâncias, nem por isto os comunistas renunciam a tomar em mão o aparelho eclesiástico. Primeiramente são “Acordos” entre o episcopado e o Estado — dos quais o primeiro em data foi assinado na Polônia a 14 de abril de 1950; — depois vem a instituição do Bureau para os Negócios Eclesiásticos, existente na Polônia, na Hungria, na Tchecoslováquia, etc.
Nos termos da lei que o institui, tal Bureau tem por fim “regular as relações entre a Igreja e o Estado”. Na realidade, nas mãos dos comunistas ele é um excelente instrumento:
a) para fazer da Igreja um simples departamento da administração do Estado;
b) para através do jogo das nomeações, que são da alçada do Estado, eliminar progressivamente os elementos do clero ainda “refratários”;
c) para se servir dos padres como de agentes políticos, depois de os haver sujeitado sob o ponto de vista econômico;
d) para dar aos fiéis a impressão de que o Estado faz a política eclesiástica em nome dos bispos.
Insistamos sobre o último destes quatro pontos.
Um dos encargos do Bureau em questão é “apresentar” (isto é, impor) aos bispos os candidatos às funções eclesiásticas. Assim, têm-se visto nomeados “vigários gerais”, “vigários capitulares”, tomados entre os “padres patriotas” e controlados por funcionários do Estado. Graças e eles, os comunistas dispunham de instrumentos dóceis para a colaboração com o Governo; afastavam os padres fiéis; semeavam a desconfiança e a confusão no espírito dos fiéis. Aos poucos, a direção das dioceses era confiada, de fato, a sacerdotes conhecidos como menos intransigentes do que os bispos, suposto, mesmo, que estes últimos não houvessem sido praticamente eliminados do governo das suas dioceses.
O intuito dessas nomeações foi também colocar bispos, padres e fiéis diante de trágicos casos de consciência. Os bispos, em particular, acham-se ante o dilema seguinte: ou recusam os candidatos do Governo, e estes serão nomeados sem o seu consentimento, criando a confusão na diocese, ou então os aceitam, incorrendo neste caso a responsabilidade de colocarem em postos de comando pessoas que de tal não são dignas.
A tais crises de consciência vêm juntar-se os esforços sistemáticos dos comunistas para quebrar a unidade da Hierarquia com Roma, a dos bispos entre si, a dos padres com seus bispos, a dos fiéis com o clero. E o mesmo intuito de desintegração interna impele o Regime a proteger o baixo clero contra o alto clero, os padres seculares contra os regulares, os padres partidários da paz contra os belicistas, os de rito latino contra os de rito oriental, os apóstatas contra os seus superiores eclesiásticos. Tudo isto está inscrito na linha da dialética marxista da contradição. Igualmente às estruturas sociais e econômicas, as estruturas religiosas também serão destruídas e substituídas do interior. Basta lançar o germe e cultivá-lo: é o trabalho próprio do Bureau para os Negócios Eclesiásticos.
9º. Apertada como num tornilho, a Igreja acha-se praticamente eliminada da vida pública; mas nem por isto é dispensada de colaborar na “construção da ordem social nova”. É essa, mesmo, uma condição de existência feita à Igreja em todos os países comunistas. Com efeito, por diversos motivos os Governos comunistas querem a colaboração da Igreja, tal como doravante a constituíram a seu obséquio.
a) A influência do clero sobre o povo ainda lhes é necessária, em mira a apoiar o esforço econômico do regime;
b) Tal colaboração “amigável” serve para demonstrar ao estrangeiro que as “democracias populares” não são contra a Igreja e a religião;
c) Dado que eles pretendem subtrair a Igreja à sua missão religiosa, ou ao menos limitar esta, cumpre-lhes ocupar o clero em tarefas seculares: laicizar a Igreja significa tornar mais fácil a sua liquidação quando vier o tempo.
