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Art. 2 — Se para a remissão dos pecados veniais é necessária a infusão da graça.

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O segundo discute-se assim. — Parece que para a remissão dos pecados veniais é necessá­ria a infusão da graça.
 
1. — Pois, não há efeito sem causa própria. Ora, a causa própria da remissão dos pecados é a graça, pois não é pelos nossos próprios mé­ritos que os pecados nos são perdoados. Donde o dizer o Apóstolo: Mas Deus, que é rico em misericórdia, pela sua extremada caridade com que nos amou, ainda quando estávamos mortos pelos pecados, nos deu vida juntamente em Cris­to, por cuja graça sois salvos. Logo os pecados veniais não se remi tem sem a infusão da graça.
 
2. Demais. — Os pecados veniais não se perdoam sem a penitência. Ora, pela penitência se infunde a graça, como pelos outros sa­cramentos da Lei Nova. Logo, os pecados ve­niais não se perdoam sem a infusão da graça.
 
3. Demais. — O pecado venial deixa uma certa mácula na alma. Ora a mácula não se apaga senão pela graça, que é a brilho espiri­tual da alma. Logo, parece que os pecados ve­niais não são perdoados sem a infusão da graça.
 
Mas, em contrário, o pecado venial sobreveniente não priva da graça nem a diminui, como estabelecemos na Segunda Parte. Logo, pela mesma razão, para ser perdoado o pecado venial não é necessária nova infusão da graça.
 
SOLUÇÃO. — Qualquer realidade fica destruída pela sua contrária. Ora, o pecado venial não é contrário à graça habitual ou à caridade; ape­nas lhe retarda o ato, por nos prendermos de­masiado aos bens criados, embora sem contra­riar a vontade de Deus, como estabelecemos na Segunda Parte. Por onde, para ser apagado o pecado, não é necessária nenhuma graça habi­tual; mas basta, para a sua remissão um certo movimento da graça ou da caridade. Mas nos que têm o uso do livre arbítrio, únicos susceptí­veis de pecado venial, não é possível a infusão da graça sem um movimento atual do livre ar­bítrio levando para Deus e fazendo abandonar o pecado. Por onde, sempre que uma nova gra­ça é infundida, ficam remetidos os pecados veniais.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Também a remissão dos pecados veniais é efeito da graça pelo ato elícito que ela de novo pro­duz; mas não por uma nova infusão na alma de alguma disposição habitual.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — O pecado venial nunca é perdoado sem um certo ato da virtude de penitência, explícito ou implícito, como dis­semos. Mas esse pecado pode ser apagado sem o sacramento da penitência ministrado formal­mente pela absolvição do sacerdote, como disse­mos. Donde, pois não se segue que para a remissão do pecado venial seja necessária a in­fusão da graça, a qual, embora exista em cada sacramento, não existe contudo em qualquer ato virtuoso.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — No corpo pode ha­ver mancha, de dois modos — pela privação do que lhe exige o esplendor da beleza, por exemplo, da cor conveniente ou da devida proporção dos membros; ou pela aderência de um corpo estra­nho, como o lodo ou o pó, que lhe ofusca a be­leza. Assim também a alma pode ficar man­chada pela privação do esplendor da graça em virtude de um pecado mortal; ou pela inclina­ção desordenada do afeto para algum bem tem­poral, resultado do pecado venial. Donde, para apagar a mancha do pecado mortal é necessária a infusão da graça; mas para apagar a do pe­cado venial basta algum ato procedente da gra­ça que remova a adesão desordenada aos bens temporais.

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