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Category: PermanênciaConteúdo sindicalizado

Nota sobre o Limbo

Nota da Permanência:

No cap. 9 do seu opúsculo sobre o Pecado Original, o Pe. Emmanuel, ao tentar defender a doutrina dogmática do pecado original contra os ataques dos naturalistas, não percebe que mistura duas questões distintas, de onde tira conclusões confusas que gostaríamos de elucidar.

Com razão, o autor critica os que afirmam que as crianças mortas sem batismo não serão punidas, e viverão felizes. É verdade que a doutrina católica afirma que as crianças mortas apenas com o pecado original, mas sem culpa atual, não podendo ingressar no Reino dos Céus, sofrem a pena da danação, que significa que nunca verão a Deus na glória. Daí decorre a ausência da felicidade eterna no Céu.

Porém, mais adiante, o padre critica os que ensinam que existe um lugar intermediário entre o céu e o inferno (“eles imaginam uma felicidade que chamam de natural...”) e entende que essa felicidade natural seria o mesmo erro que criticara com razão no início (que as crianças não seriam punidas nem infelizes). Porém, esses primeiros atribuíam às crianças mortas sem batismo uma felicidade sobrenatural no Céu, o que é condenado pela Igreja. Mas os que afirmam que haverá certa felicidade natural, não caem no erro anterior, sabendo muito bem que haverá a infelicidade de não ver a Deus e de não viver na glória do Céu.

“Se admitirmos que eles foram criados para essa beatitude natural, que estão num estado de natureza pura, seremos obrigados a admitir que estão fora da humanidade redimida por Nosso Senhor” – ora, a doutrina retida pela Santa Igreja, como veremos, mesmo afirmando que a punição da danação não impede certa participação de vida natural, não afirma que foram criados para ela ou que estejam num estado de natureza pura, mas que sofrem punição por não verem a Deus, porque carregam em si o pecado original.

A história do pensamento católico referente à sorte das crianças mortas sem batismo mostra uma época em que os princípios que serão mais tarde desenvolvidos já estavam expostos, e de que maneira essa doutrina será elucidada pelos Padres da Igreja, os teólogos, e depois o próprio Magistério (cf. DTC, verbete Limbes, col. 760, pelo Padre Augustin Gaudel).

São Gregório Nazianzeno, falando do batismo, escreverá: “Nem tudo que não merece o suplício é digno de honra por este fato mesmo, assim como nem tudo que é indigno de honra merece, por isso mesmo, o suplício”. Apresenta-se nesta frase um princípio que estabelece a necessidade do reto juízo de Deus no sentido de um estado intermediário entre o Céu e o Inferno, mas que só será desenvolvido mais tarde.

Santo Agostinho, antes da controvérsia pelagiana, tinha admitido a existência de um estado médio entre o reto agir e o pecado, assim como um juízo intermediário entre a recompensa e o suplício (O Livre Arbítrio, Liv 3, cap. 23, nº 66 – PL T.32, col. 1304). Seu pensamento se tornará mais severo porque os pelagianos diziam que as crianças mortas sem batismo iriam para o céu. E o santo doutor teve toda a razão em reagir contra eles.

O Concílio de Cartago, sob o Papa Zózimo, seguirá o pensamento de Sto. Agostinho, no seu cânon 3.

São Gregório Magno, apesar de afirmar que as crianças irão ao inferno, estabelece um princípio importante, segundo o qual o pecado original não implica as mesmas penas do pecado atual. O santo papa aplica esse princípio aos justos do Antigo Testamento, os quais ficaram no infernus superior, onde não sofriam o suplício do inferno (Moralium, L. 13, cap. 44, col. 1038). Parece justo aplicar o mesmo princípio para as crianças mortas sem batismo, e veremos que é justamente sobre este princípio que a Igreja se baseará pela frente.

Santo Anselmo ensinará que a essência do pecado original é a privação da justiça primitiva. O santo doutor não tira nenhuma conseqüência dessa doutrina no que toca ao nosso assunto, mas ela abre o caminho para o pensamento escolástico sobre o Limbo.

Para Pedro Lombardo, “as criancinhas não sofrerão outra pena, como fogo material ou como verme da consciência, senão o serem privadas da visão de Deus” (II Sent. Dist. 33, nº 5).

O Papa Inocêncio III escreve numa carta ao Arcebispo de Arles (Ep. 9, 5) que foi inserida no Corpus Iuris Decretales, de Gregório IX, liv 3, título 42, c. 3: “Pena originalis peccati est carentia visionis Dei”.

O Padre Augustin Gaudel, autor do artigo do DTC, explica: “A distinção das penas do pecado original e do pecado atual, percebida por S. Gregório Magno, postulada pelos princípios de Santo Anselmo, proposta por Abelardo, nitidamente afirmada pela autoridade de Inocêncio III, implica a distinção dos estados das almas culpadas apenas do pecado original e das culpadas também dos pecados atuais.” Daí Guilherme d´Auvergne escreverá: “são colocadas num lugar que nem é para a pena atual, nem é para a glória”.

Santo Tomás trata sobre o tema nos Comentários às Sentenças de Pedro Lombardo. Afirma o princípio de que a pena deve ser proporcional à natureza do pecado. Afirma a existência de um estado e um lugar especial onde viverão privados da vida eterna, separados de Deus quanto à união da glória, mas unidos pela participação aos bens naturais. Repare que estas afirmações de Santo Tomás estão longe da posição, criticada pelo Pe. Emmanuel, dos que atribuem a felicidade natural como fim último dessas almas.

Ao Pe. Emmanuel pareceu melhor se afastar do pensamento de Santo Tomás, devido a uma interpretação austera do texto do 2º Concílio de Lyon. Na proposta de Profissão de fé feita a Miguel Paleólogo, está afirmado: “Illorum animas qui in actuali mortali peccato vel cum solo originali descedunt, mox in infernum descendere, poenis tamem disparibus puniendas – Definimos que as almas daqueles que morrem em pecado mortal atual, ou tão somente em pecado original, descem logo para o inferno, para aí serem, contudo, punidas com penas desiguais” (DB 464).

Apesar de essa Profissão de fé ter sido elaborada numa época muito próxima à composição do texto de Santo Tomás, a ponto de podermos pensar que o pensamento do Aquinate ainda não fosse conhecido de todos, é certo que o papa e o concílio conheciam as Decretales de Gregório IX, assim como a doutrina de Pedro Lombardo, os quais, distinguindo as duas penas, privavam as crianças da visão beatífica, mas as eximiam do fogo do inferno. Essa deve ser a interpretação correta da frase “poenis disparibus puniendas”, do II Concílio de Lyon.

São Roberto Belarmino vai também afirmar a pena das crianças, mesmo admitindo que não sofriam o fogo. Mas Bossuet tentou obter do papa a condenação da doutrina tomista tal como aparecia no livro do Card. Sfrondate. Porém o papa nunca aceitou condenar a doutrina de Sto. Tomás sobre a sorte das crianças mortas sem batismo. O Pe. Emmanuel insistirá sobre a posição de Bossuet, sem perceber que suas tentativas não tiveram o sucesso esperado. Também o artigo do Pe. Petau será usado pelo Pe. Emmanuel, mas o Pe. Petau ficara muito impressionado pela doutrina de Sto. Agostinho, e não foi seguido em seu pensamento.

