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Art. 3 — Se esta é a forma conveniente da consagração do vinho: Este é o cálice do meu sangue...

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O terceiro discute-se assim. — Parece que esta não é a forma conveniente da consagração do vinho: Este é o cálice do meu sangue, do novo e eterno testamento, mistério da fé, que será der­ramado por vós e por muitos, para remissão de pecados.
 
1. — Pois, assim como o pão se converte no corpo de Cristo em virtude da consagração assim também o vinho no sangue de Cristo conforme do sobredito se colhe. Ora na forma da consagra­ção a palavra pão está no caso recto (panis), sig­nificando o corpo de Cristo, nem se lhe faz ne­nhum acréscimo. Logo, está, na forma, inconve­nientemente posto num caso oblíquo a expressão sangue de Cristo (sanguinis), acrescentando-se a palavra cálice no caso recto (calix), quando se diz: Este é o cálice do meu sangue.
 
2. Demais. — Não têm maior eficácia as palavras proferidas na consagração do pão, que as proferidas e a consagração do vinho, sendo todas palavras de Cristo. Ora, uma vez pronunciadas as palavras — Isto é o meu corpo, consuma-se a consagração do pão. Logo, desde que forem pro­nunciadas as palavras — Este é o cálice do meu sangue, está perfeita a consagração do sangue. E assim, as palavras seguintes não parece serem da substância da forma, sobretudo por exprimi­rem propriedades deste sacramento.
 
3. Demais. — O Testamento Novo parece constituir uma inspiração interna, como resulta das palavras de Jeremias citadas pelo Apóstolo: Consumarei sobre a casa de Israel um testamen­to novo, imprimindo a minha lei nas suas entra­nhas. Ora, o sacramento opera de um modo vi­sível. Logo, está inconvenientemente dito na for­ma: do novo Testamento.
 
4. Demais. — Chama-se novo o que é propriamente o princípio do seu ser. Ora, o eterno não tem princípio do seu existir. Logo, está in­convenientemente dito — do novo e do eterno, pois implica uma contradição.
 
5. Demais. — Devemos evitar aos outros, ocasiões de erro, segundo àquilo da Escritura: Tirai os tropeços do caminho do meu povo. Ora, certos erraram, pensando que o corpo e o sangue de Cristo só misticamente estão neste sacramen­to. Logo, na forma se acrescenta inconveniente­mente: mistério da fé.
 
6. Demais. — Conforme se disse, assim como o batismo é o sacramento da fé. E assim a Eucarisia é o sacramento da caridade. Logo, na for­ma se devia pôr, antes, caridade, que, fé.
 
7. Demais. — Todo este sacramento, tanto no concernente ao corpo como ao sangue, é um memorial da paixão do Senhor, segundo àquilo do Apóstolo: Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Se­nhor. Logo, na forma da consagração do sangue não se devia, mais do que na da consagração do corpo, fazer-se menção da paixão de Cristo, sobretudo que o Senhor disse: Isto é o meu corpo, que se dá por vós.
 
8. Demais. — A paixão de Cristo, como se disse, quanto à sua suficiência, aproveita a todos; mas, quanto à sua eficiência, aproveita a muitos. Logo, a forma devia dizer — será derramado por todos, ou por muitos, sem se acrescentar — por vós.
 
9. Demais. — As palavras com que se cele­bram este sacramento haurem a sua eficácia na instituição de Cristo. Ora, nenhum Evangelista refere às tivesse Cristo pronunciado. Logo, não é conveniente a forma da consagração do vinho.
 
Mas, em contrário, a Igreja, instituída pelos Apóstolos, usa dessa forma na consagração do vinho.
 