O primeiro ato de uma tal colaboração é o “juramento de fidelidade” que padres e bispos são obrigados a prestar ao Estado. Mas lhes cumpre também multiplicar as declarações de aceitação da sociologia comunista, participar das conferências em favor da paz, dos cursos de reeducação, das campanhas econômicas para a consolidação do regime ( incentivo das brigadas do trabalho, exaltação do stakhanovismo, exortação a não se subtrair às leis sobre as coletas, etc. ). A “colaboração” exige que a Igreja, igualmente a todas as outras organizações, seja sujeita ao Estado, se adapte à ordem social nova, e colabore positivamente com o regime. Assim sendo, já não basta que o padre cumpra fielmente todos os seus deveres cívicos: deve ainda manifestar, duma maneira ou doutra, a sua aceitação do regime. E, aí também, a dialética desempenha o seu papel através das crises de consciência provocadas por este dilema: não colaborar, e privar os fiéis dos seus pastores; apoiar o regime, e dar aos cristãos um mau exemplo.
Depois de encerrar a Igreja nos santuários suprimindo-lhe todas as suas atividades exteriores, os comunistas forçam-na a sair de novo dos templos para uma ação concebida segundo os critérios ideológicos e práticos comuns a todos os regimes de inspiração marxista. Numa palavra, deve a Igreja fazer uma “política comunista”.
10º. Sob o regime do Bureau para os Negócios Eclesiásticos, a liberdade do culto naturalmente existe sempre. Mas essa liberdade, sancionada por todas as Constituições de inspiração marxista, e da qual os comunistas gostam de se gabar, só pode exercer-se, com muitos riscos aliás, e sempre sob a ameaça da denúncia, no interior das paredes das igrejas. Para um marxista, a religião só pode ser tolerada – temporariamente – como um negócio provado; ela não tem que ser propagada, e a liberdade do culto corre necessariamente de par com a liberdade da propaganda anti-religiosa. Com efeito, o comunismo vê a força da Igreja na sua organização, e é esta que ele quer destruir. O culto pode ficar: chegado o momento, pensa ele, a doutrinação marxista não deixará de afastar dele os fiéis.
A Igreja como sociedade hierárquica, organizada, de direito público, a Igreja inspiradora de ação social e cultural, esta Igreja não tem direito à existência.
11º. Depois da separação da Igreja de Roma e da sua escravização ao estado, não há mais senão que deixar o tempo fazer a sua obra. Com o tempo que é um dos fatores conhecidos do processo dialético – realizar-se-á, com efeito, a desintegração do clero, do culto e, portanto, da Igreja. Com o tempo, sobretudo, far-se-á a transformação do homem religioso (“supersticioso”) em homo economicus. Essa transformação progressiva realiza-se em particular por meio do programa de “reeducação” imposto pelo regime, e graças ao qual a dialética comunista chega literalmente a esvaziar as mentes, a modificar as vontades, a transtornar todas as concepções.
Quando o comunismo quer “reeducar” alguém e convertê-lo à sua Weltanschuung, fá-lo de maneira radical. Os marxistas chineses chamam a esse processo: mudar o cérebro; e, na sua acepção intelectual e moral, essa expressão é literalmente verdadeira. Trata-se, efetivamente, de transformar toda a mentalidade e toda a atividade do homem. Imprensa, escola, arte, teatro, cinema, todos os meios da propaganda moderna, tudo aquilo a que se chama o “realismo socialista”, deve colaborar nessa “reeducação”. A vida toda deve ser organizada segundo a ideologia comunista, pois a concepção e a prática devem andar de par. Nessa arte de transformar o homem, os comunistas, desde a China até à Tchecoslováquia, são, incontestavelmente, requintados mestres.
No caso que nos interessa, trata-se de desapegar os cristãos da sua fé e de conduzi-los a uma adesão sincera ao marxismo. É nisso que a fase última da perseguição se diferencia do clichê clássico, que nós conhecemos, das execuções capitais, das deportações e dos aprisionamentos maciços.
À míngua de poder destruir a Igreja de maneira direta, o comunismo quer transformá-la gradualmente num organismo cujo conteúdo cristão será substituído pela ideologia marxista. Tal é a tarefa da reeducação: por ela, a fé morrerá, e um homem novo, comunista, virá à vida; por ela, os fiéis abandonarão, um dia, espontaneamente as igrejas, e a organização eclesiástica desintegrar-se-á segundo um processo de decomposição interna.