No entanto, o Pe. Augustin Gaudel termina sua história do Limbo por um texto do Papa Pio VI condenando o falso Concílio de Pistóia. Ele declara “falsa, temerária, injuriosa ao ensinamento católico a proposição segundo a qual se deve rejeitar como fábula pelagiana o lugar dos infernos chamado Limbo das crianças, onde as almas dos que morrem só com o pecado original são punidas com a pena da danação sem a pena do fogo; (e a proposição de) que seria honrar a fábula pelagiana afirmar que há um lugar e um estado intermediário isento de falta e de pena, entre o Reino dos Céus e a danação eterna” (Da pena dos que morrem só com o pecado original - DB 1526).

Consta ainda das Acta et Decreta Concilii Vaticani (Concílio Vaticano I) o esquema da Constituição Dogmática sobre a Doutrina Católica: “os que morrem só com o pecado original serão privados para sempre da visão beatífica, enquanto que os que morrem com um pecado atual grave sofrerão, além da danação, os tormentos do inferno” (In Collectio Lacensis, Tomo 7, p. 565).

Com toda segurança, Dom Marcel Lefebvre podia ensinar no seu livro “A Vida Espiritual”: “Essas almas se acham privadas da visão beatífica de Deus, mas não sofrem, pois reconhecem sua incapacidade absoluta de tê-la. Esta é a opinião de Santo Tomás e da maioria dos doutores.” (Editora Permanência, 2011, pág. 97.)

O Pe. Emmanuel termina esse capítulo ainda combatendo os textos naturalistas, com a ajuda do Concílio de Lyon, de Florença e de Bossuet. Para nós, por todo o respeito que temos por tão grande teólogo e espiritual, fica a certeza de que o autor combatia, de fato, um funesto erro, mesmo se, no entusiasmo da sua caridade, não tenha percebido que misturava assim duas coisas diferentes, os naturalistas que erram e os católicos que acertaram, vendo na prática da Igreja uma busca de maior definição sobre a diferença entre as penas dos que morrem só com o pecado original e as dos que morrem com pecados atuais.

Dom Lourenço Fleichman OSB

Olavo de Carvalho e o Catolicismo

Editorial Revista Permanência 305

Quando Olavo de Carvalho faleceu certas pessoas manifestaram de modo enfático seus sentimentos em relação ao falecido. Seus inimigos não esconderam sua maldosa felicidade, enquanto seus discípulos extrapolaram todos os limites da sensatez, clamando por “canonização”.

Uma vez baixada a poeira e acalmados os ânimos de uns e de outros, me parece necessário esclarecer alguns pontos do que se tem falado sobre o falecido, em especial sobre sua relação com o catolicismo, de modo que as orações pela salvação de sua alma, não incline a um sentimentalismo cego e equivocado os católicos que lhe tributam algum tipo de agradecimento. Não é a primeira vez na história que antigos discípulos se veem obrigados a se afastarem de um mestre por causa da verdadeira conversão, apesar de guardarem o reconhecimento de ter sido ele um instrumento provisório e natural da conversão à fé.

Um exemplo muito parecido com o de Olavo de Carvalho é o de Henri Bergson. No fim do século XIX e início do século XX, Bergson rompeu com o materialismo cientificista da época, ensinando uma filosofia espiritualista, não católica. Sua sala de aula no Collège de France, em Paris, ficava lotada de entusiastas seguidores. Muitos se converteram ao catolicismo, e não são nomes quaisquer: Charles Peguy, Ernest Psichari, Henri Massis ou Jacques Maritain, entre outros, se converteram e se afastaram do antigo professor. Como hoje, alguns deles procuraram manter relações com o antigo mestre, por motivos sentimentais, e foram criticados pelos colegas que perceberam que continuar a frequentá-lo os levariam a diminuir o brilho de sua fé católica.

Gostaria de deixar claro que a análise que segue não tem um foco subjetivo, uma crítica à pessoa Olavo de Carvalho. Nosso intuito é analisar de modo objetivo alguns aspectos do pensamento do autor. E isso por duas razões principais: a primeira, porque Olavo de Carvalho frequentou as missas na Capela São Miguel, da Permanência, durante mais de um ano, entre 1997 e 1999. A segunda razão vem do fato dele ter sido um homem público, um professor que teve influência real na formação do pensamento “conservador” atual, ou se preferirem, na formação de um pensamento “de direita”, inexistente no Brasil desde o fim do governo militar. Somos católicos e devemos rezar para que tenha morrido na graça de Deus, como também devemos considerar sua atuação como homem público diante do que ensina a doutrina de sempre da Igreja.

Que ele tenha adotado práticas de vida católica, parece certo, pelo testemunho dos seus próximos, mas isso não é suficiente para fazer dele um católico de verdade. A questão é mais profunda, e só poderia ser resolvida diante de uma clara profissão de fé católica, com a recusa do que ensinou no passado sobre as religiões e seitas, e a humilde submissão à Igreja Católica, reconhecida como detentora da verdade, da única Revelação, do único caminho de salvação.

 

Olavo de Carvalho na Permanência

Em algum momento de 1996, um dos antigos membros da Permanência procurou Olavo de Carvalho na faculdade em que ele dava aula, e pediu um autógrafo no exemplar de O Imbecil Coletivo, que fora publicado um pouco antes. Contava o nosso colaborador ter perguntado ao autor onde ele assistia à missa. Olavo teria respondido: “Eu não gosto muito de padres”. O professor ouviu essa resposta: “Acho que o senhor vai gostar do meu padre. Pode encontrá-lo neste endereço”.

Algum tempo depois, Olavo de Carvalho batia à porta da Capela São Miguel, onde assistiu missa com alguma frequência, aos domingos, até sua ida para a Romênia, cerca de um ano e meio depois.

Alguns anos antes, Olavo de Carvalho tinha participado de uma tariqa muçulmana. Sua formação religiosa girava em torno da ideia de unidade transcendente das religiões e de cursos sobre religiões comparadas, como sempre de muita erudição cultural e nenhum aprofundamento doutrinário. Conhecia a Igreja Católica por fora, como uma casca exterior. Mas nunca vivera a fé como um católico deve viver.

Parece necessário explicar melhor essa questão da religião na vida dos homens. A natureza humana nasce com uma inclinação natural a Deus, chamada de sentimento religioso. Por fazer parte da natureza humana, este sentimento está presente em todos os homens, e explica a razão de todos os homens terem certa noção de que Deus existe, e que Ele recompensa os bons e castiga os maus. As religiões pagãs nascem desse sentimento natural, quando os homens procuram prestar algum tipo de culto a Deus, e inventam cerimônias diversas, indo do culto dos antepassados ou do oferecimento de um sacrifício de animais, a ritos bizarros incluindo sacrifício do filho recém-nascido, e coisas parecidas.

