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Art. 11 — Se é lícito deixar de todo a comunhão.

 

O undécimo discute-se assim. — Parece que é lícito deixar de todo a comunhão.
 
1. — Pois, foi louvado o Centurião por ter dito: Senhor não sou digno de que entres em minha casa. E a ele é comparável quem julga que deve abster-se da comunhão, como se disse. Ora, o Evangelho, não referindo que Cristo al­gum dia viesse à casa do centurião, parece que é lícito abstermo-nos por toda a vida, da comu­nhão.
 
2. Demais. — A todos é lícito absterem-se do que não é necessário à salvação. Ora, este sacramento não é de necessidade para a salvação, como se disse. Logo, é lícito deixar totalmente de recebê-lo.
 
3. Demais. — Os pecadores não são obriga­dos a comungar. Por isso Fabiano Papa, depois de ter dito — Todos comunguem três vezes por ano — acrescentou: salvo quem estiver impedido, por crimes maiores. Se, pois, os que não estão em pecado devem comungar, parece que em melho­res condições estão os justos, que os pecadores ­o que é inadmissível. Logo, parece que também aos justos é lícito deixar completamente a co­munhão.
 
Mas, em contrário, o Senhor disse: Se não co­merdes a carne do Filho do homem e beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós.
 
SOLUÇÃO. — Como dissemos de dois modos podemos receber este sacramento — espiritual e sacramentalmente. Ora, é manifesto que todos estão obrigados a comungar ao menos espiritual­mente, como dissemos. Logo, sem o desejo de re­ceber este sacramento ninguém pode salvar-se. Mas o desejo seria vão se não se cumprisse quan­do se oferecesse a oportunidade. Por onde, é ma­nifesto que estamos obrigados a receber este sa­cramento, não só por determinação da Igreja, como também por mandamento do Senhor, quan­do disse: Fazei isto em memória de mim. E pelas suas determinações a Igreja marcou os tempos de se cumprir o preceito de Cristo.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Como diz Gregório, a verdadeira humildade con­siste em não desobedecermos com pertinácia ao que é preceituado para nossa utilidade. Por onde, não pode ser uma humildade louvável se, contra o preceito de Cristo e da Igreja, nos abstivermos completamente da comunhão. Quanto ao centu­rião, não lhe estava preceituado que recebesse a Cristo na sua casa.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Diz-se que este sacra­mento não é de necessidade para a salvação, como o batismo — relativamente às crianças, que podem salvar-se sem ele, mas não sem o batis­mo. Mas, para os adultos, ambos são necessários.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — Os pecadores sofrem grande detrimento por serem privados de recebe­rem este sacramento; e por isso não vêm a ficar em melhores condições. E, embora permanecendo no pecado, não sejam por isso escusados da transgressão do preceito, contudo, quando fize­rem penitência, se se abstiverem da comunhão por conselho de um sacerdote, ficam excusados, como diz Inocência.

 

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