No termo desta análise das grandes constantes da perseguição comunista, vê-se melhor aquilo que a caracteriza em relação às perseguições do passado: não somente a sua estupenda sincronização em todos os países, histórica e culturalmente tão diversos, onde ela lavra, mas também, e sobretudo, o seu processo metódico a partir do pressuposto marxista, o seu desejo de não fazer mártires, e a sua recusa de se situar no terreno da fé propriamente dita.
O comunismo parece ter aprendido que nunca chegará a destruir a religião pela força física, e que a perseguição aberta não suprimirá a fé em Deus, atingindo somente as suas manifestações públicas e exteriores. Os comunistas não querem saber de uma “Igreja das catacumbas”, no temor que têm de todo movimento que escape ao controle dos seus organismos oficiais. Toleram uma “Igreja do silêncio”. Esperam coisa melhor ainda: uma Igreja plenamente entrada no jogo do comunismo.
O trágico dessa perseguição reside, essencialmente, nessa escravização da Igreja à ideologia dos sem-Deus.
Após dez anos de perseguição comunista, pode a gente perguntar-se quais os resultados que ela obteve.
À primeira vista, eles parecem mínimos. Em todos os países – de acordo com as informações chegadas – a frequentação das igrejas ainda abertas é satisfatória. Mas isto prova apenas que o processo de “reeducação” marxista ainda não deu todos os seus frutos, e, sob um ponto de vista comunista, não há razão para se preocupar com isso de maneira excessiva. As resistências da velha sociedade burguesa serão vencidas em virtude do “fator tempo”. Em regime comunista, as instituições condenadas podem subsistir ainda um pouco; porém mudam de conteúdo segundo um processo que se considera inexorável.
E, efetivamente, alguma coisa tem sido mudada na vida da Igreja nestes dez anos. Ainda se pode professar a fé indo às igrejas, porém a comunidade católica já não tem mais o direito de viver publicamente segundo essa fé. A organização eclesiástica foi subvertida ou aniquilada. A Igreja achou-se excluída de todas as atividades, não estritamente de culto, que lhe eram próprias antes de 1945... Em verdade, se a força consistisse unicamente na sua organização exterior, cumpriria reconhecer que os Regimes comunistas conseguiram triunfar dela, visto como, em todos os países de além da cortina de ferro, já não existe uma só organização eclesiástica independente: tudo é dirigido e controlado pelo Estado.
Em particular a administração das dioceses, como acima vimos, muitas vezes é confiada a vigários gerais ou capitulares escolhidos direta ou indiretamente pelo Regime, na ausência dos bispos privados da sua autoridade ou aprisionados. Onde quer que o bispo ainda está à testa da diocese, o Bureau de Estado para os Negócios Eclesiásticos exerce habitualmente um controle estreito sobre a direção. É ele, com efeito, quem propõe a transferência dos curas, dos vigários, e quem, às vezes, chega até a redigir as Cartas Pastorais. Dentro desses limites, o bispo já não teria mais senão que dar o seu consentimento para validar as disposições adotadas pelo Estado...
Ademais, dada a divisão operada no seio do clero, pode o Regime doravante pretender e fazer crer que padres e bispos que estão na prisão ali estão por motivos políticos; ao contrário, os que se mostraram leais para com o Estado permanecem perfeitamente livres.
Sem dúvida, pode-se ser induzido a erro sobre as verdadeiras intenções do Regime comunista a respeito da Igreja, pelo fato das mudanças que às vezes sobrevêm na sua política religiosa; assiste-se então a períodos de trégua, tal como aconteceu em quase todos os países em seguida à morte de Stalin, quando foi inaugurada a nova política da “coexistência”. Certos “gestos de atenuação” puderam também dar a impressão de que os comunistas renunciavam a prosseguir até o fim o seu programa anti-religioso, que se contentavam com os resultados obtidos, e que doravante não mais prosseguiriam na trilha da total liquidação da Igreja.
