Category: Infância espiritual
Muitos erros práticos na vida espiritual provêm do fato de esquecermos de considerar que em tudo é preciso primeiramente querer o fim e que este fim só se realiza ou se obtém em último lugar. Como diz muitas vezes Santo Tomás: “o fim é o primeiro na ordem da intenção e último na ordem da execução” (Ia. IIae., q. 1, a. 4). O doente quer a saúde mais do que os remédios mas só após empregar os remédios é que recobra a saúde desejada. O arquiteto concebe a Igreja que quer construir em toda sua altura mas ele tem, evidentemente, que começar pelas fundações e não pelas abóbadas. Na ordem material, só os loucos é que se afastam deste bom senso elementar. Mas na ordem espiritual é fácil se afastar dele sem se notar. Muitos parecem querer começar pelas abóbadas e flechas e não pelos alicerces, a construção do edifício espiritual ou, para empregar outra imagem, parecem querer voar sem ter asas.
Desejaríamos recordar neste artigo qual é o alcance do princípio que acabamos de lembrar, para o itinerário espiritual. Será este um modo de completar praticamente o que muitas vezes dissemos sobre o caminho normal da santidade onde é preciso, contrariamente aos quietistas, evitar tanto a presunção como a preguiça espiritual, não avançando nem muito cedo nem muito tarde mas, como deseja o Senhor, fortiter e suaviter.