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Introdução ao quarto domingo do advento

4° DOMINGO DO ADVENTO

João Batista prepara as almas para a vinda de Cristo pelo batismo de penitência. (Evangelho de S. Luc. 3, 3)

Paramentos roxos

Como toda a liturgia deste tempo, a Missa do 4° Domingo do Advento tem por fim preparar-nos para as duas vindas de Cristo, vinda de Misericórdia no Natal, em que comemoramos o nascimento de Jesus, e vinda de Justiça no fim do mundo. O Intróito, o Evangelho, o Ofertório e a Comunhão referem-se à primeira; a Epístola, à segunda; e a Oração, o Gradual e o Aleluia podem aplicar-se a uma ou a outra.

Encontram-se nesta Missa as três grandes figuras do Tempo do Advento: Isaías, S. João Batista e a SS. Virgem. No Evangelho aparece S. João Batista dando cumprimento na sua pessoa e pela sua pregação à profecia de Isaías: ele é a voz que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as vossas veredas... e toda a carne verá a salvação de Deus. Ao comentar a pregação do Precursor, S. Gregório explica que a ira futura com que S. João ameaça o auditório é o castigo final que o pecador não poderá evitar, se não pela penitência: “O amigo do Esposo excita-nos a que façamos não só frutos de penitência, mas frutos dignos de penitência. Tais palavras são um apelo à consciência de cada um, convidando-nos a alcançar pela penitência um tesouro de boas obras, que deve ser tanto maior quanto mais profundos foram os estragos causados pelo pecado” (3° Noct.).

Vemos como a Igreja nunca perde de vista a última vinda de Jesus. Recordando-nos a SS. Virgem e o lugar principal que ela ocupa no mistério do Natal, a Comunhão e o Ofertório levam-nos ao nascimento de Belém. Na Comunhão escutamos a profecia de Isaías, que anuncia sete séculos antes o nascimento virginal: uma Virgem conceberá e dará à luz o Emanuel. O Ofertório é uma saudação delicada e pura em que a Santa Igreja, ouvindo as palavras do Arcanjo Gabriel e de S. Isabel, canta a graça especial de Maria ao gerar o Homem-Deus. “Gabriel quer dizer força de Deus, explica S. Gregório, foi enviado a Maria, porque ele vinha anunciar o Messias, que se dignou aparecer humilde e pequenino para vencer todos os potentados. Convinha fosse o Anjo Gabriel, a força de Deus, a anunciar Aquele que vinha como o Senhor dos exércitos, o Todo Poderoso, o Invencível nos combates, que havia de vencer todas as potências do mal” (Sermão 35).

A Oração alude a esta força de Deus, que antes de se mostrar na segunda vinda se manifesta já na primeira, pois que é revestido da nossa fraca e mortal humanidade que Jesus vence o Demônio.

Vendo aproximar-se a vinda de Jesus, nosso Libertador, digamos-lhe com a Santa Igreja: “Vinde, Senhor, não tardeis”.

Do Intróito: O “Rorate” de Isaías! Impossível encontrar o lirismo mais profundo, e ao mesmo tempo texto mais evocativo, que esta prece que constitui como o estribilho de todo o Advento. A terra que se entreabre para receber o orvalho do Céu e faz brotar o Salvador é a Virgem Maria Nossa Senhora.

Da Oração: O grande obstáculo à nossa salvação foi sempre o pecado, Satã e os poderes do mal; mas “o Senhor virá, diz Isaías, como o guerreiro poderoso que marcha para o combate” (3ª lição de 3ª feira). Nós não merecemos a nossa salvação; é da misericórdia de Deus que devemos implorar a força de nos levantarmos do mal.

Da Epístola: Só o Juiz Soberano conhece os pensamentos mais íntimos dos homens; é Ele que no último dia nos há de julgar. Não julguemos o próximo se não quisermos ser julgados por Deus. O apelo a não julgarmos os Ministros de Cristo determinou a escolha desta Epístola para as Ordenações das Quatro Têmporas do Advento.

Do Evangelho: O acontecimento capital da História do mundo vai realizar-se. Segundo a profecia de Isaías, S. João Batista vai apresentar ao mundo o Messias. O momento do aparecimento do Precursor é determinado com precisão. O Cristianismo funda-se em fatos históricos.

Do Ofertório: Com o Arcanjo Gabriel e Santa Isabel saudemos a Virgem Maria, tabernáculo vivo do Altíssimo.

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

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