Entre esses gestos de atenuação, pode-se contar a permissão de consagrar dois bispos na Lituânia; a libertação de S. Excia. Mons. Grosz na Hungria; a liberdade condicional concedida ao Cardeal Stepinac na Iugoslávia e ao Cardeal Mindszenty na Hungria; a “medida de clemência” adotada na Polônia para com o Cardeal Wiszynski; o abrandamento operado, na China, no Movimento das Três Autonomias; a libertação do bispo Marton e um certo relaxamento da pressão exercida contra o clero católico na Romênia; a abolição gradual dos campos de concentração para os padres e para as religiosas na Tchecoslováquia; etc.
Gestos tais não são manifestações esporádicas ou isoladas: traem uma inspiração comum. E, infelizmente, boas razões se tem para pensar não se tratar de uma verdadeira reviravolta implicando, da parte do marxismo, a renúncia às suas bases “científicas” anti-religiosas. Não seria, antes, que hoje importa fazer crer às massas católicas a possibilidade de uma coexistência espiritual com os comunistas, a fim de que a obra de desintegração encontre menos obstáculos?
De resto, esses gestos de atenuação ficam sendo apenas...gestos. O que foi possível na Lituânia não o é no Vietnam ou na Albânia; a medida de “clemência” a respeito do Cardeal Wiszynski era acompanhada, na Polônia, da supressão, pelo Governo, das faculdades de teologia e de direito canônico na Universidade Católica de Lublin. E, quando libertam “condicionalmente” os bispos, os Governos comunistas nem por isso lhes reabilitam a conduta; a condenação injusta persiste, bem como o impedimento de exercer o santo ministério.
A dramática realidade obriga, pois, a excluir que os “estados socialistas” ou de “democracia popular” queiram, por meio da atenuação, conceder à Igreja garantias jurídicas ou restituir-lhe alguma independência. Ao contrário, poder-se-ia mesmo dizer que a nova prática acarreta para a Igreja uma usura e uma escravização mais inquietadoras; porquanto, ao mesmo tempo que concedem a atenuação, os Governos comunistas favorecem, de todo modo, o “progressismo” entre os padres, concedendo mesmo todo o auxílio que eles desejam aos editores do Boletim Católico Húngaro, do Dzis i Jutro da Polônia, do Katolicke Noviny da Tchecoslováquia, etc. É essa uma forma bem recente de perseguição no clima da “coexistência” e da “atenuação”.
A luta que, desde há dez anos, a ditadura política comunista move contra a Igreja Católica, e a resistência heróica desta, mostram ter sido atingido o ponto-limite, aquele que Lenine previa quando afirmava que cristianismo e comunismo se achariam um dia sós em face um do outro.
É o que acontece hoje em dia.
Enquanto no Ocidente numerosos cristãos só vêem no comunismo uma ameaça para a sua tranqüilidade e um atentado às suas liberdades políticas e à sua segurança econômica; enquanto outros, mais clarividentes, se esforçam por combater o comunismo no terreno social, mas nem por isso percebem a amplitude do drama religioso que se representa; enquanto isso, os comunistas, como o prova a perseguição, consideram o cristianismo e a fidelidade aos ensinamentos de Cristo como o maior obstáculo à instauração e à consolidação da sua ditadura e ao triunfo do materialismo.
Os comunistas vêem no cristianismo o inimigo número 1, com muito mais lucidez do que, muitas vezes, a têm os cristãos para julgar o comunismo.
Aos que trabalham na instauração de um regime marxista, para vencer os obstáculos psicológicos (egoísmo e “mentalidade burguesa”), basta uma “reeducação” sistemática das massas; para superar os obstáculos econômicos, basta transformas, fosse mesmo de maneira sangrenta, a estrutura da sociedade; para o triunfar dos tíbios no interior e dos adversários no estrangeiro, basta apelar para os “expurgos”, para as deportações, para os tribunais especiais, para as delações, e reforçar o controle da política, a supressão de toda liberdade de palavra e de imprensa, o cordão sanitário nas fronteiras do mundo burguês corrompido. Mas, quando se trata de vencer a resistência de um cristão, é preciso, ainda, reformar a alma, essa única realidade que escapa à onipresença do Estado totalitário, e cujas crenças estão nos antípodas da Weltanschauung comunista. O cristão, como tal, é irredutível à fórmula marxista do homo economicus; a história do cristianismo não pode explicar-se pela teoria do materialismo histórico; o Sermão da Montanha e a Redenção do Calvário são acontecimentos que transcendem as construções do pensamento marxista.