Os esotéricos confundem esse sentimento religioso natural com as chamadas ideias inatas, oriundas de certa “revelação” primordial que teria sido dada a Adão e transmitida aos homens por iniciação esotérica, explicando a unidade transcendental das religiões. Vejam nesta expressão a palavra transcendental: para eles, toda religião, qualquer que seja, é uma manifestação ritual de uma ideia única, transcendente, vinda de Deus. Por isso Olavo de Carvalho orientava seus discípulos a praticarem a religião tradicional na qual teriam nascido, qualquer uma delas. Evidentemente isso contraria o dogma católico.

O mestre detém os segredos dessa “revelação” que ele ensina na sua “metafísica”. Toda doutrina religiosa passa a ser inferior à sua “metafísica”, visto que brota dela. No caso de Olavo de Carvalho, ele chegava a inverter o papel da filosofia, afirmando ser a Teologia serva da Filosofia.

Porém, a doutrina católica ensina e define como dogma de fé1:

- O homem possui em sua razão natural a capacidade de conhecer a existência de Deus.

- Isso significa que não é necessária a revelação, ou ideias inatas, para que o homem conheça a existência de Deus.

- O homem não é capaz de agradar a Deus sem a ajuda da graça sobrenatural.

- A vida sobrenatural da graça é um dom gratuito de Deus, elevação e participação do homem na vida divina, não necessária à natureza humana, mas fruto do amor infinito de Deus pelos homens.

- Só existe um meio ordinário de se receber a graça santificante, através da fé em Nosso Senhor Jesus Cristo recebida no Batismo católico, e no ensinamento da Igreja Católica, única Religião revelada por Deus para a salvação dos homens.

Indo à Capela São Miguel, Olavo manifestava uma conversão ao catolicismo? Talvez seja possível dizer que uma graça lhe fora oferecida nesse sentido. Havia algo acontecendo. Rezava, acompanhava a missa num velho missal Latim-português, porém havia empecilhos que talvez o impedissem de ir adiante num movimento de verdadeira conversão.

Olavo não conhecia a doutrina católica. Para um professor como ele, dotado de um poder de intuição muito grande, de muita erudição e de ideais filosóficos muito autônomos e independentes, voltar ao estudo do catecismo exigiria uma grandeza de alma que ele nunca conseguiu demonstrar.

Há, pois, um primeiro ponto de doutrina que seria preciso buscar no ensino mais recente de Olavo de Carvalho, para se poder dizer que ele se converteu ao Catolicismo: o que ensinou, nos últimos anos, sobre a Revelação de uma única e verdadeira Igreja? Onde Olavo de Carvalho ensinou, por aula gravada ou por escrito, sua fé na Santa Igreja, ou seja, sua submissão pacífica e amorosa ao ensinamento constante da Igreja Católica?

Por outro lado, são variados os exemplos de ensinamentos fortemente contrários ao Catolicismo, sobre os quais não parece ter havido retratações ou correções. Mesmo já tendo compreendido que a distinção entre esoterismo e exoterismo não se aplica ao catolicismo, Olavo manteve sua crença na astrologia, chegando a afirmar:

Apesar de algumas deficiências no modelo astrológico, foi ele quem estruturou a humanidade pelo menos a partir do império egípcio-babilônico, o que significa, no mínimo, cinco mil anos de história. A Astrologia é um elemento obrigatório, por isto quem não a estudou, não estudou nada, é um analfabeto, um estúpido. 2

O católico sabe que para realizar a salvação do gênero humano, prometida a Adão na porta do paraíso perdido, Deus revelou-se através dos patriarcas e profetas, nos tempos antigos, e através do seu próprio Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em nossos dias; esta Revelação foi transmitida à única Igreja fundada por Cristo, a Igreja Católica, única detentora das quatro notas essenciais – una, santa, católica e apostólica – que definem ser ela a Religião revelada por Deus, excluindo todas as outras. E que o católico recebe no Batismo o dom gratuito da fé sobrenatural, que consiste na adesão total e completa da sua alma à doutrina do Evangelho e ao Magistério da Igreja. 3

Olavo de Carvalho se afastou da Permanência quando foi para a Romênia. Chegou um dia na Capela São Miguel e perguntou se poderiam indicar algum amigo em Paris, que o pudesse abrigar por uma semana. Estava de mudança para a Romênia porque fora alertado por alguns militares que o MST o jurara de morte. Hoje compreendo, diante do que acontecerá pela frente, que aquele motivo talvez não tenha sido o verdadeiro. Olavo vendeu tudo o que tinha no Brasil e partiu afirmando que não voltaria mais.

O que aconteceu no tempo em que esteve fora não podemos saber ao certo. No seu retorno, não voltou mais à Capela São Miguel, não entrou em contato, e alguns dos seus alunos ficaram assustados, pois Olavo passara a exigir deles uma atitude de “discípulos” e não mais de alunos. Exigia deles, entre outras coisas, um engajamento com suas ideias. Estávamos no início de 2000, e Olavo deu uma entrevista à Revista República em que afirmava:

Revista República - Qual sua religião?
Olavo - Eu sou ecumenista radical:
católico-protestante-islâmico-judaico-budista-hinduísta. Eu acredito que
essas religiões têm todas um núcleo de verdade metafísica que é eterno,
revelado, que o ser humano não poderia ter inventado. Acredito que não se
inventam religiões e que elas não vão poder se dissipar.
4

Devemos anotar essa característica da sua vida: frequentou diversas seitas, navegou de religião em religião, jamais declarando publicamente ter renunciado a qualquer uma delas. Como ele mesmo afirma na entrevista ao site Porto do Céu, ele deixa uma seita e passa a outra não porque reconheceu seus erros, mas porque superou a sua “sabedoria”.

 

Os métodos do Olavo

Há certas atitudes de Olavo de Carvalho que se repetem em diversas ocasiões e que fogem da moral católica. Muitas vezes elas escondem a sua verdadeira intenção por detrás de uma fachada, outras vezes são simplesmente rasteiras e ignóbeis, feitas para chocar e avaliar sua influência. Em todas elas Olavo se posicionava como um homem despreocupado com qualquer regra moral, com qualquer ensinamento católico. Ou, se preferirem, Olavo de Carvalho defendia uma filosofia só sua, e agia segundo uma moral também inventada por ele mesmo. Era considerado bem aquilo que Olavo determinava ser o bem; era verdade aquilo que Olavo dissera ser verdade. A fé católica ficava a léguas de distância.

- A manipulação da verdade – Olavo era capaz de silenciar sobre algum ponto do seu discurso, por alguma razão de conveniência, e relançar esse mesmo ponto, tempos depois. Isso aconteceu no caso de um artigo em que afirmava que os quatro bispos da Fraternidade São Pio X tinham sido levados ao seminário pelo indiano Rama Coomaraswamy. Imaginem o impacto que isso podia causar no mundo do catolicismo tradicional. Mas não era verdade. Publicamos, então, um artigo que nossos leitores podem verificar no link em nota, rebatendo a falsa afirmação do Olavo5. Este enfiou a viola no saco, fez grandes declarações na internet de que Julio Fleichman era aquele grande católico que ele conhecera e, dois anos depois, relançou a mesma ideia, como se fosse a pura verdade.