SOLUÇÃO. Sobre esta forma duas são as opiniões. Uns (Alex. Hal. S, Boav., P. de Tarant), disseram que da substância desta forma são só as palavras — Este é o cálice do meu sangue; mas não as que se lhe seguem. — Mas isto é inadmis­sível porque as palavras seguintes são umas de­terminações do predicado, isto é, do sangue de Cristo; e portanto pertencem à integridade da locução. E por isso outros dizem, melhor, que todas as palavras seguintes são da substância da forma. até o que depois se segue: — Todas as vezes que o fizerdes significativas do uso deste sacramen­to, sem fazerem parte da substância da forma. Donde vem que o sacerdote profere todas essas palavras no mesmo rito e modo, isto é, tendo o cá­lice nas mãos. Mas no Evangelho de S. Lucas, interpõem-se as primeiras, as palavras seguintes: Este é o novo testamento em meu sangue. Donde devemos concluir que todas as palavras referidas são da substância da forma. Mas as primeiras — Este é o cálice do meu sangue ­significam a conversão mesma do vinho no meu sangue, do modo que referimos na forma da con­sagração do pão. As palavras seguintes designam a virtude do sangue derramado na paixão, que obra neste sacramento. As quais têm um tríplice fim. — Primeira e principalmente, fazer-nos alcançar a herança eterna, segundo àquilo do Apóstolo: Tende confiança de entrar no santuário, pelo sangue de Cristo. E para significá-lo diz a forma: do novo e eterno Testamento. Segundo para a justificação da graça, que é pela fé, se­gundo aquilo do Apóstolo: Ao qual propôs Deus para ser vítima de propiciação pela fé no seu san­gue, a fim de que ele seja achado justo e justifi­cador de aquele que tem a fé de Jesus Cristo. Por isso na forma se diz: mistério da fé. — Terceiro, para remover os pecados impedimentos à heran­ça eterna e à justificação da graça, segundo aqui­lo do Apóstolo: O sangue de Cristo alimpará a nossa consciência das obras da morte, isto é, dos pecados. E por isso se acrescenta: Que será der­ramado por vós e por muitos para remissão de pecados.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A locução — Este é o cálice do meu sangue — é figurada. E pode ser entendida em duplo sentido: — Primeiro por metonímia, que põe o conti­nente pelo conteúdo, sendo o sentido: Este é o meu sangue contido no cálice. Do qual se faz aí menção, porque o sangue de Cristo é consagrado neste sacramento como bebida dos fiéis, o que não está incluído na idéia de sangue; donde a necessidade de ser isso significado pelo vaso acomodado a tal uso. — Em outro sentido, podemos tomá-lo metaforicamente, entendendo-­se pelo cálice, e por semelhança, a paixão de Cristo, que, como o cálice, inebria, segundo aquilo da Escritura: Encheu-me de amargura, embriagou-me de absinto. Donde o chamar o pró­prio Senhor à sua paixão, cálice quando disse: Passe de mim este cálice. De modo que o sentido da forma é: Este é o cálice da minha paixão. Da qual se faz menção, quanto ao sangue, reparada­mente do corpo consagrado; porque a paixão operou a separação entre o corpo e o sangue.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Como se disse, o san­gue, consagrado separadamente, representa de modo expressivo a paixão de Cristo. Por isso, na consagração do sangue, se faz menção do efeito da paixão, de preferência a fazê-lo na consagra­ção do corpo, que é o sujeito da paixão. O que também está significado nas palavras do Senhor — que será entregue por vós, quase dizendo ­que será sujeito à paixão por vós.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — O testamento é a dis­posição da herança. Ora, a herança celeste o senhor dispôs, que devia ser dada aos homens pela virtude do sangue de Cristo Jesus. Pois, como diz o Apóstolo, onde há um testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Ora, o sangue de Cristo foi derramado duas vezes pelos homens. — Primeiro, em figura, na vigên­cia do Testamento Velho. Por isso o Apóstolo conclui no mesmo lugar: Por onde, nem ainda o pri­meiro testamento foi celebrado sem sangue. O que é claro, pelo dito do Exodo: Moisés, depois de ter lido todas as ordenações da lei, aspergiu todo o povo dizendo: Eis o sangue do testamento que Deus fez convosco — segundo, foi derramado ver­dadeira e realmente, como o sabemos pelo Tes­tamento Novo. Por onde, o Apóstolo no mesmo lu­gar, tinha dito antes: Por isso Cristo é mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte, recebam a promessa da herança eterna os que têm sido chamados. Dai o dizer a forma ­diz — sangue do Novo Testamento, por ter sido derramado, não já em figura, mas verdadeira­mente. — Por isso se acrescenta: que será derrama­do por vós. — Quanto à inspiração interna, ela procede da virtude do sangue, porque somos jus­tificados pela paixão de Cristo.
 
RESPOSTA À QUARTA. — O Testamento Novo o é em razão da sua manifestação. Mas é conside­rado eterno, tanto em razão da eterna pré-orde­nação de Deus, como pela razão da herança eter­na, disposta por meio deste Testamento. Também a pessoa mesma de Cristo, pelo sangue de quem foi o Testamento disposto, é eterna.
 
RESPOSTA À QUINTA. — A palavra mistério é usada na forma, não por excluir a verdadeira realidade, mas por mostrar a sua ocultação. Pois, o sangue mesmo de Cristo está neste sacramen­to de modo oculto; e a própria paixão de Cristo foi figurada ocultamente no Testamento Velho.
 
RESPOSTA À SEXTA. — A expressão — mistério da fé — significa o quase objeto da fé; porque só pela fé sabemos que o sangue de Cristo está ver­dadeiramente neste sacramento. E também a paixão mesma de Cristo justifica pela fé, Quanto ao batismo, chama-se sacramento da fé, por ser uma protestação dela. — Mas este é o sacramento da caridade, pela figurar e produzir.
 
RESPOSTA À SÉTIMA. — Como dissemos, o san­gue, consagrado separadamente do corpo, repre­senta de maneira mais expressiva a paixão de Cristo. Por isso, na consagração do sangue, antes que na consagração do corpo, faz-se menção da paixão de Cristo e do seu fruto.
 
RESPOSTA À OITAVA. — O sangue da paixão de Cristo não só tinha eficácia para os judeus elei­tos, por quem era derramado o sangue do Testamento Velho, mas também para os gentios. Nem só para os sacerdotes, que celebram esse sacra­mento, ou para os que o recebem, mas também para aqueles por quem é oferecido. Por isso diz a forma sinaladamente — por vós, judeus; e ­por muitos, isto é, pelos gentios; ou — por vós, os que comeis, e — por muitos por quem é oferecido.
 
RESPOSTA À NONA. — Os Evangelistas não in­tencionavam transmitir as formas dos sacramen­tos que na Igreja primitiva deveriam ser ocultas, como diz Dionísio: mas intencionavam narrar a história de Cristo. – E, contudo quase todas as pa­lavras das formas podem ser deduzidas de diver­sos lugares da Escritura. Assim o dito — Este é o cálice — Está em S. Lucas e no Apóstolo. E Mateus diz: — este é o meu sangue do novo testamento, que será derramado por muitos, para remissão de pecados. – Quanto à expressão do eterno, e a outra mistério da fé, fundam-se na tradição do Senhor, transmitida à Igreja pelos Apóstolos, segundo o lugar: Eu recebi do Senhor o que também vos en­sinei a vós.

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