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Art. 5 — Se neste sacramento permanecem os acidentes do pão e do vinho.

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O quinto discute-se assim. — Parece que neste sacramento não permanecem os acidentes do pão e do vinho.
 
1. — Pois, removido o anterior, removido fica o posterior. Ora, a substância é naturalmente anterior ao acidente, como o prova Aris­tóteles. Como, portanto, depois da consagração, não permanece a substância do pão neste sacramento, parece que não lhe podem permane­cer os acidentes.
 
2. Demais. — No sacramento da verdade não pode haver nenhum engano. Ora, pelos acidentes julgamos da substância. Logo, pare­ce que o nosso juízo se engana se, permanecendo os acidentes não permanece a substância do pão. Logo, não pode ser tal conveniente a este sacramento.
 
3. Demais. — Embora a nossa fé não de­penda da razão, não é, contudo contrária, mas superior a ela, como se disse no principio desta obra. Ora, a nossa razão se apóia em dados dos sentidos. Logo, a nossa fé não deve ser contrária aos sentidos. Mas, é contrária a eles, porque, onde julgam haver pão, a nossa fé crê que está a substância do corpo de Cristo. Logo, não é conveniente a este sacramento que os acidentes do pão permaneçam sujeitos aos sentidos e não, a substância do pão.
 
4. Demais. — O que permanece, depois da conversão, é o sujeito da mutação. Se, pois, os acidentes do pão permanecem depois da conver­são, os próprios acidentes é que seriam o sujeito da conversão. Ora, tal é impossível, pois, não há acidente de acidente. Logo, neste sacramento devem permanecer os acidentes do pão e do vinho.
 
Mas, em contrário, Agostinho diz: Nós, nas espécies do pão e do vinho, que vemos, honramos as realidades invisíveis da carne e do sangue.
 
SOLUÇÃO. — Percebemos pelos sentidos que, feita a consagração, permanecem os acidentes do pão e do vinho. O que a Divina Providência racionalmente o faz. - Primeiro, porque não costumamos os homens, antes temos horror, de comer a carne e beber o sangue hu­mano. E por isso são nos propostos, para que os tomemos, a carne e o sangue de Cristo, sob as espécies do pão e do vinho, de que mais fre­quentemente nos servimos. - Segundo, para este sacramento não vir a ser a irrisão dos infiéis, se comêssemos a N. Senhor, sob espécie própria. ­Terceiro, para nos aproveitar ao mérito da fé o comermos invisivelmente o corpo e o sangue do Senhor.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Como diz o livro Das causas, um efeito depende mais da causa primeira que da segunda. Por isso, o poder de Deus causa primeira de tudo, pode fazer com que permaneça o posterior, desaparecido o anterior.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Neste sacramento não há nenhum engano, pois, nele estão verdadeiros acidentes, percebidos pelos sentidos. Pois, o inte­lecto, cujo objeto próprio é a substância, como diz Aristóteles, é preservado do engano pela fé.
 
Donde se deduz a RESPOSTA À TERCEIRA. — Pois, a fé não é contrária ao sentido, mas tem por ob­jeto o que os sentidos não atingem.
 
RESPOSTA À QUARTA. — Esta conversão não tem sujeito próprio, como se disse. Mas, os acidentes remanescentes conservam alguma seme­lhança do sujeito.

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