- A eliminação dos intermediários – Olavo formava seus discípulos na desconfiança de autoridades naturais, pais, sacerdotes ou professores. Aproveitava-se da situação de decadência de instituições como a família, as universidades ou a Igreja, para tornar-se ele próprio o assunto único nas conversas dos seus alunos, sua única referência. Na relação com a Igreja, seus alunos ficavam impedidos de conhecer o simples catecismo ou a verdadeira Tradição católica, e passavam a tratar com os padres como meros administradores de sacramentos. Infelizmente essa atitude é percebida pelos padres da Tradição em alunos ou ex-alunos de Olavo que se converteram e se aproximaram dos Priorados. São marcados pela autonomia do pensamento e pela soberba.

- A “fritura” dos adversários. Muito característico dos métodos de Olavo de Carvalho era o modo como “fritava” qualquer um que ousasse levantar uma opinião contrária ou uma crítica a alguma afirmação sua. O “professor” lançava publicamente contra sua vítima um ataque demolidor, usando palavras duras, xingamentos grosseiros e descabidos, que só deixava uma opção para o sujeito: desaparecer daquele curso, daquele meio. Com a maior tranquilidade, Olavo deixava de lado o mérito da questão e caía com força sobre a pessoa que ousara levantar uma opinião contrária à sua. Virtudes como humildade, caridade, e atitudes oriundas do Evangelho não eram sequer cogitadas.

Dentro desse contexto cabe assinalar a calúnia, frequentemente usada como instrumento de combate contra opositores do seu pensamento. Os seus alunos são testemunhas disso.

- Um dos aspectos mais importantes dos métodos com que defendia suas ideias e sua autoridade de mestre é o fato de escapar propositadamente de qualquer definição mais precisa do seu pensamento. Hoje guénoniano, amanhã contra René Guénon; hoje astrólogo, amanhã cristão; hoje “ultra-ecumenista”, amanhã rezando o Terço. Olavo formou uma espécie de biblioteca de onde extraía argumentos para rebater qualquer crítica, fosse ela num sentido ou em outro.

Mas a fé católica não tem abertura para qualquer tipo de duplicidade. “Mas seja o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque tudo o que daqui passa, procede do mal6. Isso vem do fato de que, uma vez a alma tendo recebido de Deus o dom sobrenatural da Fé, ela realiza uma adesão do seu conhecimento e da sua vontade à totalidade da Revelação, de tudo que Deus disse de si mesmo através de certos homens, e do que Ele entregou como Depósito da verdade à sua Igreja, fundada no Sangue de Jesus Cristo. E o motivo dessa entrega, dessa submissão, não vem de qualquer evidência racional, iniciática ou científica, do objeto material da fé, mas sim da autoridade de Deus se revelando. É verdade porque Deus disse que é assim. E se eu creio porque Deus disse, então não posso negar nada, não posso acatar um dogma e negar outro.

É justamente este tipo de adesão que não encontramos nos ensinamentos, mesmo mais recentes de Olavo de Carvalho.

Há vídeos dele falando sobre o amor de Deus. Apesar de algumas passagens corresponderem à doutrina católica, outras se afastam do dogma da fé. Quando Olavo fala da Confissão, mostra não compreender a essência deste Sacramento, e orienta seus alunos num sentido diferente do que ensina a Igreja, causando o descrédito do aluno no ensinamento constante da Esposa de Cristo. Em dado momento, Olavo afirma que no caso da Confissão, prefere seguir o pensamento do Pe. Pio, quando este diz: “Confia em Deus e deixa o resto por Sua conta”. Uma citação como essa, ou quando cita Santo Agostinho, dá ao aluno a impressão de que Olavo é perfeitamente católico, mas ele não percebe que a citação é truncada. O padre Pio afirmava esse tipo de conselho, mas nunca para induzir seus penitentes a não fazerem um exame de consciência detalhado, como pretende Olavo de Carvalho.

Há uma espécie de falsa mística de fundo modernista, imanentista. Ensina Olavo certo existencialismo, vida da alma marcada pela “experiência do eu”, em que a alma se encontra “dentro de Deus”, só e isolada, isenta de qualquer juízo de terceiros sobre seus atos. É uma situação muito cômoda, sem dúvida, mas que conduz seus discípulos a desprezarem o ensinamento católico sobre a vida da alma, sobre a oração, sobre a realidade do pecado e a necessidade da confissão completa dos seus pecados.

Os católicos que guardam um laço afetivo com Olavo de Carvalho devem ter a coragem de olhar para o seu ensinamento de modo reto, sem sentimentalismos. Devem escolher a segurança do dogma católico contra as ondulações e variações de uma gnose herética. Na sua posição de professor, de pensador, de filósofo, Olavo de Carvalho deve prestar mais contas a Deus sobre sua fé e sua conduta do que um simples homem. Se foi como católico que ele se apresentou ao Juízo de Deus, rezamos para que tenha pedido perdão dos seus pecados e dos erros que ensinou por tantos anos.

 

  1. 1. O Concílio Vaticano I define estes pontos como dogma de fé, na sua Constituição Dogmática sobre a Fé Católica, de 1870.
  2. 2. Entrevista a Roberta Tórtora, site de astrologia Porto do Céu, Recife, junho 2000.
  3. 3. Cf. São Paulo, Epístola aos Hebreus.
  4. 4. Revista República, fevereiro de 2000.
  5. 5. http://permanencia.org.br/drupal/node/1912
  6. 6. S. Mateus, 5, 37.

Índice da Revista Permanência 265

Revista Permanência 265 - 179 páginas

(Editorial) Entre martírios e abismos Dom Lourenço Fleichman
A perseguição religiosa no mundo islâmico Robert Spencer
Por que a Rússia? Dom Lourenço Fleichman
O dever de reparação Pe. Réginald Garrigou-Lagrange
O sermão da última ceia Pe. José Maria Mestre - FSSPX
Exercícios práticos para via sacra São Leonardo de Porto-Maurício
Comentário ao salmo 2 Santo Tomás de Aquino
Media Vita Pe. Luis Cláudio Camargo - FSSPX
Lições de Abismo Gustavo Corção

Entre a massificação da cultura
e a ampliação das elites

Antônio Hernandez
Recensão: a ilusão liberal Luiz de Carvalho
Recensão: sete mentiras sobre a Igreja católica Gabriel Galeffi

 

 

 

 

 

A missa nova é protestantizada?

R E S P O N D E O   nº 1

1. OS TRADICIONALISTAS EXTRAPOLAM AO AFIRMAR QUE A MISSA NOVA É PROTESTANTIZADA. NA VERDADE QUERIAM CHAMÁ-LA HERÉTICA E INVÁLIDA!

 

Resposta: O Novus Ordo é um rito protestantizado. São vários os motivos que nos obrigam dizê-lo:

 

  • a intenção dos reformistas.
  • A acolhida dos protestantes.
  • O escandaloso convite feito aos protestantes.
  • O parecer de eminentes teólogos.
  • A comparação com as reformas litúrgicas de Lutero e Zwinglio.
  • O problema da tradução do Missal.
  • A adoção de novas linguagens e práticas.