O drama da “Igreja do silêncio”, que resultou da defrontação entre o cristianismo e o comunismo, demonstra ser esse o maior adversário que a Igreja Católica já achou em face de si, e que ela teve de combater no curso dos 2000 anos da sua história. A Igreja sofre, nos nossos dias, uma perseguição que visa à sua destruição radical, e cujo preparo científico e metódico não consegue ocultar a sua brutalidade; uma perseguição que se implantou em toda um aparte da cristandade ( perto da metade da Europa ), em vastíssimas regiões da Ásia, e que exerce fortíssima pressão ideológica nas regiões economicamente subdesenvolvidas, enquanto tenta afirmar-se até no mundo ocidental; perseguição dotada de uma organização formidável, tal como nunca se encontrou semelhante entre os adversários do passado, e pronta a se servir, com habilidade excepcional, propriamente diabólica, de todos os meios oferecidos pela técnica moderna e pelas conquistas da psicologia; perseguição que possui militantes unidos entre si, decididos, implacáveis, e para os quais o triunfo da idéia e a afirmação do partido são os critérios aos quais se sacrifica tudo: família, pátria, ambição, interesse pessoal; perseguição, enfim, que tem por trás de si uma das maiores potências mundiais, e que conseguiu ligar a sua causa à esperança de milhões de homens ávidos de maior justiça.
Em face de tal perseguição, o dever mais imperioso é capacitar-se do perigo e agir em conseqüência para a defesa da fé. Que falazes argumentos de oportunidade, ou política ou econômica ou social, poderiam ainda mascarar a urgência primordial do drama religioso e humano que se representa ante os nossos olhos? E, por mais profunda que tenha sido a sedução exercida pelo marxismo sobre certos cristãos, como não haveria ela de ser abalada por um desígnio tão manifesto – e tão essencial ao sistema – de destruir a Igreja de Jesus Cristo? De certo, a ação social é necessária; mas pode-se acreditar servir o homem favorecendo a ação dos inimigos declarados de Deus e da Igreja?
Para compreender o comunista, disse alguém, talvez seja preciso ter apreendido a aparente grandeza do seu desígnio e haver experimentado a vertigem da sua recusa a Deus... Se assim é, a documentação que se segue terá prestado um serviço à causa cristã. Mas, ninguém se engane nisso, trata-se da defesa da fé. E aquele que quisesse servir-se da Igreja como de um aliado para uma luta anti-comunista de caráter puramente político, gravemente se equivocaria. A Igreja, lembremo-nos disto, condenou o nazismo, que no entanto lutou contra o comunismo, mas que nem por isso deixava de cultivar os mesmos erros que ele. A Igreja – como o lembrava, em 1952, a Carta Apostólica “Sacro Vergente Anno” aos povos da Rússia – recusou unir-se, durante a guerra, à campanha contra o país deles, campanha que, sem embargo, se apresentava de bom grado como uma nova “cruzada”.
O que a Igreja combate é o erro, onde quer que ele se manifeste; o que ela recusa é a injustiça, em qualquer lugar onde se encontre. As suas armas, pacíficas, consistem em denunciar o que é contrário ao direito natural e à lei divina, em proclamar a verdade “opportune, importune”, em promover a justiça com força e perseverança. A causa que a Igreja defende, e pela qual sofrem os 70 milhões de católicos perseguidos nos países de obediência marxista, é a causa da verdade e da liberdade profunda e total do homem, é a causa de Deus.
(Albert Galter, "O Livro Vermelho da Igreja Perseguida", pp 11-25, Vozes, 1958)