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Art. 6 — Se feita a consagração, remanesce neste sacramento a forma substancial do pão.

O sexto discute-se assim. — Parece que, feita a consagração, remanesce neste sacramento a forma substancial do pão.
 
1. — Pois, como se disse, feita a consagração, remanescem os acidentes. Ora, o pão, sendo um produto artificial, também a sua forma é aciden­tal. Logo, remanesce, feita a consagração.
 
2. Demais. — A forma do corpo de Cristo é a alma, pois, como diz Aristóteles, a alma é o ato do corpo físico, tendo a vida em potência. Ora, não se pode dizer que a forma substancial do pão se converta na alma. Logo, remanesce, feita a consagração.
 
3. Demais. — A operação própria de um ser resulta da sua forma substancial. Ora, o remanes­cente neste sacramento nutre, e produz todos os efeitos produzidos pelo pão real. Logo, a forma substancial do pão permanece feita a consagra­ção.
 
Mas em contrário. - A forma substancial do pão faz parte da substância do pão. Ora, a subs­tância do pão se converte no Corpo de Cristo, como se disse. Logo, a forma substancial do pão não permanece.
 
SOLUÇÃO. — Certos disseram que depois da consagração, não só permanecem os acidentes do pão, mas também a forma substancial dele. Mas isto não pode ser. Primeiro, porque se a forma substancial do pão permanecesse só a matéria do pão é que se converteria no corpo de Cristo. Donde a conclusão, que não se converteria totalmente no corpo de Cristo, mas na matéria dele. O que repugna à fórmula do sacramento que reza: Isto é o meu corpo. - Segundo, porque se a forma substancial do pão permanecesse, ou permaneceria na matéria ou separada da maté­ria: ora, a primeira alternativa não pode ser. Porque se permanecesse na matéria do pão, então a substância do pão permaneceria totalmente,- o que vai contra o que já dissemos. E em outra matéria não poderia permanecer, porque uma forma própria não existe senão na matéria própria. Se porem permanecesse separada da matéria, então seria uma forma inteligível em ato, e também inteligente, pois, tais são todas as formas separadas da matéria: - Terceiro, tal seria inconveniente a este sacramento. Pois, os acidentes do pão neste sacramento permanecem para, sob eles, ser visto o corpo de Cristo, mas não na sua espécie própria, como se disse. Donde devemos concluir que a forma substancial do pão não permanece.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — ­Nada impede uma produção da arte ter forma, não acidental, mas substancial: assim, a arte pode produzir rãs e serpentes. Mas tal forma a arte não na produz por virtude própria, senão em virtude dos princípios naturais. E deste modo produz a forma substancial do pão, em virtude do fogo, que coze a matéria feita de farinha e água.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — A alma é a forma do corpo, que lhe dá a ordem total do ser perfeito: o ser, o ser corpóreo, o ser animado e assim por diante. Por onde, a forma do pão se converte na forma do corpo de Cristo, enquanto lhe dá o ser corpóreo, não porem enquanto lhe dá o ser animado de uma determinada alma.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — Dos efeitos do pão uns dele resultam em razão dos acidentes, como o de afetar os nossos sentidos. E tais efeitos os produzem as espécies do pão, depois da con­sagração, por causa dos seus acidentes remanes­centes. Mas outros efeitos o pão os produz, ou em razão da matéria - tal a sua conversão em outro ser; ou em razão da sua forma substan­cial - tal o resultante da sua espécie, como o de nos alimentar a vida. E tais efeitos os en­contramos neste sacramento, não em virtude da forma ou da matéria, que permanecem, mas por serem milagrosamente conferidos aos próprios acidentes, como diremos mais abaixo.

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