 

a) A INTENÇÃO DOS REFORMISTAS

O escritor francês Jean Guitton, amigo próximo de Paulo VI, escreveu: “O Papa Paulo VI me confiou que era sua intenção assemelhar o mais possível a nova liturgia ao culto protestante” 1. Também possuímos a declaração do pde. Anibal Bugnini, talvez o principal nome por trás do Novus Ordo Missae: “A oração da Igreja não deve ser um motivo de constrangimento para ninguém", logo "[é preciso] arredar toda a pedra que poderia constituir qualquer sombra de risco de tropeço ou de desprazer para os nossos irmãos separados" (L´Osservatore Romano, 19 de março de 1965). Grifos nossos.

 

b) A ACOLHIDA DOS PROTESTANTES

Lutero dizia: "Eu afirmo que todos os lupanares, os homicídios, os roubos, os adultérios, são menos maus que esta abominável Missa!"

Após o Novus Ordo, entretanto, os protestantes abandonaram a costumeira hostilidade e encheram-se de simpatia pelo rito da Igreja. Por que não se entusiasmavam com o antigo missal e sim com este? Por que recusavam firmemente rezar pela Missa de Sempre, mas não têm escrúpulos em utilizar a Missa Nova? A razão, acreditamos, não pode ser outra senão a de que a "reforma litúrgica deu um passo notável para a frente e houve uma aproximação das formas da Igreja luterana" (L´Osservatore Romano, 13/10/1967).

Vejamos algumas declarações públicas de protestantes, declarações essas que constituem sinal evidentíssimo de que há algo errado com a nova missa2:

- Max Thurian, da Comunidade protestante de Taizé: “Um dos frutos do novo Ordo será talvez que as comunidades não católicas poderão celebrar a santa ceia com as mesmas orações da Igreja católica. Teologicamente é possível” (“La Croix”, 30-5-69).

- “Agora, na Missa renovada, não há nada que possa verdadeiramente perturbar o cristão evangélico” (Siegevalt, Prof. de Dogmática na Faculdade protestante de Strasbourg, “Le Monde”, 22-11-69).

- “As novas orações eucarísticas católicas abandonaram a falsa perspectiva de um sacrifício oferecido a Deus” (“La Croix”, 10-12-69, palavras que Jean Guitton diz ter lido em revista protestantes muito apreciada).

- “Se toma em consideração a evolução decisiva da liturgia eucarística católica, a possibilidade de substituir o cânon da Missa por outras orações litúrgicas, o afastamento da idéia segundo a qual a Missa constituiria um sacrifício, a possibilidade de comungar sob as duas espécies, não há mais razão para as igrejas da Reforma" (Roger Mehl, protestante, em “Le Monde”, 10-9-70).

- “Nós nos atemos à utilização das novas preces eucarísticas nas quais nós nos encontramos e que têm a vantagem de matizar a teologia do sacrifício que tínhamos o hábito de atribuir ao catolicismo. Estas preces nos convidam a encontrar uma teologia evangélica do sacrifício” (Trecho de um documento emanado do Consistório superior da Confissão  de Augsbourg e da Lorena, datado  de 8-12-73, publicado em “L’Église en Alsace”, número de janeiro de 1974).

- “A maior parte das reformas que Lutero desejava. Existem doravante no interior mesmo da Igreja Católica” – (...) “Por que não se reunir?” (Seppo A. Teonen, teólogo luterano, professor de Dogmática na Universidade de Helsiqui, jornal “La Croix” de 15-5-72).

Acrescente-se ainda as declarações feitas em 1983 pela Comissão Mista católico-luterana, oficialmente reconhecida por Roma:

"Outras exigências que Lutero tinha formulado em seu tempo podem ser consideradas como sendo satisfeitas na teologia e na prática da Igreja de hoje", tais como: "o emprego da língua vulgar na liturgia, a possibilidade da comunhão sob as duas espécies e a RENOVAÇÃO DA TEOLOGIA E DA CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA"3. (grifos nossos)

 

c) O ESCANDALOSO CONVITE FEITOS AOS PROTESTANTES

Seis pastores protestantes foram convidados para a Comissão da Reforma Litúrgica e dela participaram como adidos qualificados. Paulo VI deixou-se fotografar com os mesmos na cerimônia de encerramento do CONSILIUM, em 10/4/70 e a foto foi reproduzida em La Documentation Catholique. Ora, estes pastores não se limitaram a assistir, mas tiveram participação ativa.

“A intervenção ativa destes ‘observadores’ é corroborada por declarações de Mons. W.W.Baum, “diretor executivo” dos assuntos ecumênicos da conferência episcopal americana”: “Eles não lá estiveram como simples observadores, mas como consultores, e participaram plenamente das discussões sobre a renovação litúrgica católica. Não faria muito sentido caso se contentassem em ouvir, mas eles puderam contribuir” (Detroit News, 27 de junho de 1967)” 4.

Ademais, como afirmou Mons. Lefebvre, por que os protestantes teriam sido convidados para a Comissão da Reforma Litúrgica senão para que dissessem “se estavam satisfeitos ou não, ou se havia alguma coisa que lhes não agradava, se eles podiam rezar conosco?” 5

Essa escandalosa participação dos protestantes teve um precedente notório: o Concílio Vaticano II:

Os protestantes, integrando um grupo que foi chamado de "OBSERVADORES NÃO-CATÓLICOS", já estavam presentes na Aula Conciliar desde o primeiro dia da Primeira Sessão do Concílio Vaticano II, e a importância de sua participação foi logo enfatizada, pois no programático discurso de abertura do Concílio (11/10/62), o Santo Padre João XXIII anunciou formalmente que uma das grandes finalidades do encontro seria a união dos cristãos.

“Esses "OBSERVADORES NÃO-CATÓLICOS" participaram do início ao fim do Concílio e no final deste, ou seja, no dia 4 de dezembro de 1965, estavam presentes em uma cerimônia ecumênica, na qual o Papa Paulo VI, "com evidente satisfação" e dirigindo-se a tais "observadores", disse:

"... Sabeis, Irmãos, que de muitas maneiras o nosso próprio Concílio Ecumênico pôs-se em movimento em direção a vós: da consideração que os Padres Conciliares não deixaram de manifestar pela vossa presença, que tão cara lhes era, até o esforço unânime para evitar toda expressão que não fosse cheia de deferências para convosco; da alegria espiritual de vermos vosso grupo de escol associado às cerimônias religiosas do Concílio, até a formulação de expressões doutrinais e disciplinares aptas a arredar os obstáculos e a abrir sendas tão largas e aplainadas quanto possível para uma melhor valorização do patrimônio religioso que conservais e desenvolveis: a Igreja Romana, como vedes, testemunhou a sua boa vontade de vos compreender e de se fazer compreender; não pronunciou anátemas, senão invitações; não traçou limites à sua espera, como tampouco os traça ao seu oferecimento fraterno de continuar um diálogo que a empenha"6. (grifos nossos)

 

d) O PARECER DE EMINENTES TEÓLOGOS E AUTORIDADES DA IGREJA

Cardeal Ottaviani, outrora Prefeito da Congregação da Doutrina e da Fé, oficialmente encarregado pela defesa da Fé e da moral: “A nova forma da missa foi substancialmente rejeitada pelo Sínodo Episcopal, nunca foi submetida ao júri das Conferências Episcopais e nunca foi reivindicada pelo povo. Além do mais possui todas as possibilidades de satisfazer aos mais modernistas dos Protestantes” 7 . (grifos nossos).

Cardeal Sticker: “O lugar importante dado às leituras e à pregação na nova missa, a possibilidade mesma deixada ao padre de acrescentar explicações e palavras pessoais é uma reflexão a mais sobre o que é legítimo chamar de uma adaptação à idéia protestante de culto..." (grifos nossos)

Cardeal Silvio Oddi: “Quando o Cânon II foi publicado, os protestantes da famosa comunidade de Taizé, que têm uma liturgia muito diferente da liturgia católica, disseram: “Este nós também podemos usar”. Isto quer dizer que pode ser interpretado sem a presença real de Cristo na Eucaristia. Portanto, alguma coisa não era clara (...) Tenho a impressão de que as pessoas escolhidas para efetuar todas essas reformas litúrgicas não estavam muito preocupadas com a pureza do dogma e da doutrina. Tentaram apresentar as coisas para agradar alguém, por uma concepção ecumênica errônea” 8. (grifos nossos)

Cardeal Fernando Antonelli, membro do Consilium, organismo encarregado da reforma litúrgica: "Tenho a impressão de que se concedeu muito, sobretudo em matéria de sacramentos, à mentalidade protestante" (grifos nossos)

Mons. Klaus Gamber, bispo de Ratisbona e perito em Liturgia: “A reforma litúrgica de Paulo VI foi mais radical que a de Lutero”.

Pde. Raymond Dullac: “Este rito possui um PECADO ORIGINAL que circuncisão alguma será capaz de suprimir: o pecado de se ter querido fabricar uma “missa” passe-partout, apta a  ser celebrada tanto por um católico como por um protestante”

Um grupo de teológicos publicou em 1969 um artigo na conceituada revista Pensée Catholique: “O Ordo Missae tenderia a instaurar na Igreja católica romana um ofício por demais semelhante à ceia das igrejas protestantes. Sinal característico? É a Ceia e não a Cruz que figura no frontispício do livro vermelho, na página 2” 9.

Outro interessante testemunho nos foi dado pelo escritor Julien  Green, convertido do anglicanismo: “A primeira vez que ouvi a Missa em francês, tive dificuldade em crer que se tratava de uma Missa Católica. Apenas a Consagração me tranqüilizou, embora ela fosse, palavra por palavra, semelhante à consagração anglicana”.

No mesmo livro, o autor conta a impressão que ele e sua irmã tiveram diante de uma Missa televisionada: Pareceu-lhes uma imitação grotesca do ofício anglicano. No fim ele perguntou à sua irmã: “por que é que nos convertemos?” (op. cit., p. 138) 10.

 

e) A COMPARAÇÃO COM A REFORMA LITÚRGICA DE LUTERO

― É espantosa a comparação entre o culto dos reformadores e o Novus Ordo. A citação seguinte foi tirada do livro de Arnaldo Xavier da Silveira, “Considerações sobre o Ordo Missae de Paulo VI”. Os negritos são nossos:

“Na quinta-feira santa, 13 de abril de 1525, bem como na sexta-feira santa e no domingo de Páscoa seguintes, sob as abóbadas estarrecidas do “Grand Muenster”, o culto se processou de maneira absolutamente nova. A língua alemã expulsava totalmente o latim da liturgia. Os coros não cantavam mais (...) A ceia substituía a missa.

“As espécies da refeição sagrada encontravam-se sobre uma mesa de tipo comum. Zwinglio oficiava voltado para a assembléia, em vez de permanecer, como na liturgia romana, de frente para o altar. A seu tempo, acólitos distribuíam o pão ao longo dos bancos dos fiéis, que com suas próprias mãos tomavam um pedaço e o levavam à boca. O cálice, trazido da mesma maneira, circulava em seguida, passando de um comungante a outro. Zwinglio fizera questão de que o vinho fosse pôsto em cálices de madeira, a fim de repudiar abertamente todo o fausto. (...)”11.

― “...a primeira medida de Lutero contra o caráter sacrifical da Missa, foi a supressão do ofertório, que mais explicitamente o expressa. Depois fez as outras mudanças. Foi igualmente o que fez Paulo VI na nova missa, transformando o ofertório em uma simples apresentação de dons conforme prática judaica na suas sinagogas.

“Em seguida, Lutero alterou as palavras da instituição, fazendo da parte consacratória e da narrativa, que são bem distintas, uma só, e mandando pronunciar tudo em tom narrativo e em voz alta. Tudo para suprimir qualquer idéia de ação pessoal do celebrante e pois, toda a idéia de sacrifício, e assim inculcar nos assistentes a idéia protestante de simples ceia-memorial.

“Também a reforma de Paulo VI, do rito da Missa, alterou a forma da Consagração, transpondo para fora dela as palavras “Mysterium fidei”, e suprimindo o ponto gráfico que separava bem a parte narrativa, da parte consecratória, de modo que o celebrante é levado a pronunciar tudo em tom narrativo como quem apenas conta um fato acontecido no passado, e não como quem faz uma ação pessoal, que torna de novo presente a mesma realidade operada por Jesus Cristo, e por Ele ordenada que fosse renovada perpetuamente mediante o ministério do sacerdote (Lc. 22,19).

“Vê-se pois, por essa pequena amostra – e há muitos outros pontos nos quais a missa nova não é mais a pura expressão da Fé Católica – como é de suma importância a nossa fé nesse aspecto da Missa como sacrifício. Aí está a prova. Os protestantes tomam ares de festa com a sua supressão, através da Missa nova” 12.

― “Lutero suprimiu qualquer referência aos Santos. Também na Missa Nova, dos seus quatro Cânones, somente o chamado Romano menciona alguns Santos, e mesmo assim, é livre a sua menção pelo celebrante. Mais um motivo por que vários pastores protestantes afirmam poder celebrar a sua ceia-memorial usando o texto da Missa Nova” 13.

― “Para Lutero, a Missa é somente um banquete de comemoração da última Ceia. Daí ser celebrado em uma mesa, e com o celebrante voltado para o povo, na postura dos comensais de refeição comum, como se faz na Missa Nova” 14.

 

f) O PROBLEMA DA TRADUÇÃO

Outro aspecto que deve ser estudado é o da tradução do Novus Ordo para o vernáculo. Problema que ocorreu em maior ou menor grau por todo o mundo. No Brasil, os "erros" de tradução foram motivo de polêmica pública, envolvendo sacerdotes e diversos intelectuais católicos15. Ora, analisando os “erros” diversos de tradução para o português (o padre D´Elboux listou na época nada menos que 150 e, segundo narrou o mesmo, Dom Fernandes, de Londrina, relacionou número ainda maior de "erros"), verifica-se que vão freqüentemente numa direção muito agradável aos protestantes. Ora, o fortuito não pode ser repetitivo. Vejamos alguns exemplos:

1. Nas referências à Nossa Senhora, todas as vezes em que se lia beata Virgo Maria no original latino do Novus Ordo, traduziu-se simplesmente por "Virgem Maria", omitindo o bem-aventurada que pedia o latim. Isto ocorre nos parágrafos 3, 45, 54, 78, 85 e 94. Notamos que, no parágrafo 85, lia-se: in primis cum beatissima Virgine, Dei Genitrice, Maria. Eliminados o superlativo beatissima e o in primis ("antes de tudo"), ficou a tradução abreviada para: "Virgem Maria, mãe de Deus".

Ainda neste ponto, encontramos as omissões seguintes:  

— no parágrafo 30: "Virgo Mater inefabili dilectione sustinuit", torna-se: "a Virgem esperou com amor de Mãe". Enquanto no latim, estava amor inefável e não, de Mãe;

— no parágrafo 45 e no 53, "virginitatis gloria permanente" e "in primis gloriosae semper Virginis Mariae", respectivamente no latim. Não aparece na tradução o gloria da primeira frase, nem o gloriosae, da segunda;  

— no parágrafo 46: "Deiparae Virgini Sponsus" fica traduzido como "esposo à Virgem Mãe", enquanto Deiparae pedia "à Virgem Mãe de Deus".

2. Com relação aos Apóstolos, Santos e Mártires ocorre fenômeno parecido com o que se viu acima. No parágrafo 47, "beatos Apostolos", no texto latino, traduz-se simplesmente "dos Apóstolos"; no parágrafo 69 traduz-se "tuis sanctis Apostolis" por "apóstolos"; mais grave, no parágrafo 78 simplesmente omite-se a menção aos santos ("et omnibus Sanctis qui tibi a saeculo placuerunt", torna-se "e todos os que neste mundo vos serviram" — para não mencionar a tradução inaceitável de "placuerunt" por "serviram"). Ainda no parágrafo 85 vê-se novas omissões: "cum beatis Apostolis tuis et gloriosis Martyribus" é transformado em "os vossos apóstolos e mártires".

3. Com relação à Igreja: Por duas vezes suprime-se o adjetivo "católica" ao referir-se à Igreja e, em uma vez, omite-se o adjetivo "santa". "Quae tibi offerimus pro Ecclesia tua sancta catholica" passou a ser "Nós as oferecemos (omitiu-se in primis) pela vossa Igreja (omitiu-se sancta e catholica) dispersa pelo mundo".

4. A tradução de "pro multis", na formula mesma da Consagração, por "por todos" (mais gravemente, na tradução oficial de 1969, publicada sob a aprovação da CNBB, "por todos os homens"), cuja correção apenas recentemente foi ordenada.

5. No início da agora chamada "Oração Eucarística I" [...] vê-se traduzido haec dona, haec munera, haec sancta sacrificia illibata por "estas oferendas", simplificação excessiva e mutiladora, exatamente porque aquelas ofertas são matéria do "sacrifício ilibado", da Vítima Perfeita, Cristo. A missa é essencialmente sacrifício: não assembléia, nem memorial.

Poder-se-ia arrolar ainda muitos outros exemplos de infelizes omissões, como a do parágrafo 63, onde "et hunc praeclarum calicem" é traduzido, tão pobremente, por "o cálice"; ou a igualmente infeliz omissão em dois lugares de adjetivos que indicam perpetuidade quando se refere a danação ou vida eterna (parágrafos 43 e 60); ou as diversas passagens em que se eliminou ou se atenuou expressões referentes aos Anjos e à hierarquia angélica; ou a tradução do “Orate frates”, ou do “Et cum spiritu tuo”.

 

É de espantar a franqueza com que D. Clemente Isnard OSB, Secretário Nacional de Liturgia no tempo em que foram feitas as traduções, narra como conseguiu a aprovação de Roma ao texto traduzido (grifos nossos):

"Resolvi então proceder por própria conta" - coisa de admirar mas não de imitar - e que tanto irritou Dom Geraldo Fernandes, que chegou a ser Vice-Presidente da CNBB. "Apresentei em Roma, e a Congregação para o Culto Divino aprovou nossa versão. Nossa sorte é que no momento não havia na Congregação perito em língua portuguesa. Desta forma obtivemos aprovação da simplificação do Cânon Romano, que tinha sido apresentada pelos franceses e negada... Nós simplesmente havíamos copiado a proposta francesa"16 .

 

g) NOVA LINGUAGEM, NOVAS PRÁTICAS

- “É sabido que a Eucaristia tem dois aspectos, um de Sacramento, outro de Sacrifício. O 1º é chamado “Eucaristia”; o 2º é a Santa Missa. É de fé que a Missa é Sacrifício; o próprio termo “Missa” já indica o seu caráter sacrifical, pois é o particípio do verbo latino “mittere”: enviar. Significa que, ao fim da Missa, a oblação sacrifical já foi enviada (Sto. Tomás)

“Por isso, Lutero suprimiu a palavra “Missa”, em sua reforma litúrgica; queria apagar da mente dos fiéis até a idéia de Sacrifício que lhe é conexa. “Chamemo-la, dizia ele, Benção, Eucaristia, Ceia do Senhor”. E hoje, seguindo a preferência da “Institutio generalis”, que promulgou a Missa Nova, está sendo chamada, de preferência, Eucaristia.

- “Para Lutero, todo homem, só pelo batismo, já é sacerdote, porque, para ele, não há qualquer diferença entre ser cristão e ser sacerdote. Por isso, os seus pastores são meros presidentes das assembléias reunidas para celebrar a sua ceia meramente memorial. É muito sintomático que, na Missa Nova, o “Confiteor” não seja mais rezado, primeiro, pelo celebrante sozinho e só depois pelos fiéis juntos. Esta mudança insinua igualdade entre os padres e os leigos. E o próprio Institutio Generalis (no. 7) chama o celebrante de presidente da “assembléia do povo de Deus”, na qual o povo reunido sob sua presidência é que celebra o “Memorial do Senhor”. Só diante da reclamação dos fiéis por causa desse grave erro é que Roma fez um arremedo de correção, pois o celebrante continuou a ser presidente da Assembléia e o povo não deixou de ser quem celebra, ou concelebra (com o presidente)...” 17

 

Podemos citar ainda aqui:

- O grave problema da definição da Missa como Ceia no “Institutio Generalis”;

- As concelebrações;

- A substituição do latim pelo vernáculo;

- A comunhão dada na mão;

- A substituição do gregoriano por músicas populares, o emprego de instrumentos de percussão e cordas nas Igrejas;

- As missas-show, carismáticas etc.

 

CONCLUSÃO

"O Novus Ordo foi concebido com o propósito de favorecer um falso ecumenismo, esmaecendo a fé", "a Nova Missa pode ser lícita e válida, mas a intenção que presidiu a sua elaboração a torna intrinsecamente perversa e perigosa". A essas objeções, Dom Guy Oury, do célebre mosteiro de Solesmes, comentou: "Se fosse realmente assim, compreender-se-ia que os católicos fiéis estivessem justamente alarmados em sua fé; a resistência tornar-se-ia mesmo um dever"

Ora, como nota Louis Salleron, ainda que estas duas objeções devessem ser formuladas um pouco diferentemente, é realmente assim. Por isso, a resistência é um dever18.

 

* * *  

Encerramos deixando ao leitor a tarefa de julgar. As evidências são copiosas. Como negar, sem má-fé, que é protestantizante o novo rito, não apenas em sua intenção, não apenas no entender dos protestantes, mas naquilo mesmo que o constitui?

O leitor desejoso de se aprofundar no assunto poderá ler alguns dos trabalhos que foram publicados nesse sentido:

- A Missa de Lutero, por Mons. Lefebvre;

- Protestantização Litúrgica (Sim Sim Não Não, no. 69);

- Carta Aberta aos Católicos Perplexos, cap. IV, de Mons. Lefebvre.

- “A Teologia do Sacrifício da Missa”, por D. Licínio Rangel (Sim Sim Não Não, Julho/2001);

- "Solesmes et la Messe" (Itinéraires, no. 195), "En quoi la Nouvelle Messe est un échec " (no. 194), Louis Salleron.

- La Nouvelle Messe de Paul VI: Qu´en penser?”, Ia parte, cap. 5. de Arnaldo Xavier da Silveira “

- “A Missa Nova, um caso de Consciência” e “Católicos, Apostólicos, Romanos”, padres de Campos.

Sobre a Missa tradicional, oferecemos ainda vários textos no nosso site

 

* * *

Finalmente, jamais alegamos que a Nova Missa fosse herética ou inválida. A esse respeito, citamos palavras do próprio Mons. Lefebvre: “Evidente que a reforma litúrgica atual se inspira na reforma de Lutero. Eu disse isso, em Roma, a muitos Cardeais: “Vossa nova Missa é a Missa de Lutero!” A isso me foi respondido: “Mas então ela é herética!” E eu respondi: “Não, ela não é herética, mas é ambígua, equívoca, pois um pode celebrá-la com a fé católica integral do Sacrifício, da Presença Real, da Transubstanciação e outro pode celebrá-la sem ter essa intenção e, nesse caso, a Missa não será mais válida. As palavras que ele pronuncia e os gestos que ele faz não o contradizem. Ela é equívoca, sim, equívoca. E certamente Lutero, durante muitos anos, a celebrou validamente, quando ele ainda não estava contra o Sacrifício, quando ele era ainda mais ou menos católico. Porém, mais tarde, quando ele recusou o Sacrifício, o Sacerdócio, a Presença Real, então sua Missa passou a não ter mais validade”19.

  1. 1. Emission de Radio-Courtoisie, 19/12/1993. “A intenção de Paulo VI, a respeito da liturgia católica, foi reformá-la de modo a quase coincidir com a liturgia protestante (...) Repito, Paulo VI fez tudo quanto estava em seu poder para aproximar a missa católica – afastando-se do Concílio de Trento – da Ceia protestante (...) Há em Paulo VI uma intenção ecumênica de apagar, ou ao menos de corrigir, ou de abrandar, o que na Missa há de demasiadamente católico, no sentido tradicional, e de aproximar a Missa católica da missa calvinista”.
  2. 2. “A missa nova, um problema de consciência”, padres de Campos.
  3. 3. Como consta de “La Documentation Catholique”, de 3 julho de 1983, n.1085, páginas 696 e 697. Citado em “A Renovação da Celebração da Missa”, Francisco Lafayette.
  4. 4. “La nouvelle messe est d´esprit protestant”, Mons. Lefebre, “La Libre Belgique”, 25/9/76. Reproduzido de “Le mouvement Liturgique”, Abbé Didier Bonneterrre, ed. Fideliter.
  5. 5. A Missa de Lutero, conferência de Mons. Lefebvre.
  6. 6. A “Renovação” da celebração da Missa, Francisco Lafayette.
  7. 7. A Intervenção Ottaviani (http://www.permanencia.org.br/revista/atualidades/ottaviani.htm)
  8. 8. Em entrevista para a revista “30 dias”, julho de 1991.
  9. 9. Publicado em La Pensée Catholique, no. 122.
  10. 10. “A missa nova, um problema de consciência”, padres de Campos.
  11. 11. Jean Rilliet, “Zwingle, le Troisième Homme de la Réforme”, 1959 – citado por “La Contre-Réforme Catholique au XX Siècle”, no. 26, novembro de 1969, p. 1.
  12. 12. “A Teologia do Sacrifício da Missa”, D. Licínio Rangel.
  13. 13. A Missa da Tradição e a Missa Nova, nov/2001, Sim Sim Não Não.
  14. 14. Ibidem.
  15. 15. Além do Padre d'Elboux, escreveram Gustavo Corção, Gladstone Chaves de Melo ("A Tradução da Nova Missa" e "Ainda a Nova Missa", respectivamente 2/01 e 3/01/70; "Ainda a Missa", Mar/70; "Erros e Heresias Acobertados pela Tradução Brasileira da Missa", Jun/70), o Cônego Ludovico Rosano ("Traduttore, Traditore" em 17/02;"Carta de Uma Padre Católico" em 7/03/70). Como relata ainda o mesmo Pe. D'Elboux ("Ainda a tradução do Novo Missal", Set/73), Dom Fernandes, de Londrina, chegara a preparar uma lista de "erros" de tradução ainda maior que a sua.
  16. 16. Conferência pronunciada no Encontro dos Liturgistas do Brasil. in A Sagrada Liturgia — 40 anos depois", estudos da CNBB no. 87. Editora Paulus, São Paulo, 2003.
  17. 17. “A Missa da Tradição e a Missa Nova”, nov/01, Sim Sim Não Não.
  18. 18. "Solesmes et la Messe", Louis Salleron, Itinéraires, 195.
  19. 19. “A Missa de Lutero”, Mons. Lefebvre.

Fotos de um martírio

 

“Dos mártires daqueles dias, nenhum chamou tanto a atenção do público no México e no resto do mundo como o Jesuíta Miguel Agustín Pro. Pro foi morto por um pelotão de fuzilamento em frente das câmeras dos jornais que o governo trouxera para gravar o que esperava ser o constrangedor espetáculo de um padre implorando por misericórdia. Foi uma das primeiras tentativas modernas de usar a mídia para a manipulação da opinião pública com propósitos anti-religiosos. Mas, ao invés de vacilar, Pro demonstrou grande dignidade, pedindo apenas a permissão de rezar antes de morrer. Após alguns minutos de prece, levantou-se, ergueu seus braços em forma de cruz – uma tradicional posição de oração mexicana – e, com voz firme, nem desafiante, nem desesperada, entoou de forma comovente palavras que desde então se tornaram famosas: 'Viva Cristo Rey'.

A fabulosa história de D. Gabriel Garcia Moreno

[Nota Permanência] Como soará a divisa de S. Pio X, “Instaurare omnia in Christo” aos leitores modernos, tão acostumados ao liberalismo que hoje triunfa nas nações? Utopia? Arcaísmo? O exemplo de D. Gabriel García Moreno, ex-presidente do Equador e mártir da Fé, contudo, é resposta contundente, tanto pelo sucesso de seu governo como pela aclamação de seu povo. É a resposta que um católico deve dar, é o modelo daquilo que devemos buscar, mormente nestes tempos de eleição, para o governo de nossa pátria, cevada, também ela, com o sangue de mártires (v. neste site o artigo “Os Protomártires do Brasil).

 
Que Nossa Senhora Aparecida nos proteja a todos os brasileiros, e com estes augustos exemplos nos ajude a tornar esta terra digna de sua padroeira!
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